capítulo treze

1.1K 100 4
                                    

-Vai ficar tudo bem , linda! -Falou fazendo cafuné em mim. 

E eu realmente gostaria de confiar tanto ou mais que ele. Mas eu ainda estava com medo, com muito medo para ser sincera. Nosso bebê nem tinha nome, nós  nem sabíamos se seria uma menina ou um menino e ele  (a) já estava com risco de vida. E isso me doía muito, era como se me dissessem que eu era  incapaz de manter meu bebê  em segurança.

As semanas que passaram foram horríveis  eu mal podia levantar da cama para ir ao banheiro, Julia só podia me ver nos finais de semana quando minha sogra a trazia. Meus pais tiveram que ficar na minha casa para poder cuidar de tudo por lá e ficarem mais perto para me visitar, Pedro estava exausto, seus olhos estavam cansados e olheiras marcavam sua pele  clara, ele fica a amanhã no escritório e o resto do dia comigo, dormia todas as noites numa poltrona no quarto, às vezes por muita insistência ele deitava na cama comigo. Somente quando ele estava ao meu lado eu conseguia sorrir e me sentia mais tranquila.  Eu nunca soube explicar, mas Pedro sempre fez eu me sentir segura e protegida, ao seu lado sempre me sentia em paz.

-Linda? -Pedro me chamou ao entrar no quarto do hospital. Eu estava tentando esquecer a dor que sentia no pé  da barriga, não tinha sangramento e eu não queria tomar mais remédios, mas a dor já estava num grau muito forte.

-Oi! -Falei num gemido, a dor tinha aumentado.

-Linda, você está com dores?

Apenas acenei em afirmativo e senti Pedro beijar minha testa e logo a porta do quarto foi batida. Em segundos uma enfermeira e a médica que acompanhavam  entraram pelo quarto .

-Vamos fazer uma ultrassonografia, Manuela.

-Tudo bem!

Fui levada até outra sala e lá ela me examinou por 5 minutos no máximo e eu percebi que sua feição estava diferente, ele estava preocupada, aflita e isso me desesperou eu já imaginava que algo de ruim estava acontecendo só não queria acreditar.

-Manuele, Pedro eu não consigo ouvir os batimentos do feto.

Cada segundo depois daquela frases passaram em Câmara lenta. Meu bebê estava morto? Morto?

-Você pode repetir o exame?fazer outros? chamar outro médico? ...-Pedro falou ríspido como nunca o vi falar, ele segurava minha mão tentando me passar força, mas eu sabia o quanto ele estava sofrendo.

***

Pedro

Eu pedi a médica para repetir os exames e isso foi feito, ela fez novamente a ultrassonografia na presença de outra obstetra e as duas afirmaram o que eu e Manu Jamais imaginamos ouvir na vida.
Nós seríamos pais de um menino que tinha acabado de morrer antes mesmo de ver a luz do mundo.

-Eu sinto muito Pedro, mas seu bebê morreu.

Voltei para o quarto de Manu de onde  tinha saído para conversar em particular com as médicas. Eu não sabia como dizer isso a ela, não sabia como diminuir a dor que ela sentiria. Eu faria tudo que estivesse ao meu alcance para sentir toda dor da minha esposa e da minha filha, mas não podia.

Entrei no quarto e tive os olhos cheios de expetativas de Manu sobre mim, ela queria uma boa notícia, eu também.

-Era um menino, mas ...

-Era?

-Sim, ele voltou para Deus.

-Naaaaasão! Não! Meu filho não! - Ela gritou com as mãos no ventre.

Eu a abracei e deixei as lágrimas cair eu precisava ser forte , mas que tinha liberar a dor da minha alma. 

CONTINUA....

RestituiçãoWhere stories live. Discover now