CAPÍTULO 1 - QUARTA-FEIRA

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Rodovia SP-300, mais conhecida por Marechal Rondon. Milhares de carros, motos, caminhões e ônibus circulam por ela todos os dias, sem parar. Ao longe estas mesmas pessoas avistam de suas janelas, fábricas grandes e outras nem tanto, além de algumas poucas casinhas que se destacam entre a mata semifechada e os campos verdes e abertos. Os animais também costumam aparecer em abundância nesses campos. Ao longo do caminho essa rodovia passa por cidades conhecidas e turísticas, além de outras tantas não muito grandes, das quais não conhecemos os seus nomes e muito menos como os povos de lá vivem.

Em meio a matos e árvores, um pequeno trecho de estrada se estende camuflado entre a mata que cresce sem a devida aparagem. Seguindo por esta estrada bastante escondida, pas-sando por um grande declive, quase uma serra, encontra-se uma dessas cidades pequenas e distantes até mesmo da rodovia. É Miraranquara. Ela mal é vista, mesmo à noite quando suas luzes se acendem para o povo que vive lá. Esse desvio quase imperceptível por causa do vasto matagal que a encobre também não é devidamente sinalizado, o que torna a sua localização quase impossível.

Mas a população daquele lugar não tem queixas de sua cidade, pelo contrário, embora não seja um lugar grande e curioso, nem possua objetos de tamanho elevado, variedades em bordados ou não seja famoso por seus frutos, Miraranquara é amistosa e contém tudo que uma cidade mais desenvolvida possui. Desde um hospital enorme muito bem equipado com ins-trumentação de primeira linha e quartos grandes o bastante para receberem inúmeros pacientes confortavelmente, além de médicos especializados que garantem o bom atendimento; para os casos menos urgentes, há dois postos de saúde, sendo um deles bastante grande e quase tão equipado quanto o hospital. Ele atende casos não tão graves e diminui a carga de atendimento do hospital municipal. Na parte da segurança, embora haja apenas uma delegacia da polícia civil e um batalhão da polícia militar, ambos são bem equipados com excelentes armamentos e agentes suficientes para cobrirem toda a extensão da cidade através de viaturas, a pé e com diversos postos policiais espalhados em todo lugar. O número de escolas também é pequeno, no entanto as duas instituições vão do ensino infantil ao médio; divididos em blocos individu-ais para cada nível de ensino. Por fim, existem os estabelecimentos comerciais e de manufatu-ras, que vão de lojas de roupas masculinas e femininas, sendo muitas delas da moda e chiques; há ainda uma grande linha de cama/mesa/banho, de eletrodomésticos, eletrônicos, etc., além de grandes supermercados recheados de produtos alimentícios e de higiene de diversas marcas que agradam a todos os gostos e bolsos. As pequenas fábricas da cidade são as maiores ajudas para o comércio de lá, pois são elas que abastecem diversas dessas lojas, bares e mercados através de suas produções. Já cada um desses prédios comerciais, imóveis residenciais, ruas e calçadas são mantidos graças à boa vontade e a cooperação sempre prestativa de toda a população que cuida bem de cada pedacinho de seu município.

Muitos desses cuidados e ajudas são adquiridos durante os eventos festivos, onde o povo costuma montar bazares, gincanas e fazerem diversas doações a fim de levantarem di-nheiro para a cidade. Ou seja, a maior renda de Miraranquara passa a ser então, não dos repas-ses das verbas estaduais e nem do turismo que é quase nulo, e sim do próprio povo através das suas festas. Todos se sentem gratos e honrados em poderem gastar nesses eventos, pois todo o dinheiro é revertido para eles mesmos em equipamentos hospitalares, educacionais, de segu-rança e de trânsito. Os próprios donos de lojas, mercados e fábricas sentem-se especiais em poderem doar algo nas ocasiões festivas. E é desta forma que o povo de Miraranquara gosta de viver. Sozinhos em relação ao restante do estado e com pouca ajuda de fora, mas donos da própria cidade.

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Como todo dia, as horas vão passando e a noite chegando ao fim. Pouco a pouco a lua começa a se esconder enquanto o sol vai tomando seu lugar no firmamento. As pessoas saem de suas camas e se preparam para encararem mais um dia. Dentre elas estão as crianças, que lutam para não deixarem a cama e estudarem e os adultos, que se dirigem para seus afazeres.

Sob os olhos da MorteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora