FESTA

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Eu não estava no quintal da minha casa, alimentando a minha ociosidade, enquanto esfolhava como as paginas de doces do doce doce de escorpião . Repare, que meu retrato ondulado na água da piscina sumptuosa, era como se Salvador Dali me desfizesse naquela fantasia hipnotizadora.

Meus pais decidiram se afastar, eu estava de férias e, desde então, não resisti ao barulho da minha mente, ela me sufocava todos os dias «Luciana, dezenas de ler o livro do momento» até me dava calores. Ai me rendi e roubei coragem a minha curiosidade, emprestei minha alma ao capeta e me submeti a aquele mundo quente.

Mas tinha que ser com estilo, sim, com muito estilo, ou o dia a dia pedia uma coisa que me apagasse e nada melhor que o paraíso nesse quintal, lugar encantador, ou perfume da relva cortada e molhada dominava e impunha a sua delicadeza, ar puro, roçar sobre o meu corpo semáforo, abraçar pelo sol ou pela crista, calor abrasador me entregar aquela epopeia de luxo, suco de goiaba apimentado, tocar sensualmente nas minhas entradas, sim, eu gosto de suco de goiaba apimentado.

Aí, eu queria entrar naquele livro, em cada pagina ou em beijo de devassidão consumida minha essência, palavras ferventes e eu ali tão pouco, só, solitária, sozinha ... perdida naquela fantasia compartilhando meu livro secreto com uma piscina silenciosa que se protege pelo círculo de cadeiras de praia dando ao local um ambiente paradisíaco.

As palmeiras bem tentavam me abanar, mas meu abano era outro, melhor dizendo, eu ia queimar de tanto ler, senti um ar quente me invadindo, me namorando e pressionando meu in‑ terior do pescoço fugindo para baixo, eu retesei de tanto calor, uma corrente impiedosa pressionava meu quadril obrigando a me render a cada suspiro « oh, eu tinha que me entregar, oh, eu tinha que me entregar» o caldo começou a entornar sobre minha calcinha, fitei os lados e não avistei ninguém, meus dedos dos pés me doíam, me davam comichão, tremiam, pareciam que


estavam com caibras e aquele formigueiro atroz me tirava as forças, amoleci num instante.

Um homem.

Um homem foi o que pensei. Raios, para jogar futebol até ficam nas reservas e eu ali a sangrar de desejo e ninguém para acabar comigo. Onde estavam os bombeiros? Não são eles que apagam os fogos? Era verão ó santo e nenhum deles para apa‑ gar meu fogo. Que tédio. Mais um minuto e eu não respondia por mim e com medo de me acabar ali não tive escolha, atirei o livro no chão, despi a toalha que me envolvia, comecei a me sentir sufocada, aquilo não era um livro, era o capeta, meus seios pressionavam meu soutien, era o inferno, senti murros carentes bombando contra meu ventre como se alguém quisesse sair dentro de mim, fiquei com as pernas todas meladas, a transpira‑ ção aumentou, me encolhi toda e oscilei mesmo sem balanço, ó capeta, não tive escolha e me joguei na piscina.

Oh, eu tinha que combater aquele fogo, eu tinha que resistir a aquele fogo, eu tinha que apagar aquele fogo. Que incendio dentro de mim. Ó livro maldito, ó livro bom, livro pecaminoso.

Emergi das profundezas da Antártida, sai daquele batismo com estilo, minha combustão foi engolida naquele anto de água, olhei de viés para o livro e joguei uma toalha sobre ele, coisa doida, a minha carência por pouco deixou o livro me consumir em pleno dia, em pleno quintal.

o assassino de corações - Falsa SubmissãoWhere stories live. Discover now