27~Sempre...

1.1K 106 19
                                    

.
.
.
Elizabeth Grimes.
.

O disparo preencheu o silêncio da noite. Fechei meus olhos com força. Eu só quero que tudo acabe. Eu quero voltar aos meus sete anos, quando eu sonhava com monstros e corria para Rick me acalmar.

Eu só quero voltar a minha vida normal, sem precisar assistir um amigo morrer.

Eu só quero paz.

O choro saiu mais forte. A dor me atingiu em cheio, senti Rick apertar o abraço.

Meu peito apertou, minha cabeça parece querer explodir. Rick afrouxou, mas eu não quero que ele vá.

O apertei mais e ele beijou minha cabeça. Quando Rick saiu outra pessoa entrou. Outros braços fortes me envolveram. Daryl.

O mesmo me apertou colocou uma de suas mãos em meu cabelo, acariciando alí.

Eu não foco em nada além da dor. Essa dor que eu não sinto faz onze anos. Achar que perdeu alguém já dói. Eu acho que perdi Eliot e Henrico.

Porém, assistir é diferente. Eu assisti Dale morrer. Eu tenho a certeza que ele morreu, e a certeza que ele não vai voltar.

Com os olhos ainda fechados. Sinto meu corpo ser carregado.

Meu corpo foi colocado em uma superfície macia, os dedos de Daryl voltaram para meus cabelos. Abri um pouco os olhos e vi o mesmo me olhando.

-Dorme...—Ele disse quase em um susurro.

Minha cabeça está pesada, eu não consigo assimilar as coisas. Fechei meus olhos e senti eles queimarem.

Eu só quero segurança, quero minha família segura, quero que meus sobrinhos cresçam em um lugar seguro.

Eu só quero paz...

[...]

Uma movimentação ao meu lado me fez despertar, abri os olhos devagar encontrando o caipira mechendo em sua mochila.

Daryl havia me levado para a barraca dele.

O mesmo deve ter percebido que eu acordei pois virou um tanto surpreso.

-Desculpe, não queria te acordar.

-Tudo bem.—Falei fazendo um jesto displicênte com a mão e sentei.— Eu durmo com Pietro, esqueceu? Acordar sem querer com barulhos é normal pra mim.

Daryl concordou um pouco e largou a mochila sentando ao meu lado.

-Como 'cê tá?—Ele pergunto com seu sutaque sulista em cada sílaba.

Como eu estou? Nem eu sei. Eu sinto um furacão de sentimentos, não consigo destinguir quais. Mas um eu conheço muito bem, solidão.

Dale nem era tão próximo de mim, mas eu o respeitava, eu respeitava como um pai. Ele me lembrava o meu.

É incrível como qualquer homem como Dale e Eliot me fazem lembrar dele. Eu senti a mesma coisa no dia que acordei naquele hospital horrível.

Eu não estou sozinha. Tento repetir isso como um mantro. Preciso lembrar disso ou irei me perder de novo.

-Não sei.—Falei sinsera para ele.—Eu me sinto sozinha...

Eu conto a verdade? Falo tudo? Ele vai continuar alí se eu contar?

-Você não está sozinha. Eu estou aqui.

"Eu estou aqui."

É... você está. Por quanto tempo mais?

-Quando eu estava perto de fazer desessete anos, eu falei para meus pais que não queria festa e sim um almoço em família. Minha mãe odiou a ideia, ela amava festas.—Soltei um suspiro sentindo o nó na garganta.—Mas ela aceitou, pesquisei lugares e encontrei um ótimo em Dawsonville. Viajariamos três dias antes. E assim fizemos...

Love Between Arrows-Daryl DixonWhere stories live. Discover now