Capítulo 13

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DOIS ANOS ANTES DO FIM♪

O período das férias foi de um mês e vinte cinco dias. Durante todo esse tempo, Emê de Martnália não conversou com Aguinaldo, Elcione, e muito menos com Beltassamo. Ela havia simplesmente desaparecido do mapa, e das redes sociais. Entretanto, os outros três estreitaram seus laços.

Como a reação de Aguinaldo ao sumiço de Martnália não foi das melhores, Beltassamo e Elcione se juntaram para animá-lo. Eles perceberam que o melhor que podiam fazer era fornecer companhia ao amigo desolado, e inventaram todo o tipo de coisas para passar tempo juntos. Uma dessas coisas acabou virando rotina, que foi visitar o bar dos avós de Elcione. Até Aguinaldo começou a se empolgar para ir nas sextas de jogos de cartas, e se divertiam muito lá.

Por algum tempo, Aguinaldo chegou a pensar que a atitude de Martnália de se afastar foi uma maneira de dizer que definitivamente não queria nada com ele. Mas se fosse apenas isso, não fazia sentido se afastar de Elcione também, que contou como estava sendo praticamente ignorada durante os treinos de vôlei.

Após aceitar que não podia entrar dentro do cérebro dela para compreender seus pensamentos e ações, e que ela não iria aparecer e dizer que tudo não passou de uma brincadeira, Aguinaldo tentou parar de pensar em Emê de Martnália. O que era muito difícil pois a dúvida estava sempre presente em seus pensamentos, e ele acabava gastando muita energia tentando desvendar esse mistério, e consequentemente pensava em Emê.

Desde que sua mãe tinha ido embora, ele não sabia muito bem como expressar o que estava sentindo, e para resolver esse problema, acabava fingindo que não sentia nada. Beltassamo disse que ele deveria estar sentindo raiva, que deveria se revoltar e nunca mais falar com ela. Mas Aguinaldo não conseguiria fazer isso nem se quisesse. Guardar rancor e vingança eram coisas que não faziam parte da personalidade dele. Dizia para si mesmo que deveria esperar até vê-la e descobrir qual seria a sua reação.

Por isso, quando o dia de voltar às aulas chegou, a ansiedade surgiu com tudo em Aguinaldo. Seria a primeira vez em quase dois meses que veria Emê de Martnália, e apesar de estar com o peito muito apertado, não queria dar um nome àquele sentimento.

••♪••

No caminho para ir até o colégio, Aguinaldo aproveitou para comprar um sorvete de copo para Emê de Martnália, já que Elcione tinha dado a certeza de que ela gostava de sorvete quando estavam fazendo o “Plano perfeito para conquistar Emê de Martnália”. Ele iria usar a desculpa de dar o sorvete para chegar até ela e já deixá-la feliz logo de cara.

Como o dia estava bem quente, quando finalmente avistou Emê esperando do lado de fora do portão de entrada para o colégio, o sorvete já tinha praticamente se tornado um Milk shake. Mas não deixou que isso o desanimasse e tomado de coragem, foi até ela.

E como se pudesse saber de alguma forma sobre as intenções dele, Emê de Martnália olhou diretamente em sua direção enquanto Aguinaldo se aproximava. Ele engoliu em seco e se convenceu de que era tarde demais para voltar atrás.

— Oi — ele cumprimentou meio sem jeito quando ficou frente a frente com ela.

Emê o olhou fixamente e não disse nada. Aguinaldo temeu que ela simplesmente fosse embora e o deixasse ali, com cara de trouxa.

— Oi — ela respondeu depois de alguns instantes.

Aguinaldo suspirou aliviado e até abriu um sorriso tímido para Martnália.

— Sei que você não quer conversar comigo, mas eu trouxe isso para você. — Estendeu o sorvete na direção dela.

Por estar com as costas encostadas na parede, Emê apenas movimentou seus olhos na direção do pote de sorvete. Aguinaldo não entendeu se aquele era um gesto de desprezo ou de precaução.

— Quem disse que eu não quero conversar com você? — Emê se pronunciou. Ele riu antes de notar que sua pergunta era séria.

