Quatro adolescentes com nada em comum se juntam em um clube secreto para resolver seus desafios pessoais. Juliana quer contar aos pais que é lésbica. Davi quer sair do bairro violento onde cresceu e publicar um livro. Maria quer superar a timidez. E...
Gabriel viu de relance, por um único segundo, um altar com milhares de fotos da Maria na casa de Damien. Quando Juliana resolveu alertá-la, as duas tiveram uma discussão.
Maria decidiu que queria conversar com Damien para esclarecer o que ela acredita ser um grande mal-entendido.
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Embora Davi e Gabriel tenham se estranhado no começo, a criação do Clube dos Jovens Quebrados fez com que eles se aproximassem aos poucos. Naquela tarde, eles estavam na sala do Gabriel, jogando videogame e conversa fora.
A casa de Gabriel sempre foi cheia de amigos e os seus nunca se importaram, mas esses tempos ficaram para trás. Mas depois da briga com Allan, os seus únicos amigos eram os membros do Clube. E o único membro do grupo que sabia jogar FIFA era Davi.
Enquanto estavam vidrados, encarando a tela da TV e apertando botões, Gabriel disse:
— Se você pudesse ser qualquer outra pessoa do mundo, quem seria?
— Donald Glover — Davi respondeu. — E você?
— Neymar, eu acho... E se você pudesse comer uma só coisa a sua vida inteira?
— Sei lá... pão.
— Sério? O meu seria sorvete de limão.
— Você morreria de diabetes, cara.
— E se você pudesse ficar com qualquer celebridade?
— Ficaria com a Alessia Cara, certeza!
— Eu escolheria a Beyoncé.
— Você não ficaria intimidado com a Beyoncé? Tipo, ela tem toda uma aura de deusa de outro planeta.
— Gosto de pensar que me sairia bem encarando o desafio — Gabriel soltou um muxoxo quando Davi fez um gol e pensou na próxima pergunta — E se você pudesse voltar no tempo, o que faria?
— Provavelmente, escolheria não nascer.
— Uau, que dramático!
— Vai julgar as minhas respostas agora?
— Longe de mim!
— E você, o que faria?
— Cara, eu provavelmente gravaria escondido quando o Allan me contou que inventou uma história para demitir a Milena. Sério, isso me tira sono. A gravação seria o suficiente para trazer a Milena e volta e ainda expulsar aquele idiota da escola!
Davi pausou o jogo.
— Ga... acho que você ainda pode fazer isso!
— Como assim?
— E se você voltasse ser amigo do Allan, conseguiria fazê-lo falar sobre isso de novo e, dessa vez, poderia gravar e teríamos a prova perfeita!
— Você está viajando, Davi. Eu não posso ser amigo daquele idiota!
— Não, mas pode fingir. Pensa nisso. Se você pedir desculpas e se fizer de tonto... há uma chance! — Enquanto Gabriel pensava, Davi fez questão de completar. — Talvez, a nossa única chance!
***
Maria roía as unhas e batia a ponta dos dedos dos pés no chão enquanto esperava Damien no shopping. Ele não demorou mais do que quinze minutos para chegar, mas, para ela, pareceu uma eternidade. Maria não sabia o que dizer e nem o que iria fazer, mas precisava fazer algo para não explodir. Ela só precisava de uma prova de que não estava louca, de que Damien era um cara legal e não um sujeito perigoso como os seus amigos insistem em repetir. Só assim teria um pouco de paz.
— Oi, gatinha — Damien se aproximou sorrindo — Onde está o fogo?
— O fogo? — Maria perguntou.
Eles se cumprimentaram com um selinho.
— Sim, para me fazer vir te encontrar com urgência no meio da tarde, só pode ter um incêndio acontecendo em algum lugar.
— Ah, não... nenhum incêndio...
O que falar? Como falar? Maria estava começando a se desesperar, pensou em sair correndo e desistir de tudo.
— Eu só queria... — Maria continuou. — Podemos ir para a sua casa?
— Agora?
— Isso.
— Você foi expulsa de casa?
— Não, é que..
— Por favor, fala logo. Estou começando a ficar preocupado com você!
— Eu não sei explicar! Podemos só ir para a sua casa?
— Não tenho nenhum problema e ter você na minha casa, mas não pode ser outro dia?
— Não, não pode! Vamos, por favor?
— Você está sendo muito, muito, estranha!
— Eu sei, só peço que você confie em mim e não fique fazendo perguntas, vamos para a sua casa?
— Isso é porque você disse que quer fazer sexo?
— Não é...
— Então é...
— DAMIEN, POR FAVOR! — Ela não queria gritar, nunca esperou-se que Maria fosse gritar alguma vez na vida, mas o dia chegou. Em um shopping lotado, no meio da tarde, com um monte de adultos a sua volta lançando olhares de reprovação.
— Você pode se acalmar? — Damien parecia assustado. — Se você quer tanto ir para a minha casa, sua esquisitinha, podemos ir agora!
E eles foram.
***
NOTA DO SALI
Olha, eu não vou falar muito, porque não posso. Mas, se você gosta do que escrevo, aconselho fortemente que me siga nas redes sociais e fique MUITO ATENTO a tudo que eu postar durante a semana do dia 27 ao 31. Repare nos detalhes e nas entrelinhas. É só procurar por @felipesali em todas as redes.
