7. o ciúme é uma pulguinha verde

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MALU


Obrigado Deus, ainda bem que a aula ta acabando.

Não aguentava mais! Eu tive uma péssima noite de sono. Os acontecimentos do jantar de ontem ficavam passando e repassando na minha cabeça. E eu não encontrei explicação racional e coerente para o comportamento do Eros. 

Ele pareceu ciumento. Mas o problema é que parecia que ele estava com ciúme de mim. Isso simplesmente não tinha lógica. Nos conhecemos a praticamente 24 horas, e o pouco que conheci dele não gostei. E acho que o sentimento é reciproco.

- Ai Maluzinha, não aguento esse tédio! - Rafa reclama pra variar - Segundo dia de aulas e não tem fofoca, num tem um babado.. Eu queria estudar numa daquelas escolas de séries, cheias de mistérios, sexo e assassinos.

- Assassinos? 

- Melhor que esse tédio... - ele revira os olhos - Já sei que os gêmeos não curtem o que eu curto... Hoje eu vi o Eros com uma garota num beco aqui perto, e Nossa Senhora Suzana Vieira, o que era aquilo!?! Que pegada, inveja negra daquela garota com ele, sério.

Eu não sei porque mais senti um buraco no meu estômago quando ouvi isso. Ou talvez eu saiba mas não queira aceitar.

- Agora não tem mais nada de interessante nessa escola e...

- Maria Luisa!! - nós nos viramos pra ver quem me chamava.

- Quem é esse? - pergunto porque realmente não conheço o rapaz que vem em nossa direção.

- Não sei o nome, mas tenho a ligeira impressão que ele ta no time da escola, acho que é um reserva - o Rafa fala com ar de desprezo olhando por cima dos óculos escuros.

- Oi, eu sou o Raul - fala o garoto um pouco ofegante - é que.. bem. hum... Faz um tempo que eu queria te perguntar se você não gostaria de ir comigo pro cinema.. ou qualquer outro lugar que você queira ir é claro.. mas se você não quiser também eu posso..

- Claro, me avise quando for o melhor dia pra você - falo sorrindo.

- Wow.. bom.. ok, então meu te aviso. Valeu - sai me dando um beijo na bochecha.

- Gente, o que foi isso Maria Luisa? - Rafa me olha espantado - O menino quase borra as calças. A senhora ta muito destruidora quebrando o coração desses pobres coitados por ai - ele diz rindo - O mais impressionante foi você aceitar..

- Ai Rafa, eu não dormi direito e a resposta meio que saiu no automático. Além do mais é só um encontro então...

- É verdade, vai que quando você beije esse sapo ele vire um príncipe? - não posso nem responder porque me distraio com um rosnado seguido por uma série de palavrões - Nossa Eros, nem te vi aí. Algum problema meu doce?

- Nada, Rafa - ele diz se virando e nos dando as costas - Nada que eu não possa resolver.

Estranho.

Mas também não tenho tempo de analisar o comportamento desse garoto. Tenho que ir pra academia pegar a Pê. Acho que hoje vou leva-la no parque já que ela ainda não começou na escolinha e não tem dever de casa ou algo do tipo. O Rafa me acompanha dizendo que não pode perder a oportunidade de ver gatos malhados e suados.

A academia é bem ampla e ventilada e vi na placa que no andar de cima tem um estúdio de tatuagem. Não tem muita gente por causa do horário e eu passo direto pra uma sala que parece ser um escritório. Encontro os três irmãos mais velhos que parecem ter acabado de almoçar escutando o discurso de uma Perséfone muito falante que para imediatamente quando me ver.

- Oi gente, você tá pronta Pê? - Pergunto pegando ela que se joga nos meus braços.

- Sim, por favorzinho Malu me leva daqui que meus manos tão com um cheiro muito ruim. - e eles olham pra ela com um falso ar de feridos.

- Quando você não tinha a Malu não reclamava do nosso cheiro sua muleca - o Perseu fala rindo.

- Mas agora eu tenho ela - fala estirando a língua pro irmão que caem na risada.

- Qual a piada? - Paco chega falando atrás de mim - Preciso de motivos pra rir também.

- Nada não, mas porque você demorou e cadê o Eros? - Apollo fala irritado, nem parece que tava rindo a poucos minutos.

- Nós estávamos resolvendo um problema dele... - o Paco responde ao Apollo mas olhando pra mim...

- Vocês estão sentindo? - Thor fala chamando nossa atenção - Esse cheiro insuportável de encrenca? Tenho certeza que esse problema ele resolveu provocando mais problemas... treta certa.

- Maluzinha - minha garotinha chama com cara de pidona - a minha barriga ta pedindo comida. Podemos ir pra casa?

- Ah, sim Malu. Pega a chave lá de casa, vocês podem ficar lá pra não incomodar o sono da sua irmã. A Perséfone tende a ser barulhenta. - Apollo fala me dando a chave.

- Quem diria que o Apollo poderia ser tão sensível com o sono dos outros né? - Perseu debocha - Isso tudo é uma tentativa de entrar nas calças da garota? Cara, tenha cunhões, você não deveria ter vergonha de pedir dicas para o seu irmão mais experiente e mais sexy. Você sabe que eu sou generoso. 

- O que é cunão Malu?

- Bom - digo tentando escapar de ter que responder a pequena - Essa é minha deixa pra sair daqui. Até mais tarde meninos!

Eu nem me lembrava que o Rafa tava comigo, só quando o vi parado na porta da sala com cara de perdido foi que percebi ele.

- Onde conseguiram esses homens pelo amor de Deus? Só pode ter sido no catálogo da Calvin Klein... Imagina a campanha desses deuses do Olimpo, ia quebrar a economia!

Só rindo do Rafa mesmo.. Mas eu tenho que concordar que essa família tem genes dos deuses.

EROSWhere stories live. Discover now