— Bem… — ele coçou a garganta — você não falou com a gente e sumiu por dois meses, então é fácil deduzir que não quer me ver ou falar comigo.

— Eu não sumi, eu viajei.

— Você participou dos treinos de vôlei.

— Tivemos uma semana de folga e eu viajei.

Eles se encararam por alguns minutos, Emê arrancava com os dentes uma pelezinha de seus lábios ressecados, determinada a não retroceder. Estava intrigada com a nada sutil mudança de Aguinaldo, já que antes ele mal conseguia falar com ela, e agora por seu tom de voz parecia até estar bravo.

E Aguinaldo apenas tentava entender o motivo de ela estar agindo assim, porque ele tinha certeza de  que viajar não tinha sido a razão para que Martnália sumisse.

— Vai me fazer ficar segurando isso o dia todo? — Ele balançou o sorvete/milk shake em suas mãos.

Martnália deu outra olhada no conteúdo do copo e torceu o nariz.

— Não, obrigada. Tenho sensibilidade nos dentes e por isso odeio tomar sorvete.

A mão de Aguinaldo até tremeu com a surpresa. Se lembrou de Elcione e de como havia sido burro em acreditar que ela saberia algo tão simples sobre Martnália.

— Ah, tudo bem — ele murmurou e puxou o sorvete de volta para si.

Algo dentro de Emê com toda a certeza estava mudando, pois ao ver a expressão de decepção no rosto de Aguinaldo, um impulso para consola-lo a fez querer contar toda a verdade. Mas ainda era muito cedo e Martnália ainda não entendia muito bem os motivos que a levavam a se afastar quando se deparava com problemas.

— Eu não estou com raiva de vocês — ela falou e Aguinaldo levantou os olhos —, só precisava de um tempo sozinha.

Ele concordou com a cabeça e decidiu deixar o tempo trazer mais clareza sobre o comportamento de Emê de Martnália. Pelo que estava entendendo, ela não iria contar o verdadeiro motivo e se forçasse a barra, poderia perder a chance de cultivar a confiança dela.

— E então, agora você está melhor? — ele perguntou.

Emê engoliu em seco. Aguinaldo estava fazendo aquilo outra vez. Estava sendo legal, fofo e compreensivo. Gostou que ele não insistiu em arrancar algo que não queria dizer, pois se tivesse feito, ela não iria falar a verdade. Aquilo fez seu coração vibrar.

— Estou melhor, obrigada. — Abriu um sorriso largo que abalou as estruturas do coração de Aguinaldo.

De repente, ele era a mesma pessoa de onze meses atrás, quando a viu pela primeira vez e percebeu que estava gostando dela. O fato é que Emê de Martnália ainda tinha o total poder de mexer com todas as emoções e sentimentos de Aguinaldo.

A buzina indicando o início do período das aulas tocou e o porteiro abriu o portão do colégio. Aguinaldo se preocupou com o que aconteceria dali em diante, no novo ano que estava começando. Ele não sabia se ficaria na mesma sala que seus amigos, e principalmente, se dessa vez conseguiria se aproximar definitivamente de Emê.

— Aguinaldo — ela o chamou antes de entrarem. — Depois quero te falar uma coisa.

Ele arqueou as sobrancelhas e sentiu a ansiedade aumentar dentro de si. Não conseguia nem imaginar o que Martnália teria para lhe falar.

— É sobre nós, você e eu — ela esclareceu e como em todas as outras vezes em que fazia Aguinaldo perder totalmente fôlego, o deixou sozinho e entrou no colégio.

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Oiê, tudo bem? 🤠

E aí gente, será que agora esse romance decola? 👀
Me conta a tua opinião ☝️

Para quem percebeu, mudei a capa da história outra vez hehe
Mas, dessa vez eu gostei muito do resultado e achei que ela refletiu bem a mensagem dessa história.

Então, muito obrigada DesignerMaria  por essa capa tão linda! ❤️

Por hoje é só pessoal
Até o próximo capítulo 😘

Todos Nós Que Estamos VivosWhere stories live. Discover now