Capítulo catorze

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Manuela

Nós tínhamos voltado do culto com Julia, colocamos ela para dormir e depois de muito adiar sentamos de frente um para o outro na cama do nosso quarto.

-Eu te amo! -Falei com toda sinceridade do mundo.

-Eu também te amo, amo desde que você  era só  uma menina magricela. - Ele falou sorrindo segurando minhas mãos. -Por onde vamos começar?

-Pelo começo ! -Falei apertando sua mão.  - Quando perdemos nosso menininho eu sofri demais... eu achei que Deus não me amava, me senti sozinha depois que saímos do sepultamento.

-Você pediu para ficar sozinha, e eu...

-Eu sei, mas eu estava fragilizada Pê, tudo que  eu queria era encontrar paz, queria que aquela dor sumice, queria ser abraçada  e ao mesmo tempo me culpava por estar segura em alguém e não ter podido manter meu filho em segurança, por isso eu te afastei, te rejeitei. Eu estava  oprimida com tudo que vivemos foram meses  sufocando as dores carnais e as interiores, eu achei que Deus não me amava, que Ele era um pai perverso, eu o culpei, eu me culpei, eu te culpei.  Hoje eu sei que ninguém tinha nenhuma culpa disso e que você estava sofrendo na mesma intensidade que eu, mas ter ouvido de você que o nosso filho tinha morrido me fez ter raiva de você, me fez pensar e sentir muitas coisas ruins...-Parei de falar quando as lágrimas que estava contendo desceram sobre minha face.

-Tudo bem linda, não precisa falar...

-Eu preciso Pê! Eu deixei a raiva e a tristeza se apoderarem
de  mim e isso fez eu te tratar mal não querer ficar do seu lado, não querer sua ajuda, guardar pra mim toda dor que estava sentido, que eu sinto até hoje... Me perdoe por não ter sido sua amiga naquele momento, Por não te contar como eu me sentia, por me fechar num casulo e me isolar do mundo. Me perdoe por te culpar e por não ter sido a esposa com quem você se casou, me perdoe Pedro...-Deixei as lágrimas cair e o senti me abraçando.  Com a cabeça encostada em seu peito eu ouvi o nosso choro se misturando e a respiração pesada dos dois se tornarem uma.

-Eu te perdoou Linda, sei que a dor te cegou e que era mais fácil naquele momento fugir e culpar as pessoas do que enfrentar a situação de frente.  Mas quero que me perdoe também, me perdoe por ter ido embora no momento em que mais precisava. Eu estava cansado de insistir, de te tentar me aproximar e ser rejeitado, por isso eu estava magoado, com o orgulho ferido por não ser mais aquilo que você precisava  e eu sinto muito por todo mal que te fiz passar, em momento nenhum tive intensão de te fazer sofrer ou de magoar você e Julia...

-Eu sei. Só me promete que nunca mais vai embora e que nunca vai me deixar esquivar. Mesmo que eu seja irritante ou que queira ficar sozinha, não me deixe esconder nada de você, mesmo quando for inconveniente não me deixe ficar reclusa. -Falei olhando em seus olhos depois de me afastar.

-Você  é  a minha vida Manuela, eu não vivi, não tive nenhum dia feliz completo nesses meses que nos separamos,  e eu desconfio que jamais teria se tivesse  que viver a vida inteira longe de você. Você  é minha menina, a minha melhor amiga, minha conselheira, parceira, a mulher com quem eu quero dividir todos os dias da minha vida.

-Eu também te amo Pê, você é  o homem da minha vida. Eu jamais seria feliz novamente  sem você.  Já posso te dizer que esse dia é  o mais feliz que tive em mais de um ano.  Volta pra mim?

-Eu estou aqui, por Deus , por você, por Julia  e por todos os outros filhos que Deus ainda irá nos dar.

***

Cinco meses depois

Pedro

Manu estava irritante fazia quase um mês, seu humor que nunca foi muito regular estava ainda mais instável.  Todos os dias ela me acordava com beijos, carinhos e abraços, mas no decorrer do dia ela oscilava da paciência ao estresse num piscar de  olhos, as vezes só uma fala minha fazia ela criar uma terceira guerra mundial e olha, estava ficando estressado com aquilo.

-NÃO, para com isso! -Falei chamando sua atenção. Ela queria começar uma briga por um motivo vão  e eu não estava nem um pingo a fim daquilo. -Eu sou seu marido, eu te amo, e eu não quero ficar brigando com você por uma bobagem.  Você quer me dizer o que está acontecendo? Onde eu posso te ajudar?

-Eu não sei, só me sinto cansada, com medo, passei mal esses dias e  meu humor está horrível .- Falou com os olhos marejados .

-Está sempre com sono e enjoou de metade de seus cremes de pele também.-Falei sorrindo.

-O que foi?

-Você não percebeu ainda?

-Percebi o quê?

-Você está grávida linda, quando foi seu último período?

-Faz um mês...Meu Deus! Eu tô grávida? - Falou assustada me encarando.

-Muito provavelmente sim, se não estiver eu juro que vou te levar à um psicólogo. -Falei sorrindo.

-Precisamos de um teste.

Em 10 minutos nós já  estávamos no caixa da farmácia passando 4 testes de marcas diferentes para ter certeza do resultado. Manu estava tão ansiosa que não quis esperar para chegar em casa e no banheiro da própria farmácia ela fez os testes e todos eles nos derão o melhor resultado que poderíamos querer "Positivo".

CONTINUA...

RestituiçãoWhere stories live. Discover now