24 - Cross my heart.

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Uma semana depois

O dia amanheceu diferente de todos os outros desde que eu cheguei em Los Angeles. Frio, nublado, com uma chuva fraca. Era como se o tempo soubesse que hoje eu estaria voltando para Nova Iorque contra a minha vontade. Parece aquelas cenas de filmes, quando o drama chega na história. Os efeitos mudam, as cores ficam mais escuras e o clima meio melancólico. O problema é que isso não é um maldito filme.

Camila estava sentada em um dos batentes em frente a sua casa enquanto eu terminava de colocar as malas no bagageiro do carro. Ainda teria que me preparar psicologicamente para uma viagem de 46h, sozinha, e deixando para traz alguém que eu não queria deixar nunca. Deveria ser tão difícil assim? Ah, vamos lá! Faz apenas um mês e meio que nos conhecemos, não deveria ser desse jeito.

Ela parecia triste e se recusava a me olhar, então, quando terminei com as malas, sentei ao seu lado e encarei o mar a nossa frente da mesma forma que ela estava fazendo. Eu conseguia contar nos dedos a quantidade de palavras que Camila disse desde quando acordamos e aquilo me deixava mal. Estava me sentindo péssima por ter que ir embora porque eu realmente amei esse tempo em Los Angeles e porque eu gosto muito de Camila, mas eu definitivamente não imaginei que ela se importasse tanto comigo.

— Obrigada por ter me ajudado tanto durante esse mês. Por ter me mostrado a cidade, por ter aberto os meus olhos... Por tudo. - falei ainda sem olha-la.

— Não precisa agradecer. - foi tudo o que ela disse.

Eu não queria admitir, mas aquilo me deixou frustrada. Agora, mais do que tudo, eu queria ouvi-la falar alguma coisa. Queria, pela primeira vez, ter conhecimento de seus sentimentos. Queria conseguir entende-la.

— Eu preciso ir. - ela me olhou, mas eu não conseguia decifra-la. Argh!

— Ta bom. - Camila se levantou antes de mim, mas ao contrário do que eu esperava, ela entrou em casa.

Por um momento eu achei que ela não fosse se despedir, mas a mesma voltou em menos de um minuto com uma caixinha em mãos.

— O que é isso?

— Algo para você se lembrar de mim. - tentei abri-la, mas Camila me impediu — Só abra quando chegar em Nova Iorque.

— E o que eu faço com a curiosidade? - ela riu.

— Controle-se, por favor.

— Tudo bem.

Fui até o carro, abri a porta do passageiro e coloquei a caixinha no banco, para depois tornar a fecha-la. Se Camila não quer que eu abra até chegar em Nova Iorque, não vou abrir.

— Não queria que você tivesse que ir agora. - ela disse, se aproximando.

Eu a abracei com toda a calma do mundo e passei minhas mãos pelas suas costas enquanto permanecia com a cabeça escondida na curva de seu pescoço por longos segundos.

— Nem eu, mas são quase dois dias de viagem. Eu preciso parar em hotéis do meio do caminho e... Enfim, é cansativo.

— Eu entendo.

— Ok, então... Como as pessoas costumam se despedir? - Camila riu mais uma vez.

— Eu não faço a mínima ideia. - ela disse antes de segurar meu rosto entre suas mãos e me beijar com calma.

Eu segurei sua cintura firmemente, fazendo questão de puxa-la para mais perto. Arfei contra seus lábios quando nossos quadris se tocaram e na mesma hora senti uma de suas mãos agarrar meus fios de cabelo. Eu empurrei Camila contra o carro e levantei uma de suas pernas para me encaixar melhor em seu corpo. Nossas línguas se tocavam em perfeita harmonia e aquilo enviava vibrações dolorosas para o meu centro de prazer, mas eu sabia que não era hora pra isso.

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