40~Até depois do fim

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Elizabeth Grimes.
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Fazia exatas três horas que os rapazes saíram com os presos e eu não tinha nenhuma notícia.

Eu estava organizando as comidas na cela, tirei os dois colchões da beliche com ajuda de T-Dog e agora eu enfileirava os alimentos.

Na verdade eu estava apenas enrolando, não deveria enfileirar alimentos porque eles ficariam nas caixas, porém eu preciso de algo para me distrair. De longe eu ouvia o choro baixo das meninas e eu não tenho coragem de sair dessa cela e saber o estado dele.

-Está tudo bem?—A voz de Glenn me fez pular.

-Quer me matar do coração criatura?—Virei para o mesmo indgnada. Respirei fundo tentando controlar minha respiração.—Eu que deveria te perguntar isso.

-Ele está respirando.—Glenn disse tirando um pote de doce de leite da minha mão e me puxando para sentar, o coreano me estendeu uma colher e abriu o pote.—Levamos um susto com uma reação que ele teve, sabe. Ele acordou e depois caiu novamente.

Glenn enfiou a colher no doce e me estendeu para pegar.

-Mas aí ele acordou de vez, faz dez minutos. Ele está totalmente lúcido.—Glenn me olhou e sorriu.—Eu vim te avisar e te encontrei totalmente no mundo da lua, foi mal pelo susto.

-Eu estou preocupada, apenas isso.—Falei

Sorri para o coreano que retribuiu. Encostei minha cabeça em seu ombro e continuamos comendo.

Eu acredito que o apocalipse me trouxe coisas boas apesar de tudo, Glenn é uma delas.

Ele foi um dos primeiros a vim falar comigo do grupo do Rick, enquanto o resto ainda desconfiava de mim e do Pietro. Glenn foi um dos melhores presentes que eu ganhei na vida.

Eu não culpo a desconfiança dos outros, eu também teria.

Um barulho de ferro nos fez ficar de alerta.

-Deve ser alguma coisa na cela.—Glenn disse se levantando.—Vou lá ver.

O mesmo enfiou a colher na boca e saiu apressado, voltei a atenção para o doce e me apressei a comer. As únicas coisas que podem me salvar da loucura, doces e pêssegos.

O tempo passou bem rápido, mais do que eu esperava. Carol veio até a cela pegar comida para preparar o jantar enquanto eu continuei no chão me enchendo de doce.

Um barulho lá fora chamou minha atenção mas eu apenas ignorei.

-A comida mal chegou e você já atacou.—Uma voz grossa me fez virar para a porta.

Coloquei o pote de lado e pulei nos braços do homem na minha frente, Daryl envolveu minha cintura com seus braços.

-Fiquei preocupada.—Falei em seu ouvido.

-Estamos todos bem.—Respondeu da mesma forma, me soltei e olhei para o mesmo.—O jantar está pronto, vamos.

Daryl me puxou até o refeitório do nosso bloco onde todos já estavam sentados.

-Fiquei sabendo que a senhorita comeu doce antes do jantar.—Lori falou me entregando duas tigelas de ensopado.

-O Glenn também.—Falei estendendo uma para Daryl. O coreano me olhou emburrado.

Sentada na escada de entrada do bloco eu posso observar minha família reunida. Sophia e Carl conversavam sobre gibis com sorrisos enormes, Maggie e Beth estavam na cela com o pai. Pietro, Glenn e Johnny tinham uma conversa dobre carros. Rick, Daryl e T-Dog falavam aos cuchichos mas eu não me apeguei a isso.

Carol e Lori conversavam sobre a vida e Clarie comia ao meu lado.

-Acha que vai dar certo?—A mais nova me perguntou.

-Acho.—Falei olhando para os grandes olhos castanhos.—E se não der... a gente faz dar certo.

Clarie me deu um sorriso caloroso e voltou a comer. Apesar de ter minhas proprias dúvidas sobre minha fala, eu sinto que tenho que passar confiança para ela.

Clarie enfrentou o inferno com Johnny até chegarem a fazenda, logo depois descobriu que sua família estava morta e dias depois tudo virou cinzas. Ela precisa de esperança.

Depois de terminarmos de comer eu ajudei Carol a organizar tudo e segui até a cela dos pirralhos.

-Ei, Carl.—Chamei meu sobrinho que se virou.—Quero conversar com você.

Andei até a escada com o garoto e sentamos.

-Vai brigar comigo, não é?—Carl falou baixinho sem me olhar.

-Não.—O menino me olhou um pouco confuso.—Vamos apenas conversar.

Carl levantou aqueles olhinhos brilantes e apaixonantes para mim.

-O que está acontecendo, Carl?—Perguntei para o pequeno.

Eu tinha uma pequena ideia do que é. Carl é apenas um garoto que está perdendo a vida por conta de toda essa merda. Isso é traumatizante para mim que sou uma adulta imagine para um garoto.

-Eu tô com medo.—Falou baixinho e eu vi as lágrimas transbordarem em seus olhos.—Com medo de perder você, a mamãe, o papai, a Sophia... medo de perder todo mundo e ficar sozinho.

Ok, o buraco é bem mais em baixo.

-Eu fui na enfermaria buscar coisas para a ajudar o Hershel e a mamãe brigou comigo.—Carl disse tirando o cabelo dos olhos.—Eu só queria ajudar.

-Carl... —Falei tirando o chapéu do mesmo e levantando seu rosto para me olhar.—Eu te entendo. É horrível se sentir assim, sentir que você não consegue ajudar.

É difícil falar esse tipo de coisa para um menino de treze anos.

-Mas a sua mãe só ficou preocupada com você. Você não quer perder ela e ela não quer perder você.—Acariciei a bochecha do meu pirralho.—Eu prometo que vou fazer o que eu puder para manter nossa família bem e unida.

Carl me olhou concordando e sorriu um pouco, uma lágrima solitaria desceu pela bochecha rosada do menino. Abraçei o garoto com força e afaguei seus fios castanhos.

-Eu te amo, Carl.—Falei baixinho no ouvido do mesmo.

-Eu te amo, tia Lizze.—Ele se afastou e beijou minha bochecha.—Até depois do fim.

O garoto se levantou e andou até a cela. Eu sinto meus olhos arderem e sei que são as lágrimas que querem descer. É uma promessa arriscada mas eu não posso perder ele, não posso.

Me levantei e andei até o refeitório dando de cara com T-Dog que entrava no bloco.

-Acordado a essa hora, Theodore?—Perguntei saindo das sombras do refeitório fazendo o mesmo pular de susto.

-Que susto menina. Eu estava na vigília.—T-Dog falou com a mão no peito.—E você sabe que eu não gosto de ser chamado assim.

T-Dog ergueu o dedo em riste e me deu um pequeno sorriso.

-Ah, o Daryl pediu para te chamar.—Ele sorria maliciosamente.—Ele tá na torre três.

Ele se virou indo para as celas.

Me virei saindo do bloco e avistei Daryl no alto da torre com sua inseparável besta observando a floresta a frente.

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Love Between Arrows-Daryl DixonOnde as histórias ganham vida. Descobre agora