Ele só conseguia se lembrar dos olhos de Clara. E, ainda assim, não podia afirmar que eram mesmo suas lembranças e nem se Clara de fato existia. Quem havia misturado informações em sua mente, a ponto de apagar o nome de seu melhor amigo e criar novo...
É difícil conseguir novas tintas aqui em Santa Clara. Você precisa ser amigo do rei. E isso eu jamais serei. Prefiro me manter isolado, bem longe da podridão do poder. Vou tentar improvisar, usando a imaginação. Quase sempre funciona. Mas se não funcionar, eu posso tentar improvisar, usando a imaginação.
De uma forma ou da mesma, eu preciso fazer alguma coisa. Nem que não seja nada. Ou que seja nenhuma coisa. Os homens de branco continuam me pressionando a mudar. Dizem que será melhor pra mim. Eu conheço bem esse discurso. É pura demagogia. Seja lá o que isso for.
Pra você ter uma ideia, um tempo atrás, eu estava dormindo com um olho aberto e percebi um movimento estranho no meu quarto. Sabe o que era? Um homem de branco me espionando. Ele anotava coisas numa planilha. E agora, eles vêm com esse papo de eu me mudar pra um quinto. Negativo. Daqui eu não saio, nem arrastado.
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Este é o quarto intermezzo de Memórias de Quem. Se você ainda não leu os outros três, volte e leia para entender esta trama "paralela" do livro. Ela pode ser muito importante para desvendar o mistério da história principal.
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