Capítulo Quinze

1.2K 103 9
                                    

Depois que você perde um filho e consegue  engravidar novamente o medo de viver aquilo de novo é  gritante. Nos quatro primeiros meses Pedro e eu ficamos apreensivos o tempo todo, nossa família e amigos estava sempre me privando de fazer qualquer esforço só com o passar do tempo percebemos que daria tudo certo dessa vez. Deus me abençoou com uma gestação tranquila, meu humor depois dos três meses já estava estável, os enjoos sumiram assim como os desejos.

Hoje, completo nove meses e Pedro está tão protetor que só hoje já discutimos umas duas vezes, meu marido é  o amor da minha vida, mas essa super proteção dele me tira do sério.

-Julia, vem pentear o cabelo filha. Gritei do meu quarto.

Nos últimos meses ela estava tentando chamar atenção o tempo inteiro, sabíamos que era ciúmes, e por isso nós mostravamos o tempo todo o nosso amor por ela e diziamos que nada iria mudar,  que nós ainda seríamos seus pais e ainda iríamos amá-la e cuidar dela o tempo todo. Mas mesmo assim ela permanecia querendo atenção a todo custo.

-Já vou mamãe! -Gritou do banheiro.

Minutos depois ela apareceu com o rosto cheio de maquiagem e um sorriso aberto.

-O que foi isso? -Perguntei segurando o riso.

-Eu maquiei mamãe !

-Assim está muito forte , mamãe vai tirar isso e fazer uma mais bonita.

Depois de muito resmungar ela deixou eu tirar a maquiagem e fiz uma bem fraquinha. Logo terminei de me arrumar e desci com ela para ir a casa dos meus sogros, era segunda-feira, Pedro estava em um almoço de negócios e eu não tinha minha possibilidade de preparar o almoço naquele dia. Mal me aguentava em pé, embora essa tenha sido minha gestação mais tranquila foi a a que mais engordei e a que mais me deixou inchada.

-Oi mãe sogra! -Beijei o rosto dela que estava na pia da cozinha.

-Manu, não sei como você ainda  consegue andar, olha o tamanho dessa barriga e esse pé.  - Falou .

-Eu estou enorme, não vejo a hora de ter meu menininho nos braços e me livrar de todo esse inchaço.

-Agora já está chegando, falta bem pouco. -Minha sogra falou.

Quando descobrimos o sexo do bebê quase explodimos de alegria, queríamos tanto ter um casal e Deus nos deu essa graça.  Pedro chorou durante a ultrassom e eu não pude evitar fazer o mesmo.

-Verdade, precisa de ajuda? -Falei apontando os legumes que estavam na pia.

-Não, deita um pouco lá no quarto, precisa descansar essas pernas pode deixar que eu e Paulo olhamos Júlia.

-Obrigada, sogra linda!

Subi para o quarto de Pedro e assim que abri a porta tomei o maior susto ao ver meu marido lá sentado na cama com um buquê de rosas brancas na mão.

-Oi, linda!

-Pê, você não ia para um almoço de negócio?

-Minha esposa precisa mais de mim. -Falou levantando e me entregando o buquê .

-Oh amor, eu preciso mesmo. Preciso muito, mas não quero te atrapalhar. -Falei puxando ele para um abraço.

Nos últimos meses ele estava levando o escritório sozinho e eu já pensava em contratar mais alguns advogados para o descansar, pois eu não tinha a mínima vontade de atuar novamente. Só  quero aproveitar minha família, meu casamento e principalmente, meus filhos.

-Vocês são minha prioridade.  -Me beijou. 

-Eu amo tanto você, não sei como achei que poderia um dia viver sem você.

-Também não sei, mas agradeço a Deus por ter me devolvido minha vida de volta, por ter aumentado nosso amor, nossa família .

-Eu não tenho palavras para agradecê-lo por isso, Deus é incrível e eu amo vocês...

Ele me beijou e eu mais uma vez agradeci ao Senhor por ter me devolvido minha família.

-amor, eu preciso de uma massagem!

-Deita aí na cama. - Falou me ajudando, minha barriga dificultava muitas coisas.

-O pezinhos da Cinderela virou pezinho de bolo. -Riu.

-Amor, não faça chacota da sua esposa, eu estou assim por sua culpa.

-Eu mando na sua circulação sanguínea? - Falou irônico.

-Não, mas você colocou ele aqui. -Falei sorrindo enquanto ele massageava meu pé esquerdo.

-Eu fiz isso sozinho? -perguntou sorrindo.

Não respondi, pois o puxei para um beijo. Eu amava nossa cumplicidade, nossas piadas, nossa amizade, eu ainda era apaixonada pelo meu marido mesmo depois de tantos anos casados.  Ainda tinha frio na barriga quando ele chegava, ainda arrepiava quando ele falava no meu ouvido, ainda ficava boba com cada gesto de carinho, às vezes sentia que ainda éramos o mesmo  casal de adolescente do passado, só que agora com uma família formada e muitas experiências juntos.

-Henrique, sua mamãe está tentando me seduzir de novo.  - Falou acariciando minha barriga.

- Vou fazer isso a vida toda. -Sorri.-Mas agora quero minha massagem. -Me ajeitei na cama.

-Sim, senhora! -Bateu continência sorrindo.

FIM!

RestituiçãoWhere stories live. Discover now