Capítulo 18

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— Você conhece bem o Cookie, certo? Pode me dizer se ele ele é mesmo um bom simbionte?

Apesar de saber que Cookie estava ouvindo, eu não hesitei em fazer essas perguntas ao Dr. Alan. Eu estava com um certo medo e precisava de respostas.

— Já faz um tempo que quero falar sobre isso com você, Gwen. Há algum tempo atrás descobri que os simbiontes, além de aumentar nossas habilidades, também contribuem para que o hospedeiro se torne mais violento. Faz parte do processo.

— O quê?

— Quando está com raiva e briga com alguém, não sente vontade de agredir a pessoa? Ou até mesmo... Tirar-lhe a vida?

— Eu... Hm...

— Isso já responde tudo. Olha, não é que eles queiram fazer isso, mas é da natureza deles. Tem que aprender a se controlar caso queira evitar algum acidente.

As imagens do dia em que eu supostamente matei aquele homem vieram a minha cabeça. Eu deixei que minha raiva me dominasse e deu uma brecha para que Cookie agisse.

— ... E o Venom? O que vai acontecer com ele?

— Vamos mantê-lo seguro em uma cápsula. Ele ainda pode ser útil para nós.

— As vezes acho que vocês brincam com coisas que não entendem — Murmurei mais para mim mesma do que para o Dr. Alan.

Saí de seu consultório sem dizer nada. Apesar de ter tido essa conversa com ele, eu estava mais preocupada com Wade do que comigo mesma. Por isso, decidi voltar ao seu apartamento.

****

Abri a porta sem animação nenhuma, sabendo o que iria encontrar logo a frente. Wade ainda estava sobre o sofá com compressas sobre sua testa e um coberto sobre seu corpo; e Felicia estava ao seu lado, ainda cuidando dele como pedi.

— Obrigada por ficar com ele, Felicia. Fico te devendo.

Felicia me dirigiu um leve sorriso e me entregou o comunicador, com uma expressão triste.

— Aproveite os últimos momentos.

Foi o que ela disse antes de sair do apartamento. Olhei para Wade.

— Achei que isto nunca fosse acontecer. E que se acontecesse... Seria eu aí deitada.

Wade não demonstrou qualquer sinal de que estivesse ouvindo. Cansada e aflita, desativei meu uniforme e sentei ao seu lado no chão, segurando sua mão.

— Se eu pudesse trocaria de lugar com você, Wade. Juro que trocava.

— É mesmo?

Levei um susto ao ver Mancha Negra ali no apartamento, bem a minha frente. Ele não estava com sua forma de sombra, mas uma humana. Ele era negro e alto, um tanto magro também. Ele vestia um sobretudo preto que ia até o joelho, e calças e sapatos sociais na mesma cor. Olhando assim, ele parecia até... Normal.

Peguei a espada de Wade e me coloquei a sua frente, numa pose protetora.

— O que você quer?

— Apenas conversar. Abaixe a espada, sabe que não tem nenhuma chance comigo.

— Há menos que você tenha vindo aqui me dizer que há uma chance de Wade se salvar, nós não temos nada para conversar.

— E se eu disse que sim? Ele pode se salvar.

Abaixei lentamente a espada.

— Como?

— Uma troca. Eu não posso tirar a marca dele, mas posso transferir para outra pessoa. Você disse que ficaria no lugar dele.

— Eu...

— Estava mentindo, então? Você não quer ficar no lugar dele Não o ama o suficiente para tal sacrifício. Você não...

— Eu aceito.

Mancha Negra me olhou sem expressão alguma em seu rosto. Larguei a katana no chão e estendi minha mão para ele, mostrando que estava decidida a fazer aquilo. Mancha negra se aproximou e segurou não só minha mão, como a de Wade também. Quando as soltou, a marca havia saído de sua mão e agora estava na minha.

— Você é corajosa, Mulher-Aranha. Espero que tenha uma morte tranquila.

— Quero que me responda uma coisa, Mancha Negra... Por que decidiu dar outra chance ao Wade? Você diz que ele matou seu irmão. Desistiu de sua vingança?

— A morte é pouco para ele. Quando Wade acordar e ver que a pessoa com quem ele mais se importa nesse mundo estiver morrendo, a dor dele será muito maior. Viverá sabendo que não podia ter feito nada para ajudá-la. Ele vai sentir tanta culpa que vai querer se matar também.

— Seu...!

— ... Loira? — Ouvi a voz rouca e fraca de Wade vindo logo atrás de mim.

Olhei por um breve momento para ele, sentindo-me aliviada por ele estar acordado, mas quando voltei a olhar para o Mancha Negra, o mesmo já havia sumido.

Spider-Gwen - Skrull Invasion - Livro VIWhere stories live. Discover now