AFOGANDO MÁGOAS

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‑ Filha da puta! Põe mais cachaça nessa porra que eu hoje quero me atolar.

‑ O qué é isso novinha? Assim você vai encher a cara.

‑ Solta essa droga senão armo um barraco aqui...

‑ Está bem, está bem não precisa repetir madame...

Havia muito barulho na taberna e umas cantadas bem safadas chuviam para os meus ouvidos, mas eu ignorava, minha onda era outra, o objetivo principal seria encher a cara para afogar mi‑ nhas mágoas e me atirar na cama sem pertubações. Minha alma estava tão carente, no auge da minha mocidade eu fui vencida, vencida pela mão oculta que me roubava tudo, essa mão atacou sem piedade e me varreu como se fosse um vão inseto me redu‑ zindo ao pó e ali estava entregue as emoções.

A bebida podia não resolver minha mágoa, mas sempre po‑ dia dar uma aliviada, não importava o paladar o efeito era igual desde que tinha alcool, podia escolher das mais pesadas e me apagar, mas eu queria matar aquele parasita bem devagar, a noi‑ te suja ainda era uma criança.

"você é muito gostosa" ouvia e ignorava "que peitos firmes assim dá vontade de ser um bebé" era Booling o tempo todo não respeitando a minha condição. Afinal, qual era a minha condi‑ ção? O que sabiam eles sobre a minha condição?

Me assobiaram muito e a certo momento voltei a me sentir princesa, dava para relaxar um pouco e saborear as vaidades de um passado tão recente em minha vida. Mas não podia me iludir e entrar na onda deles, eles só queriam festa e eu sabia qual era a festa. Mas então porque fui parar ali? Porque me sentia hu‑ milhada, envergonhada, usada, suja e muito maltratada. Minha vida de glória tinha desmoronado como um castelo de areia destruido pela força de um tufão. Que desgraça! Oh vida des‑ graçada aquela que eu estava vivendo, absorvendo e tentando sobreviver. Pedi mais dois shot‑shots, matei‑os em dois tragos insanos, subiu a força do alcool em mim, mas minha resistência era de touro. Reclamei por mais para grande surpresa do garçon


que me olhava como se eu fosse uma mulher promiscua. Uma verdadeira prostituta‑rameira.

O bagulho é que me esquentava e me calibrava, estava me lixando para lição de moral.

Minha vida era uma verdadeira batota, eu fiz a assistência e Daniel me finalizou sem piedade. El bandido mostrou a realida‑ de nua e crua. Naquele balanço cruzei minhas pernas.

Um macho fogoso tentou me enchochar mesmo na cadeira ao pé do bar e apenas levantei e joguei bebida em sua face até que o garçon acudiu a briga.

Ele ficou muito nervoso me dando várias olhadas, mas eu nem estava ai, estava me borrifando para a sua cara de quem chupou limão, muito feio, o cara era muito feio, devia ser benzido para apagar tanta fealdade num só rosto.

‑ Se continuar assim eu chamo a policia, estou avisando é melhor se controlar porra!

‑ Ele não voltará a repetir a brincadeira, a senhora não acha melhor ir para casa.

Fico puta! Fiquei muito puta com as palavras daquele gar‑ çon débil mental tentando me dar lição de moral só porque me acudiu.

o assassino de corações - Falsa SubmissãoDonde viven las historias. Descúbrelo ahora