Capítulo 43

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— Como isso foi acontecer? Era para vocês dois estarem de olho nele! — Reclamei em um tom elevado.

— Ah, me desculpe Srta. Faz Tudo Sozinha. Desculpe se nós não enxergamos bem no escuro. — Rebateu Ava.

— Peter, seu traje tem visão noturna.

— Eu me distraí...

— Ai, ótimo! — Joguei as mãos pro alto, me dando por vencida.

Ava, Peter e eu voltamos pro quinjet enquanto Ben rastreava o garoto. Por sorte os guardas não nos viram, mas não era com eles com quem eu estava preocupada. Passado alguns minutos — longos minutos, eu diria, Ben chegou com ele. O garoto adentrou o quinjet com um sorriso cínico no rosto, com as duas mãos perto do rosto em sinal de rendição.

— Ok, me pegaram.

— Quem é você? — Indaguei.

— Eu? Ora, quem se importa? Seu amigo conseguiu me pegar, então, a jóia é de vocês. Admito que foi divertido.

— Divertido? Você estava roubando.

— E vocês não?

— É diferente.

— Vocês não iam vender a jóia e dividir o lucro entre vocês? Cara, 'tô vendo que sou o único inteligente aqui.

— O que fazemos ou não, não é da sua conta. — Exclamou Ben, em tom de zanga.

— Simpático ele. — O garoto sorriu.

Ele era jovem, muito jovem, de uns 19 anos eu diria. Um pouco alto, magro e apesar de ser bem bonito, percebi que se vestia de modo simples. Fosse para ter sucesso em seus roubos ou porque vinha de uma origem humilde, embora tivesse um comportamento típico de um egocêntrico.

— Escute, garoto. Eu preciso dessa joia para algo muito importante, mas eu não pretendo ficar com ela depois disso. Então, se eu disser que te darei a jóia no final, terei direito a três respostas sua?

— Se me prometer eu te respondo qualquer coisa.

— Com sinceridade?

— Palavra por palavra.

— Eu te jogo desse quinjet se estiver mentindo! — Reclamou Ben, mais uma vez.

Fiz um sinal para que ele se acalmasse e voltei a atenção para o menino.

— Ok, primeiro de tudo, qual é o seu nome?

— Luca.

— Certo. Luca, por que não me conta um pouquinho sobre sua história? O que te levou a querer roubar uma antiguidade daquele templo?

— Bom, eu... Eu cresci em muitos lares adotivos. Nunca conheci meus pais, nem sei se estão vivos. E também não me importo. Eles não se importaram em me jogar na adoção, por que eu deveria me importar com eles? Prometi a mim mesmo que iria mudar de vida.

— Por isso queria roubar a safira? Queria mudar de vida.

— Exatamente.

— Há muitos jeitos de se fazer isso, Luca. Roubar não é um deles.

— Por favor, guarde seus conselhos para alguém que realmente quer. Mais alguma pergunta?

— Sim. Como você conseguiu escalar o templo? Eu não vi nenhum equipamento...

— Ah, isso não é nada. É apenas uma habilidade minha.

— ... Habilidade?

— É, acho que é algo relacionado a isto. — Ele me mostra a marca de uma teia de aranha em seu pulso.

Dei um passo para trás em um movimento involuntário, quase esbarrando em Peter novamente.

— Outro aranha? — Perguntou Ava — Achei que Sean fosse o último.

— Tecnicamente não tem como ele ser o último, Ava. — Respondeu Peter — Qualquer um pode receber os poderes, se assim a aranha o escolher.

— Que história é essa de aranha? — Perguntou Luca, confuso.

— Você foi picado e não sabe?

— Picado? Não. Eu nasci com isso.

— Nasceu?! — Perguntamos todos em uníssono.

— Não sabia que era possível nascer com o gene Aranha — Observou Alissa, que até então estava se mantendo quieta.

— Então, temos duas possibilidades aqui. Um dos pais dele ou ambos tem o gene Aranha, ou esse é um caso muito raro de gene "mutante" na família. — Comentou Peter.

— Eu não 'tô entendendo piegas do que vocês estão falando.

— Luca, você solta teias?

— Como é?

— Apertando seus pulsos.

— Claro que não! Eu só escalo paredes! Grande coisa, aliás. Vocês também o fazem.

Olhei para Ben e Peter.

— É possível um Aranha não soltar teias?

— 'Tá parecendo que sim. — Respondeu Ben.

— Temos que levar ele conosco e descobrir quem são seus pais. Precisamos saber se é algo genealógico ou simplesmente uma coincidência.

— Desse jeito não vai ter mais lugares no quinjet. — Murmurou Ava.

— Alissa, pode ficar cuidando dele durante a missão?

Alissa apenas acenou com a cabeça, concordando. Ela estava estranhamente quieta desde que chegamos no México. Pergunto-me se ela ouviu ou descobriu algo que tenha a incomodado.

— Eu, tudo bem? — Indaguei.

— Sim, claro. Vou cuidar do menino. — Ela o segura pelo braço e o puxa gentilmente para um dos assentos do quinjet. 

Spider-Gwen - Skrull Invasion - Livro VIWhere stories live. Discover now