Capítulo oito

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Quando Fabiana foi recepcionar alguns amigos que haviam chegados eu fui em busca de minha irmã e Fernando, na verdade queria conversar com Manuela sobre o que tinha acontecido e tinha certeza de que ela estaria com eles.

-Cadê Manuela? -Perguntei a minha irmã.

-Não sei, a última vez que a vi estava sentada ali!- Ela respondeu apontando para o bar.

Andei até o local e perguntei ao garçom que estava ali se havia visto uma moça de vestido vermelho e cabelo escuro e longo por ali.

-Tinha uma moça aqui assim, ela saiu pela porta lateral.

Lembrei que o estacionamento era por ali e sai atrás dela, Manuela não estava de carro e eu não ia deixar a mãe da minha filha pegar um táxi sozinha uma hora daquela.
Assim que cheguei no local fui andando a procura dela quando vi um homem abraçando uma mulher, de longe parecia um casal , mas ao me aproximar pude ouvir um grito de socorro quase inaudível. Meu Deus! Meu corpo inteiro gelou, era Manuela.

-Solta ela agora! -Gritei á todos pulmões. Estava com raiva, muito ódio daquele homem.

-E quem é  você para me mandar fazer isso? -O homem falou virando para mim, mas ainda segurando ela.

-Sou o marido dela. SOLTA MINHA MULHER AGORA! -Gritei.

-Não deveria deixar uma mulher tão linda sozinha por aí, eu...

Nem permiti que ele continuasse a falar, fui em sua direção e o soquei várias vezes sem nem pensar no que estava fazendo. Todos os meus anos de boxe serviram para alguma coisa.

-Pedro para! PEDRO, por favor! Pê! - Ela pediu tentando me puxar enquanto eu ainda socava o homem.

Quando o larguei o vi ensanguentado levantar e se arrastar  até o carro. Me virei para ela e a vi encolhida encostada no carro com as mãos no rosto chorando  com soluços altos. Meu coração doeu só de imaginar o que poderia ter acontecido, eu não me perdoaria se isso acontecesse, pois  ela tentou ir embora por minha causa.

-Vem aqui! - Falei puxando ela para os meus braços, apertei ela contra mim enquanto sentia suas lágrimas molharem meu peito. -Desculpa por não ter te protegido.

- Eu não deveria ter vindo, se eu não estivesse aqui....

-Não foi culpa sua, você foi a vítima,  nada de se culpar. - Falei beijando sua cabeça.

-Me leva para casa, por favor. -Pediu ainda com a voz chorosa.  Estava mal por vê-la naquele estado.

Manuela raramente mostrava sua fragilidade, sempre achava que iria  incomodar ao pedir ajudar ou ter que depender de alguém.  Ela sempre guardava os sentimsntos só  para ela, os medos, as angustias, tudo. Ela engolia tudo e sofria sozinha. Ver ela naquele estado me angustiava, ela estava muito mal.

Quando chegou em casa foi direto para o banheiro e ficou muitos minutos lá  com o chuveiro ligado, pensei  em entrar para ver como ela estava, mas sabia que ela estava se sentindo suja com tudo que tinha passado, mesmo que  não fosse.  Ele era o ser sujo, abominável.

-Manu, está tudo bem? -Perguntei quando já passava de uma hora que estava lá dentro.

-Estou saindo. -Sua voz baixa e frágil declarou.

Quando ela saiu do banheiro vestindo uma calça moletom e uma camisa branca de malha, eu me percebi o quanto  eu amava aquela mulher, o quanto estava com saudade de admira-la assim ao natural, sem maquiagem ou roupas de grife, apenas sendo minha Manuela.

-Me perdoe por ter ido a festa e atrapalhado sua noite. -Falou me encarando com os olhos vermelhos e inchados de tanto chorar.

-Você não atrapalhou nada, para de se desculpar. Na verdade eu nem queria ir para aquela festa.

Ela não respondeu sentou na ponta da cama e cobriu o rosto com as mãos voltando a chorar.

-O que foi? -Pergentei me abaixando em sua frente.

- Eu não quero ficar aqui sozinha.

-Mas você não está sozinha, Eu estou aqui.

-Mas você vai para  casa da sua mãe. -Me encarou.

- Eu não vou a lugar nenhum, vou ficar aqui com você.

-Obrigada!

-Não precisa agradecer.

Fui até o banheiro e tomei um banho rápido, vesti minhas roupas novamente e e voltei o para  o quarto onde a encontrei na mesma posição, sentada na beira da cama. Ela estava sem forças, era visível.

-Tem roupas suas no guarda roupa. -Falou baixo.

Abri a parte que era minha e encontrei algumas peças de roupas minha ali, tudo devidamente dobrado e organizado. Peguei uma calça moletom  e uma camiseta , me troquei no banheiro.

-Você  quer comer alguma coisa?

-Não, obrigada.

Sentei na cama com as costas apoiadas na cabeceira e a puxei para mim, ela não resistiu apenas se aninhou a mim deitando a cabeca no meu peito como costumava fazer. Ela estava extremamente frágil. Beijei sua cabeça e alisei seus cabelos enquanto ouvia o som de seu choro baixinho.

-Vai ficar tudo bem! - Falei beijando seus cabelos.

-Espero. -Sussurou.

Depois de quase duas horas eu percebi que ela estava dormindo e beijei seu rosto.

- Eu te amo , linda.

CONTINUA...

RestituiçãoWhere stories live. Discover now