O RELATÓRIO

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‑ Temos uma pista.

O inspetor apontou furiosamente para as imagens que ro‑ davam no pequeno ecrã. No interior, passava um vídeo sobre a devassidão que reinou na noite anterior, um espetáculo de jovens embriagados, amortalhados e empilhados na piscina do hotel palace. Os dois agentes olhavam‑no com medo observando o rugido da sua autoridade.

‑ Mas chefe, conseguiu localizar o suspeito?

Um dos agentes gaguejou movendo o medonho olhar para baixo. O outro, cruzou as mãos remetendo‑se ao silêncio.

‑ Sim, segundo a descrição do padre está ali o nosso homem – Apontou para o moreno de olhos flamejantes no ecrã. Um dos agen‑ tes percorreu metade da sala e serviu café para os três.

O inspetor, dominado pela impaciência, tamborilava os dedos na secretaria, recebeu o seu café, tentou matar a ansiedade que o dominava num só trago e pediu por mais. O outro agente até agora muito calado, despiu‑se do silencio para inquerir‑lhe.

‑ Como pode ter a certeza de que é ele o nosso homem?

Os dois agentes cravaram os olhares inquiridores medindo a reação, pulsação e razão do chefe, quando este cruzou as mãos em cima da mesa.

‑ Quando visitei o senhor padre na igreja da penha, ele revelou‑

‑me alguns traços do homem que procuramos, além da nacionali‑ dade, o nome, os olhos expressivos e a habilidade em arquitetar um assalto como aquele, revelou‑me um pormenor muito interessante. Aquela tatuagem de uma cruz no braço direito. Se ampliamos a imagem conseguimos visualizar melhor e ai obter a certeza de que é ele o nosso homem. Outro pormenor fundamental, recebi agora informação privilegiada do hotel.

Esta é uma lista das últimas pessoas que hospedaram‑se no hotel e como podem calcular, ai está Daniel Cortez na lista inqui‑ lino discreto e com poucos gostos.

Um dos agentes ficou subitamente de arma na mão antes do chefe ditar qualquer ordem. O inspetor meteu‑se então em pé


com uma expressão facial absorta cortando a respiração dos dois agentes. Foi então que bateram a porta delicadamente, salvando os agentes daquela atmosfera pesada. Um deles olhou para o chefe até este acenar‑lhe positivamente dando ordem para abrir a porta.

A menina de olhos redondos e de pele muito branca, entrou pela sala carregada de muitos papéis e algumas fotografias, pousou delicadamente em cima da mesa, apontou para algumas fotografias e começou a falar.

‑ Muito boa tarde senhor inspetor, aqui tem o relatório que me pediu e a extensa ficha criminal do nosso alvo. Encontrei tam‑ bém algumas fotografias dele em alguns sites sul‑americanos. Tenho ainda informação de que os Estados Unidos da América proibiram a entrada deste sujeito no seu território. Pertenceu a um grupo de traficantes sul americanos; aos nove anos foi apa‑ nhado com um carregamento de droga em miami; aos doze anos fugiu de um colégio depois de arrancar um olho ao guarda; aos 18 anos foi apanhado em Havana com seis passaportes falsos, há uma investigação em curso na Argentina por causa de outros crimes.

o assassino de corações - Falsa SubmissãoWhere stories live. Discover now