XIV - O Auxílio de Sanches

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Merko leu a mente do jovem Sanches e soube que ele não acreditava que estava entre extraterrestres, todavia estava perplexo com a aparição inusitada daqueles sujeitos na sua casa, o modo como eles se teletransportaram e a tecnologia que estava diante de seus olhos. O fato de ter visto Merko na forma alienígena, antes de desmaiar, ainda estava preso na sua garganta, mas achou que tinha sido um sonho, ou surto de sua cabeça.

"Este hombre aí me dizendo que é um ET. Só pode estar louco. Acho que esses caras me sequestraram e vão exigir algum tipo de resgate da minha mãe. Coitada da minha madre! Nós não somos ricos e o que ela e meu padre ganham, mal dá para pagar meus estudos." — Sanches pensou preocupado.

— Calma garoto da Terra! — Merko se adiantou —, nós não somos sequestradores e tão pouco queremos o dinheiro de sua família. Vou provar a você que não somos daqui, mas por favor, tenha calma! Você se lembra de quando era criança e sua mãe obrigava você a ir à igreja com ela? Os sermões do sacerdote Francisco que duravam horas e você ficava indignado por ter que acompanhá-la porque queria ficar em casa vendo séries de televisão? Ela não entendia que na escola, enquanto seus amigos comentavam sobre os últimos capítulos dos seriados preferidos, você não teria o que dizer... — Sanches arregalou os olhos, sem entender como ele sabia tudo aquilo. — Quer que eu diga mais? Que tal sobre a Lindy, aquela garota por quem você era apaixonado na escola? Lembra-se daqueles cabelos morenos encaracolados?

Sanches nada dizia. Mas não parava de pensar... O que era a mesma coisa para o Capitão.

"Parece que ele leu meus pensamentos! Não pode ser. Como sabe até o nome do sacerdote e da menina de quem eu gostava na infância? Ele deve ser um mutante que lê pensamentos, como aqueles caras dos filmes, talvez um experimento do governo..."

O Capitão ficou de saco cheio com a descrença do garoto e colocou dois dedos sobre sua pulseira. Pronto... Novamente era um ser alienígena, aquela imagem que todos os seres humanos da Terra temiam.

— Eu só posso estar sonhando. Não é possível! Deve ser uma alucinação. Vocês me deram alguma bebida? Colocaram algo dentro dela?

— Sanches, preste atenção! Olha aquela parede transparente.

Uma parede subiu de um lado da sala onde estavam. Ele viu que estavam em um pico, parecido com uma montanha. Ele correu até o vidro e viu que estavam sobre mais de dois mil metros de altura.

Sanches pensou em dizer algo, finalmente, mas quem disse que saía algo da sua boca? Achou que estava delirando. Merko se aproximou dele e colocou a mão esquerda sobre seu ombro para tranquilizá-lo. Sanches gritou apavorado.

Neste instante, Crom também surgiu com a forma extraterrestre, o que deixou o garoto mais nervoso ainda:

— Como está o nosso visitante, comandante?

— Ele está bem! Um pouco incrédulo, mas breve entenderá que nossos olhos jamais nos enganam e mesmo que fujamos do que não queremos que pareça real, um dia temos que encarar a verdade.

— Eu acho que ele não está nada bem. Está muito assustado.

— Se isso tudo é real, o que querem de mim? — Sanches disse, por fim, se afastando das criaturas. — Por que não me mataram? Por favor, protejam meus pais. Onde eles estão? Vocês vão invadir meu planeta?

— Não se preocupe, garoto da Terra — Merko procurou tranquilizá-lo. — Sua família está bem e não vamos invadir seu planeta. Sinceramente, não traríamos você aqui, se não tivesse visto os meus homens chegarem por meio de teletransporte. Mas, diante das circunstâncias, preciso de sua ajuda.

— Como eu poderia ajudá-lo? Não acho que precisem de um adolescente que fale espanhol. Eu vi os seus homens falando na língua natal dos meus pais!

Os Filhos do TempoWhere stories live. Discover now