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Manuela

Tô sem entender ainda, ele terminou comigo? De novo? Porque se tiver terminado foi a última vez, porque eu não vou voltar mais.

Se toda briga ele terminar comigo isso aqui vai virar uma chacota, um circo! Não vou me calar pra tudo, e não vou aceitar tudo que ele quer sempre! Tenho que ter minhas escolhas também e decidir a vida do meu filho também. Medelin acha que é fácil pra mim ir pra um lugar que tem operação sempre, que tem um índice altíssimo de morte, que querendo ou não é sim um lugar violento.

Aquelas mulheres me olhando com ódio o tempo inteiro, pode parecer que não mas eu tô ligada em tudo. E se elas surtam e fazem algo comigo?

Eu não sei se quero criar meu filho lá, sei que é o lugar do pai dele, que é a casa do pai dele, mas eu não quero isso pro meu filho. Lá é tudo muito complexo, ou você entra pro tráfico ou muitas vezes fica sem trabalhar, por que o preconceito com quem mora na favela é fudido.

E eu não tô falando isso sendo preconceituosa, tô falando por que tô pensando no futuro do meu filho e em tudo que ele vai passar só por morar lá.

Eu amo o ppg, amo mesmo! Tudo que eu amo tá lá. Mas quando eu digo que quero continuar aqui, não é por mim, é pelo meu bebê. Porque sei que aqui ele vai viver em um ambiente mais tranquilo.

Mas eu também entendendo o Caio. Ele quer estar perto o tempo todo e tem também o fato das ameaças, e por isso, eu vou pra lá. Eu já iria de todo jeito porque eu sempre vou pra lá e fico muito tempo, mas eu não queria esse rótulo.

E já que ele tomou a decisão dele, assim que vai ser! Só vou conversar com ele pra ter as coisas bem claras e aí seguir o que eu tenho que seguir.

Tomei meu banho pensando nisso tudo. Passei a mão na minha barriga sentindo o pequeno relevo que deu nesses últimos dias, parece que depois que eu descobri ele disparou a se esticar aqui dentro.

Já amo tanto essa criança que até dói.

Vesti uma roupa fresquinha e fui procurar algo pra comer, tô comendo toda hora porque tô vomitando tem hora. O sono é constante, ou eu tô dormindo ou eu tô vomitando.

Encima do balcão tinha uma bandeja de isopor com algumas empadas, e concretizei que tinha sido meu namorado. Se é que ele ainda é isso, e só de pensar nessa possibilidade meu peito doeu.

Comecei chorar desesperada, doía imensamente, uma dor sem igual. Eu soluçava e tentava limpar as lágrimas pra parar de chorar mas não adiantava. A falta de ar veio e a tremedeira também, procurei a bombinha e não achei, aí o desespero veio em dobro.

Corri pro quarto do jeito que eu consegui pra procurar meu celular e ligar pra alguém e liguei pra primeira pessoa das minhas chamadas de emergência.

Chamou, chamou, mas não atendeu! Então eu tentei de novo e aí a pessoa atendeu.

📞Chamada on 📞

Xx: Fala, Manuela.- escutei a voz do motivo da minha crise e chorei mais ainda.- Ta chorando por que?- perguntou já mudando o tom de voz pra preocupado.

Manu: Volta pra casa.- disse do jeito que consegui.- por favor, volta.

Medelin: Não desliga, tô voltando.- escutei ele falar e minha garganta começou a fechar mais.- Vai falando comigo, tá conseguindo respirar?- eu neguei com a cabeça sem conseguir falar mais e ouvi ele acelerando.- tô chegando.

Me encostei na cabeceira da cama e tentava puxar o ar, mas nada vinha. Minha visão começou a ficar turva e minhas mãos tremiam muito. Meu peito apertou e comecei a sentir medo pelo meu bebê.

Eu já não escutava mais nada a não ser as vozes na minha cabeça dizendo que eu ia morrer. Sufocada, era isso que eu tava.

Senti os braços dele me segurar e balançar meus rosto quase apagado. Eu sentia que tava perto de desmaiar e foi isso que aconteceu.

(...)

Abri meus olhos e vi que eu tava deitada na minha cama encostada em alguém. Olhei rápido e com medo e vi o Caio, abracei ele forte e senti meu coração doer por tudo que aconteceu de novo.

Manuela: Desculpa, me desculpa amor! Eu não queria ter falado daquele jeito com você, não me deixa, por favor, eu não vou conseguir passar por isso tudo sem você, o senhor é de nós dois, não me deixa sozinha.- já comecei a chorar de novo.

Medelin: Calma, para de chorar, respira fundo!- ele alisou meus cabelos.- Olha aqui pra mim!- disse baixinho e eu afastei olhando pra ele.- Eu tô aqui com você, não vou te deixar sozinha, o sonho é de nós dois.- limpou minhas lágrimas e deu um beijinho no meu nariz.

Manuela: Eu fiquei com medo, muito medo. Não me deixa sozinha, por favor!- abracei ele como se ele fosse fugir.

Medelin: Já disse que você não tá sozinha, eu tô aqui!- tentava me acalmar e até tava adiantando.- Só se acalma amor, pelo nosso filho.

Quando ele me chamou de amor, foi como se um flash entrasse na minha mente e eu lembrei que ele tinha terminado comigo. Aí eu quis chorar de novo, juro que esses hormônios vão me matar.

Manuela: Mas você terminou comigo, porque ta me chamando de amor?- choraminguei que ele riu.

Medelin: Eu não terminei com você, Narizinho, te dei uma solução pro nosso problema. Mas eu não quero mais falar disso.

Manuela: Eu vou morar lá!- eu disse e ele olhou pra mim.- mas só com uma condição.

Medelin: Qual?- perguntou com a cara fechada e um bico enorme.

Manuela: Só se eu for morar com você!- encostei minha cabeça no seu peito e consegui ver um sorrisinho no seu rosto.- Desculpa ter sido cabeça dura, só tô com medo das coisas que nosso bebê vai passar por morar lá.- ele me olhou confuso.- Você sabe do que eu tô falando.

Medelin: Eu tô ligado, mas eu não pretendo morar lá pelo resto da minha vida, amor! Eu tô ficando velho e vai ter um momento que eu vou querer paz, mas isso não é assunto pra agora.- me deu uns beijinhos e me abraçou.

Manuela: Tá bom, mas você entende o porque eu tô com medo?- perguntei pra ter certeza mesmo.

Medelin: Sim, e tá tudo bem você ter medo. Sabe o que é isso?- eu resmunguei um "hum" como pergunta e ele riu.- Instinto de mamãe marruá.- A gente gargalhou e em seguida nos beijamos.- Quer dormir aqui e amanhã a gente vai pra minha casa que vai ser nossa?

Manuela: Quero.- levantei e ele me abraçou por trás.- Vamos comer?- ele me guiou até a cozinha.

Medelin: Sua dengosa, não consegue viver sem mim né?- gargalhou debochando de mim.

Manuela: Cala a boca, idiota! - me afastei dele indo pegar minhas empadas.

(...)
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Até mais.Nơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