XX - O Legado de Merko

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Enquanto descansava em sua nave, Merko começou a se lembrar mais uma vez de sua missão anterior com seu amigo Silion. Naquela ocasião, vieram testar os efeitos dos campos magnéticos terrestres e gravitacionais sobre os seres do planeta Vida. Além disso, também estavam experimentando a precisão da viagem espaço-temporal. Ele se lembrou do exato momento em que foram detectados pelos aviões-caças da Força Aérea Norte Americana.

— Ative o escudo antirradares da nave, Silion.

— Barreira ativada, comandante, mas uma luz vermelha no painel holográfico está mostrando uma falha no escudo.

— Que inferno! Rápido, ligue o campo de força — disse Merko. — Vamos sair agora mesmo daqui e tentar escapar para longe da atmosfera. Coloque a nave na velocidade máxima.

Antes que conseguissem fugir, dois caças F-16 surgiram diante deles. Uma das naves conseguiu atingi-los com vários mísseis, equipados com detectores de calor.

— Capitão, não consigo estabilizar a nave — esbravejou Silion que ao colocar a mão sobre a perna que doía percebeu que estava sangrando bastante.

Merko tentou colocar uma substância sobre a coxa do seu amigo para estancar o sangue, mesmo com as turbulências da queda. Ele conseguiu, mas não podia fazer mais, precisava tomar uma atitude. Pressionou um botão no painel de controle e uma espécie de bolha de ar envolveu Silion para protegê-lo do choque.

O capitão percebeu que o amigo precisaria de cuidados médicos extremos e os humanos, naquele momento, seriam os únicos que poderiam salvar a sua vida. Depois que ele fosse curado, ele voltaria para resgatá-lo.

— Silion, preciso ir, mas juro que voltarei para buscar você.

Seu amigo, ferido, dentro do invólucro de proteção, mexeu a cabeça sabendo que podia confiar no seu comandante.

Nos instantes que precederam a queda da nave no deserto americano, o Capitão se teletransportou para longe do local. Pensou em levar Silion junto, mas o amigo estava gravemente ferido e não seria possível livrá-lo de seus algozes naquele momento, embora tivesse se esforçado ao máximo. A melhor alternativa era esconder-se a fim de planejar como salvar seu amigo. Precisava elaborar um plano que lhe permitisse invadir a base militar.

Os americanos levaram a nave e seu amigo para uma base do Exército no Arizona; lá, depois de tratarem seus ferimentos começaram a fazer experiências. Mesmo lesionado, Silion conseguira se comunicar telepaticamente e já estava prestes a se matar quando o seu amigo pediu uma chance para tentar salvá-lo.

Existia um mecanismo de autodestruição criado pelos cientistas do planeta Vida: todos os viajantes temporais estavam equipados com uma substância paralisante cardíaca e cerebral, ativada pelas ondas elétricas e hormonais do pensamento. Esse instrumento se chamava: recurso final. Em situação de ameaça iminente, precisavam focar o pensamento na morte por três minutos e ela assim ocorria. Todos que viajavam ao passado, principalmente, ao planeta Terra, recebiam um implante com um chip que liberava a substância, para que, quando capturados, não fossem usados em experiências ou transmitissem conhecimentos bélicos, tecnológicos ou científicos. A descoberta de tais conhecimentos poderia trazer consequências danosas ao ser humano, alterando a história pela mudança do passado terrestre.

"Capitão, acho que não vou sobreviver. Me sinto cansado porque perdi muito sangue. Vou usar o recurso final."

"Tenha calma amigo. Vou arranjar um modo de salvar você. Sabe que já fez isso por mim várias vezes e o considero como um irmão. Espere mais um pouco. Sei que posso ajudar."

Os homens da equipe secreta Alfa-Ômega chegaram com seus macacões brancos. Isolaram o local para evitar potenciais micro-organismos patogênicos alienígenas. Injetaram uma substância na corrente sanguínea de Silion. Retiraram amostras da derme, medula óssea e escanearam todo o seu corpo para estudar seus órgãos. Enviaram tudo ao laboratório.

Os Filhos do TempoWhere stories live. Discover now