Capítulo Dois

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Manuela

A reunião foi como esperada e graças a Deus alguma coisa na minha vida ainda ia bem, pelo menos o meu trabalho estava seguindo como o desejado. Pois desde a separação uma maré de coisas ruins me atingiu e as vezes tinha impressão de que as ondas iam me submergir.

-Manuela, com licença! –Pedro falou abrindo a porta do escritório.

-Tudo bem, algum problema.

-Sim, parece que a Juju ficou com febre e levaram ela para o hospital. –Meu coração gelou ao ouvir isso. –Parece que ligaram pra você, mas estava desligado.

-acabou a bateria, em qual hospital ela está? –falei olhando par ao meu celular apagado em cima da mesa.

-Central.

-Estou indo para lá.

Peguei a bolsa e as chaves do carro e corri em direção ao hospital, eu não tinha notado nada diferente mais cedo, mas com criança tudo é imprevisível eu tinha aprendido isso com os 3 anos de vida da minha filha, cada momento uma novidade, ás vezes nem tão boa.

Estacionei poucos segundos depois de Pedro e o vi sair do carro e parar na porta do hospital, ele estava me esperando e eu percebi. Assim que passamos pela portaria encontrei senhorita Isabele a professora da minha filha juntamente com minha ex-sogra.

-Como ela está? –Perguntamos juntos, mesmo que sem intenção.

-Os médicos não nos deram informação, mas vocês são pais eles devem falar alguma coisa.

Entramos na sala e encontrei minha pequena com acesso na mãozinha já recebendo soro enquanto uma enfermeira sorridente conversava com ela.

-Quer dizer que você é uma princesa-fada-bailarina? –a mulher perguntou sorrindo.

-Sim! –Falou sorrindo, mas seus olhinhos estavam caídos.

-Mamãe! –Gritou estendendo os braços para mim. –Papai! sorriu largamente unindo nós dois com seus bracinhos pequenos fazendo com que nos abraçássemos.

-Você está sentindo alguma coisa meu amorzinho? –Pedro perguntou beijando os cabelos dela enquanto eu segurava uma de suas mãos.

-Um pouquinho de dor de cabeça e aqui ó! –Falou apontando para a garganta.

-Olá! –O médico entrou no quarto. –Essa princesinha deu um susto em?

-Sim! –Eu respondi.

-Essa pequena está com uma virose, o que causou a dor de cabeça, febre e a inflamação na garganta e por isso tudo tão de repente.

-Ela vai precisar ficar aqui?

-Não, ela está recebendo a medicação no soro e logo depois pode ir para casa, o ideal é ficar observando ela, hidrata-la bastante.

-Pode deixa! –Eu respondi.

Assim que o Dr. Saiu depois de mais algumas recomendações ficamos conversando com Julia até que ela adormecesse.

-Ela é linda e bem falante. –Uma mãe que acompanhava o filho falou sorrindo.

-Verdade, fala muito puxou ao pai. –Falei sorrindo, apesar de sermos advogados e falarmos muito por conta disso, Pedro sempre foi mais falante que eu.

-Vocês fazem um belo casal. –A moça falou sorrindo. –Ela parece bastante com vocês.

-Nós não.... é....não...-Tentei falar, mas me embolei com as palavras.

-Me desculpe! –A moça entendeu a situação.

-Tudo bem, mas sim ela parece muito com a gente. –Ele respondeu.

Julia tinha os olhos azuis do pai, o mesmo tom, o mesmo brilho, o mesmo nariz afilado e a mesma pintinha do lado esquerdo do nariz. Mas também tinha os cabelos escuros quase pretos em longos cachos até os ombros, a pele clarinha e a boca carnuda com eu. Ela era nossa mistura a coisa mais maravilhosa que fizemos juntos.

Pedro

Eu nunca quis me separar de verdade, mas a relação chegou a um nível que eu não suportei mais e sai de casa. Pensei em ficar por causa de Julia, mas eu não podia permitir que ela vivesse num lar cheio de brigas e discussões, era melhor para ela ter os pais separados do que juntos.

Viver esses seis meses sem Manuela estava sendo difícil, ela era minha melhor amiga e era para ela que contava minhas vitórias e frustações, com quem dividia todas as coisas até tudo desandar.

Vê-la abraçada a nossa filha fez meu coração se apertar dentro do peito, eu ainda amava aquela mulher, mas sabia que não dávamos mais certos juntos.

-Posso deixa-las na sua casa. –Falei.

-Não precisa eu vou no meu carro para nossa casa. –Falou séria.

Assim que ela deu partida no carro com nossa filha na cadeirinha no banco de trás eu entrei no meu e dirigi até em casa. Tomei banho e deitei na cama eu não tinha vontade de ir para igreja para receber o olhar de pena ou de acusação das pessoas isso já tinham tirado minha paciência, eu realmente não precisava disso.

-Char?

-Oi Maninho, qual a burrada da vez?

-Até você Charlotte?

-Estou brincando Pedro. O que foi?

-Está ocupada? Indo pra igreja?

-Não, não tem culto hoje. Porque?

-Preciso da minha irmã um pouquinho.

-Saudades da Manu?

-Saudades da minha filha.

-Sei. Estou indo para aí.

Assim que Char chegou eu deitei a cabeça em seu colo e fiquei em silencio, eu e minha irmã nos comunicávamos de uma forma diferente e eu não tinha tanta sintonia assim com mais ninguém além de Manuela.

-Eu sei que você acha que não tem mais solução para vocês e blá blá blá..., mas mano eu vejo de perto o quanto vocês dois estão sofrendo com tudo isso, seis meses passaram e nenhum dos dois ainda superou e sei que não vão superar, vocês se conhecem há mais de 20 anos, estão juntos há 8 anos e estão jogando toda essa relação no lixo, aliás, você está jogando tudo isso no lixo. –Ela frisou a palavra.

-Eu não estou jogando nada no lixo, apenas acabou e a gente tem que achar um jeito de superar.

-Você é um babaca! –Ela falou dando um tapa de leve na minha testa e em seguida afagou meus cabelos. -Eu realmente não entendo como a história de amor de vocês pôde acabar assim.

-Nem eu. –Falei.


Continua...

RestituiçãoWhere stories live. Discover now