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Medelin

As palavras que eu temia pra caralho saíram da boca dela! Eu queria de verdade que tivesse sido eu que falasse isso porque eu saberia que não ia machucar tanto ela com o que eu vou ter que fazer agora.

Não dá pra enfiar a Manuela nisso de forma alguma.
Óbvio que eu amo ela, amo demais, mais do que a mim mesmo. E por isso eu não posso enfiar ela nisso.

Ela sai do banheiro e vem com o roupão que ela fica linda, ela faz o chá de camomila dela enquanto eu tomo meu whisky puro.

Essa é a prova do quanto a gente se completa.

Eu sou yin e ela yang
Ela é alma e eu sou sangue.

Chego perto dela ela me beija e eu beijo ela e entramos em comunhão, eu seguro seu cabelo e ela me olha com tesao, eu me afasto mantendo distância, precisamos um do outro, segredos e mistérios.
Conexão dos nossos corpos.

Manu: Não sente o mesmo né?- me olha com aqueles olhos que eu sou apaixonado. Observo o rosto dela com todo cuidado do mundo, vendo aquele narizinho vermelho e aí eu sei que ela chorou, eu fiz ela chorar.

Caio: é óbvio que eu sinto, Maria! Tá doida?- ela abaixa a cabeça e olha pra mim de novo.

Manu: então por que falou daquele jeito? Tô indo rápido demais? É só me falar Caio!- disse olhando nos meus olhos. Porra isso tá acabando comigo de um jeito que eu não imaginava.

Caio: eu só não posso te enfiar no meu mundo, amor!- segurei o rosto dela e ela franziu a testa confusa- eu te amo demais, Manuela, mas não vou acabar com tua vida assim.

Manu: que acabar com minha vida, que papo é esse?- eu respirei fundo e joguei a cabeça pra trás impedindo que minhas lágrimas caíssem.

Caio: Você não vai entender. E eu nem quero que entenda, na real! É melhor assim.- olho pra ela que fecha a cara na hora.

Manu: tá terminando comigo? É isso?- tira minhas mãos do seu rosto e se afasta.

Caio: Não é assim, eu tô tentando te proteger. Minha mente e minha loucura foi o que fez tu querer vir e essa mesma loucura que vai fazer tu querer partir.- digo chegando perto e ela se afasta novamente.

Manu: então foi tudo mentira, né?- ela tava tremendo e eu tava me segurando pra não jogar toda essa porra pro alto e ficar com ela, mas não dá.

Caio: minhas promessas não foram falsas, talvez precipitadas, mas você olha nos meus olhos e vê que não é kozada.- ela gargalha com as lágrimas rolando e me olha.

Manu: Vai embora.- diz parando de rir e olha pra mim.- só vai embora da minha casa, namoral.

Caio: Para de ser infantil, Maria Manuela! Aprende a escutar as coisas. Eu tô fazendo pro seu bem, tentando te explicar e você tá me mandando ir embora. Não fode porra.- começo a me estressar

Manu: não fode você, caralho! Tentando me explicar o que? Até o momento você só falou que não pode acabar com minha vida, mas como você vai acabar com a minha vida?- ela disse puta da vida e eu fiquei quieto. Isso fez ela surtar que veio pra cima de mim feito louca.- FALA, CAIO! FALA A PORRA DE QUALQUER COISA DO POR QUE DE ACABAR COM A MINHA VIDA- gritou enquanto me batia e chorava ao mesmo tempo.

Caio: eu realmente amo você, mas a gente é muito diferente pra você entender o meu mundo.- digo olhando nos olhos dela que retribui o olhar.

Manu: Você nunca me amou, se me amasse não mentiria pra mim, se me amasse não me deixaria sozinha.- disse com rancor, e aqui eu soube que não teria volta aqui.

Eu chego perto dela e beijo ela com vontade, como se fosse uma despedida, mas aqui dentro eu sinto que não é!

Ela se solta, olha meus olhos e fica no meu comando, incorpora uma cigana e eu com nipe de malandro.

Eu olho pra ela tentando passar pra ela todo o amor que eu sinto por ela.

Manu: Quando eu sentir saudades de todos momentos nossos, vou pensar em te ligar mas vou te achar em outros corpos- fechei a cara na hora e abaixei a cabeça.- outros corpos, outras áreas, outros planos ou outros mundos.- ela anda rápido até a porta e me olha de uma forma que eu nunca tinha visto antes, com ódio.- melhor mesmo tu ir agora antes que eu seja rude.- abriu a porta e escorou esperando eu sair.

Caio: Até mais, minha pequena! Ainda está escrito Maktub.

Saio de lá e ela bate a porta gritando enquanto chora.
E eu me emociono porque me dói te libertar, mas ela não ia conseguir me acompanhar.

Quando ela diz que me ama vejo o brilho no seu olhar, mas deixa o tempo falar, vou me perder pra me achar! Não garanto nem voltar, talvez passe pra te buscar. Vida longa mundo pequeno a gente ainda vai se encontrar.

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Maktub, particípio passado do verbo kitab
É a expressão característica do fatalismo muçulmano
Maktub significa: estava escrito
Ou melhor: tinha que acontecer
Essa expressiva palavra dita nos momentos de dor ou angústia
Não é um brado de revolta contra o destino
Mas sim a reafirmação do espírito plenamente resignado
Diante dos desígnios da vida

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Até mais.Where stories live. Discover now