LISBOA

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Aeroporto.

Intimidado com a beleza do aeroporto da portela el ban‑ dido era beijado pelo ar gelado da Europa pela primeira vez, mostrando‑se radiante com o sucesso da sua missão. Agasalhou‑

‑se no enorme casaco que comprou no shopping leblon antes de embarcar na sua nova aventura, encantava‑lhe começar de novo longe de toda aquela confusão em que se tinha metido e num bocejo de vitoria consultou o relógio, eram catorze horas, dirigiu‑se para um café ansioso pela primeira refeição em solo português.

Sentado sobre a pequena esplanada fazia alguns acertos sobre o dinheiro que sobrou praguejando o agiota. Uma sandes mista e um sumo de laranja forte o acompanhavam combatido por algum frio que entrava na esplanada com alguma furia e de‑ cidiu aconchegar‑se melhor. Lembrou‑se vagamente de Luciana num sorriso sarcástico zombando da incompetência desta, mas se sentiu um pouco perdido por não ter aquela adrenalina das ultimas semanas e agora estava desnorteado. Entreteu‑se a ler um jornal desportivo ignorando alguma pressa, não tinha para onde ir, a sua agenda estava em branco, o tempo não era dos me‑ lhores, mas tempo era coisa que dispunha em excesso na nova jornada . Pediu mais um sumo de laranja para apreciar melhor o seu jornal, abriu‑se numa vã gargalhada ao lembrar da incompe‑ tencia da policia sul americana para o apanhar e foi se deixando envolver com as noticias dando uma pequena olhadela em busca de uma pensão para hospedar‑se, sabia que não fora emitido ne‑ nhum mandato internacional mas tinha que ser discreto numa primeira ocasião.

‑ O senhor vai desejar mais alguma coisa ‑ A voz certinha da portuguesa o deixou confuso, procurava algum açucar na sua fala.

‑ No. Gracias tudo bien hermosa.

A moça derreteu‑se com o elogio fazendo olhos de pirilampo, encolheu as mãos e retesou os musculos do corpo, pegou deli‑ cadamente na chavena e depois de tremer por alguns instantes


com a presença intimidante de Daniel, foi meio atrapalhada con‑ tinuar o seu trabalho, para Daniel ver e se divertir com aquele leve galanteio depois voltou‑se para o jornal muito interessado. Lisboa tinha muito para dar ao recém‑chegado e Daniel que‑ ria aproveitar toda mordomia. Meteu‑se a consultar a internet no ipad que trazia em busca dos locais mais requisitados. Estava euforico para dominar a cidade e descobrir o que ela tinha de bom para o oferecer mas antes precisava encontrar um lugar para instalar‑se. A praça de Espanha surgiu como uma boa opção, encontrando uma pensão discreta para a sua chegada também muito discreta, e foi para lá que se dirigiu assim que conseguiu apanhar o primeiro taxi numa viagem lenta acom‑ panhada pelo ar puro e acolhimento da cidade gelada mas que tinha aquele encanto europeu muitas vezes retratado em filmes

e algumas novelas.

O bafo de ar ainda mais gelado intimidou o moço assim que o taxi arrancou deixando mesmo a porta da pensão que escolheu para instalar‑se ficou muito agradado com o seu aspeto exterior e mergulhou cheio de fé para o interior onde foi bem recebido.

‑ Por favor, seja bem vindo vai desejar alguma coisa?

Uma senhora que aparentava ter uns quarenta anos o recebeu com voz de menina enquanto o latino perdia‑se contemplando a edificação, Daniel fisgou‑a de lado alarmado com a voz catita.

‑ Yo deseo um quarto, gracias muy belo aqui, linda habitação.

‑ Deseja um quarto para casal ou para solteiro?

‑ No.Solo, me gustaria um bom quarto, estou muy partido ‑ Fez um sorriso para a senhora.

‑ Tem três a sua disposição, quer em cima ou em baixo?

‑ Me gusta tudo arriba ou abaxo quero tomar um banho e

dormir.

‑ Eu vou já providenciar isto, se quiser sentar‑se esteja a von‑ tade por favor, dá‑me um minuto.

A senhora desapareceu deixando o latino mais a vontade com este muito atento ao que passava na televisão portuguesa enquanto dava sinal ao seu ipad para hibernar.

‑ Arranjei‑lhe um quarto otimo e com boa vista, estive a veri‑ ficar e está tudo preparado para o seu banho de água quentinha. Agradeço‑lhe apenas uma identificação, a sua assinatura tam‑ bém. Aqui tem a tabela de preços.


‑ Gracias, muito obrigado, adorei o local é muito legal. Acho que vou me divertir muito aqui em Portugal.

‑ Hum... vejo que está ansioso para conhecer a cidade, o se‑ nhor viveu no Brasil ou tem familia brasileira?

O latino incomodou‑se um pouco com a pergunta, mas depois de medir a energia que a senhora libertava respondeu.

‑ Yo vivia em Brasil ‑ Bocejou quase vencido pelo sono ‑ Mas ahora penso que vim para ficar ‑ Rascunhou a sua assinatura e sem olhar para tabela de preços pediu reserva para um mês

‑ Abriu a carteira e depois de saber o preço pagou com dolares que trazia numa pequena carteira.

A senhora maravilhou‑se com a excentricidade do recém‑ chegado.

‑ Esteja a vontade, bom descanso.

Daniel subiu as escadas muito sonolento, abriu a porta do quarto e sobre o espelho fez um sorriso amarelo.

‑ Una nova aventura me espera, vou conquistar essa cidade...

o assassino de corações - Falsa SubmissãoWhere stories live. Discover now