XXXI - A Fuga

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Mirov estava aflito com a demora. Ele sentou-se em uma poltrona para tentar relaxar, mas era impossível. Levantou-se e começou uma caminhada eterna em sua sala, andando de um lado para o outro. Ele havia ordenado que Radof o deixasse a par dos acontecimentos em todos os seus detalhes e aquele silêncio devorava a sua paciência.

"Por que será que o incompetente do meu servo está demorando tanto? Ele nem mesmo me põe a par dos fatos. Onde ele estará?"

Mirov resolveu entrar em contato com Merko para tentar conseguir alguma informação.

— Comandante, está tudo correndo bem com a cirurgia do terráqueo?

— Sim senhor Conselheiro. Daqui a pouco, irei, pessoalmente, explicar os detalhes da operação para o senhor. Por favor, me aguarde.

"Capitão miserável! Não me deu pista alguma do que está acontecendo. Preciso de ajuda para o caso de Radof falhar e pôr tudo a perder. Mas quem poderia me ajudar? Já sei, chamarei o chefe da guarda real, Fizard. Ele também é um dos meus. Prometi a ele o cargo de comandante das tropas planetárias quando eu for o novo monarca e agora preciso cobrar uma posição dele."

O chefe da guarda real transmitiu a ordem do dia para seus subordinados e foi descansar no seu alojamento, quando seu bracelete bipou acendendo uma luz vermelha. Rapidamente, ele projetou um holograma no ar. A imagem do vil Conselheiro Mirov apareceu a sua frente:

— Capitão Fizard, alguma coisa aconteceu a meu servo Radof. Quero que descubra e me relate como estão as coisas no hospital. Não se esqueça de que você será o meu comandante quando eu for o novo rei.

— Sim senhor. Irei até o hospital para saber o que está ocorrendo e breve retornarei com notícias para Vossa Excelência.

— Faça isso, seja rápido!

"Se algo der errado com o plano inicial, vou tentar prejudicar a recuperação da menina após a cirurgia. Talvez um veneno... preciso encontrar uma alternativa."

Um nano inseto robô em forma de uma aranha desceu pela parede da sala de Mirov, passou por debaixo da porta e foi na direção da repartição na qual se encontrava Drako, que monitorava toda a operação. O nano espião entrou e subiu pelos pés de uma mesa. Parou em frente a Drako que, atento, observava um holograma. Outra imagem repentinamente apareceu no ar transmitida pelo inseto que gravara toda a conversa do Conselheiro do mal. O engenheiro assistiu a tudo e disse olhando para a criatura quase invisível:

— Bom trabalho, meu bichinho. Volte de onde veio e continue a fazer o seu serviço.

Enquanto isso, Zara estava preocupada em uma das salas de espera do hospital. Tentava se comunicar com todos, mas eles pediam que ela aguardasse, pois estavam empenhados em resguardar a segurança de Nícolas e da princesa. Sivoc não queria que ela se aborrecesse por causa de sua gravidez e queria que ela esperasse até o fim da cirurgia para lhe comunicar os resultados. Ela passou a mão sobre a sua barriga e alisou-a com carinho. Pensou nos laços de amor que criara com Nícolas e que agora também envolviam o bebê que carregava em seu ventre.

"Não entendo o motivo de tantos segredos. Será que está acontecendo alguma coisa grave? Mas Sivoc sabe o que faz. Ficarei aguardando mais informações. Preciso ter calma!" — Ela pensava enquanto tentava ficar tranquila.

Drako informou ao seu comandante o que seu inseto robô havia gravado na íntegra: a conversa que o Conselheiro Mirov tivera com o capitão Fizard. As provas contra o algoz começavam a se acumular.

— Comandante Sivoc, conseguimos interceptar mais uma comunicação entre Mirov e o capitão Fizard. Eles estão tramando para prejudicar a princesa e tomar o poder. Tenho as gravações aqui comigo. Estou enviando neste momento os arquivos para o senhor. Neles estão as evidências do plano diabólico do Conselheiro Mirov que está preocupado com o retorno de Radof, seu servo, e o pedido para que Fizard vá ao hospital para ver o que está acontecendo.

Os Filhos do TempoWhere stories live. Discover now