As primeiras linhas de sua história, se bem escritas, podem fisgar o leitor. Por outro lado, se essas linhas apresentarem um texto pouco chamativo, incoerente ou mal revisado, o leitor pode presumir que o restante da sua história não valerá o tempo...
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Vários Começos
Preparar o leitor para o primeiro capítulo pode ser uma boa maneira de criar expectativa para a história que será apresentada. Geralmente, os autores utilizam prólogos, para destacar algum evento da trama, e, assim, aguçar a curiosidade do leitor. Porém, é preciso tomar cuidado para não estender essa preparação além do limite. Em "A Dama Primogênita", temos uma epígrafe com uma frase impactante narrada em primeira pessoa, a qual provavelmente é a protagonista. Em seguida, temos uma introdução, que narra um trecho da história; depois um prólogo, que narra um outro trecho — iniciado por outra epígrafe; e então o capítulo 1. Não dá para afirmar qual é a relevância estrutural de o livro começar com tantos fragmentos em seu começo, pois não o lerei até o fim, porém, se eles estiverem ali apenas para causar impacto e criar expectativa, é recomendável cortar alguma coisa, principalmente a introdução, já que o papel de introdução a uma história é exercido pelo prólogo.
Floreio excessivo
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Não há nada de ruim ao criar um estilo de escrita mais floreado, que tente apelar para a sensibilidade poética e subjetividade, no entanto isso também pode gerar um texto forçado, de leitura cansativa a longo prazo, no qual o(a) autor(a) parece estar sempre querendo embelezar o texto. E esse texto faz muitas curvas para descrever uma ação — "um derradeiro cigalho de temor ou honradez", "faminta por prazer e embriagada indecência", e isso em uma frase longa dificulta a compreensão do que está sendo narrado. Além disso, pouquíssimos leitores saberão o significado de "cigalho". Inserir uma palavra de uso incomum logo na primeira frase de uma história pode criar a impressão negativa de que a autora está sendo pedante.
Ainda o mesmo problema
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Nos dois parágrafos seguintes, o texto mantém esse estilo floreado, com adjetivos e advérbios procurando embelezar e potencializar o que está sendo narrado. Mantenho as críticas que fiz anteriormente. Por exemplo, vejo como desnecessárias nesse trecho: "indelével", "com verdade", "linda e intensamente", "celestinas", "tenebrosamente". Chamo atenção também para um vício de escrita, no qual a autora faz bastante uso da conjunção aditiva "e" para florear ainda mais o texto — "amontoado de dor e sofrimento", "de forma demasiada lenta e perturbadora", linda e intensamente", beleza e formosura celestinas", "pele sedosa e aveludada", "dóceis e azulados olhos" —, sendo esse um indício forte de que o texto está querendo forçar uma beleza poética que não é necessária.
Acredito que se a autora dosar melhor osadjetivos e os advérbios, ela conseguirá um resultado mais satisfatório, sem, entretanto,abandonar a veia poética da narração
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