As primeiras linhas de sua história, se bem escritas, podem fisgar o leitor. Por outro lado, se essas linhas apresentarem um texto pouco chamativo, incoerente ou mal revisado, o leitor pode presumir que o restante da sua história não valerá o tempo...
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Um começo fraco e com alguns problemas
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A primeira frase não é coerente, por motivo estrutural. Quando a narradora diz "Era manhã", um tempo mais exato deveria ser as horas desta manhã ou algum evento característico do período da manhã dentro do contexto da história. Não faz sentido se referir a uma data. No entanto, o acréscimo de um artigo em dois lugares dessa frase daria coerência a ela. "Era uma manhã, para ser exata, a de 22 de Janeiro". Observe que nessa passagem alterada, a narradora se refere a uma certa manhã, e então especifica a manhã de qual dia ele se refere.
Uma vez que a narração já imergiu no passado da personagem, dá para cortar "Desde aquela época", que o leitor vai entender que o que vem depois se refere ao tempo de quando ela tinha 7 anos. Eu também retiraria a vírgula em "Eu tinha 7 anos, e era conhecida...".
Como primeiro parágrafo, instiga pouco. A narração abre localizando algum evento no tempo, porém as frases seguintes apenas procuram dar um pouco de background para a personagem, sem dar nenhuma pista do que, de fato, aconteceu de relevante na manhã de 22 de janeiro.
Deve-se dizer coisas que importam no início de uma história
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O segundo parágrafo prossegue fornecendo mais background para a situação da personagem aos seus sete anos. Porém, como eu disse antes, o leitor ainda não sabe o que aconteceu na manhã de 22 de janeiro. Tanto, que a própria narradora confessa, no terceiro parágrafo, recomeçar a história repetindo a informação de que era de manhã. E isso é um problema. Pausar a narração do que realmente importa (segundo as palavras da narradora) logo nas primeiras linhas de uma história impacienta o leitor, pois a história mal começou e a narradora já está fazendo curvas para outra direção. Digressões podem ser utilizadas, mas para elas funcionarem, o leitor, primeiro, já precisa estar imerso na história, ou ele dificilmente aceitará essa pausa.
Sobre o parágrafo em si, algumas coisas me incomodaram. Ficou bem vago que "lixo de início da plantação" seria esse. E é estranho a narradora-protagonista chamar Felipe de "pequeno", quando ela na época tinha 7 anos e o garoto, 11.
O problema é estruturar melhor as informações
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No terceiro parágrafo, a história, enfim, apresenta alguma ação. A passagem mostrando a personagem indo até o curral deveria estar no primeiro parágrafo, pois seria a progressão natural após a narradora localizar a sua cena no tempo (uma manhã de 22 de janeiro). Daí, ao citar Fernando, poderia apresentar brevemente quem ele era, sem precisar escrever um curto histórico sobre a família dele. Depois, quando a narradora menciona seus desenhos, aquela informação sobre ela saber construir casas e sobre as pessoas acertaram sua profissão poderia encaixar-se aqui.
Enfim, os três parágrafos iniciais na história, se forem direto ao ponto, podem se tornar apenas um. A narradora começaria introduzindo o "quando" de um evento, desenvolveria o início desse evento e, então, fecharia o parágrafo com um gancho de suspense. Seria um bom parágrafo para capturar o interesse do leitor.
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