EROS

3. Eu mereço?

MALU

- O que eu fiz de tão ruim pra merecer isso Jesus? - penso por um momento em todos os meus poucos momentos de veneno compartilhados com o Rafa e se isso seria o suficiente para eu ser castigada assim.

Acabei num grupo com os gêmeos montanha e com a abelha rainha... Ainda bem que o Rafa também ta no grupo.

- Eu também estou me perguntando o que eu fiz pra alcançar essa graça - ele suspira olhando apaixonado para os gêmeos - Gente, eles tem que malhar todos os dias da semana pra ter essa estrutura física. E os nomes? Exóticos. Malu, eu acho que eu to apaixonado...

- Você vai ta apaixonado em passar o semestre todo fazendo um trabalho com vossa majestade a abelha rainha? - ele faz cara de pânico - Pois é, ela também está no grupo.

- Não sei se o custo compensa o benefício, pelo menos um deles podia ser gay e me fazer feliz... - ele dá um suspiro exagerado - Para tudo que a dupla perdição ta vindo pra cá - ele arruma o cabelo rapidamente pela milésima vez.

- Hey, eu sou o Paco - o gêmeo dois fala ao se sentar.

Caramba, ele é ainda mais bonito de perto.

- Oi, eu sou o Rafael - ele responde animado - Mas pode me chamar de Rafa ou até Rafinha se quiser... E essa é minha deusa e BFF, a Maria Luísa.

- Você é engraçado cara - o rapaz sorri e fica ainda mais bonito.

- Menos Rafa, bem menos - eu falo baixo ainda sem jeito por causa do sorriso que encaro.

- E você garota bonita? - ele se direciona para mim, e o pequeno elogio parece ser dito de forma genérica então não me incomodo.

- Oi, eu sou a Malu - sorrio - Eu tava pensando em fazer o traba..- sou interrompida.

- Oi Princesa - o outro gêmeo chega mais próximo de mim do que eu acho confortável e o "princesa" faz meu estomago revirar.

- Oi - tento ser simpática e afasto minha cadeira dele da forma mais sutil possível.

- Eu sou o Eros. Que tal a gente usar esse tempo pra se conhecer melhor? - ele dá um sorriso cafajeste e coloca a mão na minha coxa enquanto fala - Cê sabe como é, né?

Pronto. Eu cheguei no meu limite!

- Olha aqui garoto, primeiro não me chama de princesa - eu levanto apontando um dedo na sua cara chocada - Segundo, você sabe o que é espaço pessoal? Não precisa ficar em cima de mim como uma planta trepadeira, muito menos toque uma garota sem permissão. E terceiro, aqui não é um programa de namoro pra gente carente que não consegue encontrar alguém sozinho. Esse horário é pra gente organizar o trabalho e não pra te desencalhar!

Ok, eu posso ter exagerado um pouco mas esse garoto é mais folgado que as calças do Justin Bieber. 

Dito isso me sento tranquilamente. Só quando eu término meu discurso fervoroso é que percebo que todo mundo da turma tava olhando pra gente. Droga!

- Olha aqui garota - ele parece realmente muito irritado, tipo muito mesmo - Eu só queria ser legal com a garota feia e esquisita da turma. 

Não posso negar que suas palavras e seu olhar afiado me magoam. Fico ainda mais assustado quando ele se aproxima com o rosto furioso muito perto do meu.

- Eu tenho uma fila de garotas que venderiam a mãe pela oportunidade de me conhecer melhor, você sabe o que é isso? - acho que é uma pergunta retorica porque ele não me dá tempo para uma resposta - Então eu definitivamente não sou encalhado nem preciso de ninguém pra conseguir mulher.

- Mano, deixa a mina - o gêmeo legal fala o puxando e afastando seu rosto do meu.

- Não gente, por favorzinho continua! 

E sim, foi o Rafa que falou 

- Toda essa tensão sexual entre vocês é intensa... Uma novela mexicana ao vivo. Eu não entendi nada da briga de vocês mas amei.

Jesus, por favor vem me buscar porque pra mim já deu.

- Não mesmo cara, essa garota não vale o esforço - e por algum motivo eu me sinto realmente ofendida.

O clima tenso é quebrado pela  Brenda, vulgo abelha rainha, que se senta ao lado dele e engata um papo animado.

E eles estão super íntimos para quem acabou de se conhecer. 

A gente não ta reunido pra falar sobre o trabalho não?

E o pior é que enquanto o semestre não acabar e a gente apresentar esse seminário eu estou presa ao gêmeo ogro do mal.

Merda.