Spider-Gwen - Skrull Invasion - Livro VI

Capítulo 60

Ava observava de longe aquela Gwen que a pouco tempo chegara, ao lado de Ben e Carol. Ela não engolia que aquela era a Gwen de verdade e ainda passou sua desconfiança para os dois ao seu lado.

— 'Tô falando. Aquilo ali não é ela. — Disse Ava, em um tom firme.

— Certeza que é um Skrull.

— É, a história dela de que conseguiu fugir sozinha dos tais sequestradores é pura balela. — Disse Ben.

— Carol, como fazemos para desmascarar aquela coisa?

— Por enquanto, jogando o jogo dele. Faça perguntas que somente a Gwen verdadeira poderia responder, deixe-o confuso e ele mesmo vai acabar se entregando.

— Conhecemos a loira mais do que ela conhece a si mesma — Comentou Ben — Ele já era.

Carol os deixou a sós. Ava sabia exatamente o que perguntar, mas não iria fazer isso naquele momento. A prioridade dela era convencer Peter de que sua esposa ainda não havia voltado. Ela pegou seu celular e mandou uma mensagem dizendo que queria encontrá-lo no quarto dela em alguns minutos. Peter recebeu a mensagem e a leu, mas não demonstrou qualquer sinal de que iria encontrá-la. Ava foi mesmo assim.

Esperou por um bom tempo, mas acabou que Peter apareceu. Ele estava curioso e já esperava que sua amiga estivesse desconfiada da estranha aparição de Gwen.

— Eu sei o que você vai falar. — Começou ele.

— Ela não é quem você pensa. Você não acreditou na história daquela coisa, acreditou? Peter, é pura mentira!

— Ok... ok. Por que você não acha que é a Gwen? 'Tô disposto a ouvir sua teoria.

— Primeiro que a história dela é inventada. E depois, você não acha estranho ela parecer "bem"? Poxa, ela foi sequestrada e sei lá mais o quê fizeram com ela. E outra, ela nem falou quem eram eles ou para quem trabalhavam. Ela 'tá escondendo muita coisa de nós, não percebe?

— E o que você quer que eu faça, Ava?

— Não a escute. Sei que no fundo está feliz por achar que ela voltou pra nós, mas isso... Isso não é real. Aquilo não é real. Nossa Gwen ainda está por ai precisando de nós.

Peter olhou magoado para Ava.

— ... Aquela não é a Gwen? — Perguntou baixinho.

— Eu sinto muito. Também queria que fosse.

Ava abraçou o amigo.

— Nossa Gwen é forte e sabe se defender. Sei que deve estar bem. Vamos encontrá-la logo, garanto isso a você.

***

Minha cabeça estava uma bagunça. A medida que meu fator de cura eliminava os resquícios do soro que matava as células simbiontes, minhas lembranças retornavam. Eu conseguia me lembrar de como fui parar na S.H.I.E.L.D., de como conheci meus amigos e como Peter e eu nos apaixonamos um pelo outro. Eu só não conseguia entender como ainda podia gostar de Matteo. Não to dizendo que eu 'tô apaixonada por ele, como estava antes, mas eu ainda sinto algo. E torço para que isso acabe logo.

Se eu quisesse ter minhas memórias por completo, precisaria da ajuda de Cookie. Mas voltar lá sozinha ou com Matteo, seria suicídio na certa. Eu precisava dos meus amigos, mas até encontrá-los, seria uma longa viagem.

Eu queria voltar e Matteo queria que ficassemos longe de todos eles. Ele, que foi criado pela Hydra desde bebê, não acreditava que a S.H.I.E.L.D. fosse tão boa como dizem. E se eu quisesse que ele me levasse até lá, teria que provar que a S.H.I.E.L.D é um lugar em que se pode confiar.

— Matteo...

— Não.

— Mas eu ia...

— Eu sei o que você estava pensando e a resposta é não. Não iremos para lá.

— Qual é o seu plano, então? Fugirmos pelo resto de nossas vidas? Vai ficar apagando minha memória e substituindo por falsas lembranças todo dia?

Matteo me olhou nos olhos.

— Eu nunca mais farei isso, 'tá bom? Eu errei, eu sei. E não me orgulho disso. Eu só... Não posso te perder.

— Matteo, isso o que nós tivemos não foi real.

— Não? Quer saber de uma verdade, Gwen? Eu não manipulo sentimentos, apenas atitudes. Posso dizer a você que estamos casados, mas a escolha de gostar ou não de mim é completamente sua.

— ... Eu não...

— Eu disse a você tudo o que fiz de ruim e ainda está aqui. Sua memória está voltando aos poucos e eu sei que você tem uma vaga ideia de como ir até seus amigos, mas que por algum motivo, ainda não o fez. Por quê?

Não consegui responder. Matteo estava certo, eu podia voltar para a base aérea. Eu não sabia o caminho, mas ainda assim conseguiria chegar sozinha. Então, por que ainda estou aqui? Com ele. Eu devia deixá-lo... Mas não quero.

O que há comigo?

Matteo pegou sua aliança e a colocou na frente de meu rosto.

— Pra mim foi real, Gwen. Eu te amei desde o dia em que te vi amarrada naquela cadeira. Eu queria te soltar, dizer que tudo ia ficar bem e que logo saíriamos dali. Mas me contive ao saber que isso colocaria sua vida em risco, então, eu fiz o que exigiam de mim. Eu nunca quis tanto fugir daquele lugar, como eu quis com você. Então, não me diga que não foi real!

Matteo jogou a aliança no banco traseiro do carro e apoiou sua cabeça no volante. Eu não conseguia dizer nada. Dizer o que? Que eu amava Peter mais do que tudo? Que no nosso relacionamento, fora ele quem amara pelos dois?

Isso só pioraria tudo. E agora, eu não tinha mais certeza de nada. Ele não manipula sentimentos. Quer dizer então, que por um momento, eu realmente estive apaixonada por ele, por minha própria conta?

Esse ideia fez meu estômago revirar.

Matteo suspirou fundo, dizendo que ia pegar algo para nós comermos. E saiu me deixando sozinha.

Peguei a aliança dele no banco traseiro e fiquei olhando pra ela, pensando no que dissera. "Eu não manipulo sentimentos, apenas atitudes". "Eu disse a você tudo o que fiz de ruim e ainda está aqui".

Eu devia ir embora. Mas eu não quero. O que eu faço?