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Manuela

Acordei sentindo alguma coisa molhando meu rosto e quando olhei direito era o rosto do Caio colado no meu. O semblante cansado e a perna tremendo mostrando que ele tava ansioso e tentando dormir me agoniou demais.

Manuela: Amor?- chamei e ele se assustou rápido.- Tá com sono?- ele negou rápido com a cabeça e se acomodou na cama me abraçando.

Medelin: Tá tranquilo!- deu um beijo na minha testa.- Tá sentindo dor? Quer que chame a enfermeira?- eu neguei.

Manuela: Só tá repuxando um pouco, mas é por conta dos pontos.- olhei pra ele lembrando de tudo.- Ela parecia você!- abaixei a cabeça vendo o olhar dele cair sobre minha barriga.

Medelin: Como ela era?- olhou rápido pra mim e abaixou a cabeça novamente.- Pode falar pra mim? Se for incômodo não tem problema.- eu neguei e limpei meu rosto.

Manuela: O cabelo era pretinho e ela era bem cabeluda mesmo.- deixei uma risada rápida sair ao lembrar dela.- o olho puxadinho como o seu, mas o nariz e a boca eram meus.- ele olhou.- Certeza que o apelido "Narizinho" ia ser pra ela.- abaixei a cabeça sentindo meus olhos encherem de novo.

Ele me abraçou e encaixou o queixo encima da minha cabeça enquanto fazia um cafuné reconfortante em mim. Ele tava mal e eu sentia isso, a gente tem essa conexão desde o início.

Medelin: A gente vai viver esse amor de novo, meu amor!- ele beijou minha cabeça.- Desde o início demorei pra entender, mas não faz nada que vá se arrepender depois.- segurou meu rosto e me encarou.- Porque se eu te perder eu boto tudo a perder. Não vou suportar de novo isso tudo.- eu concordei chorando.- Eu vou fazer por você o que for preciso, sem você eu perco meu juízo.

Manuela: Vai ser nós dois, amor!- segurei suas mãos ainda no meu rosto.- Obrigada por não me deixar sozinha aqui.

Medelin: Nunca que isso ia acontecer!- me deu um selinho.- Eu sou teu pra sempre.

Manuela: Eu sou tua pra sempre!- beijei ele e me aconcheguei no seu peito.

Ficamos assim uns minutos só sentindo a presença um do outro, que era o que estávamos precisando um do outro.

Medelin: Minha mãe e as meninas estão aí fora!- eu balancei a cabeça pra ele prosseguir.- Pode deixar elas entrarem?

Manuela: Claro!- olhei pra ele rápido.- Pede pra chamar minha mãe também?- ele concordou e saiu do quarto.

Eu respirei fundo sabendo que as milhares de perguntas viriam, mas o sentimento de ter alguém ali por mim era indescritível.

Vi a Virgínia entrar pelo quarto desesperada e quando me viu parou e começou a chorar, ela ficou em silêncio e veio andando devagar até mim. Quando chegou perto passou a mão no meu rosto e me abraçou forte.

Virgínia: Você tá aqui!- falava mais pra ela do que pra mim.- Meu Deus, você tá aqui!- chorou agarrada em mim e eu chorei junto a ela.

É a minha pessoa!

Manuela: Eu tô aqui, irmã, eu tô aqui!- ela se afastou olhando pra mim e me tocou pra ter certeza se era realmente real.

Virgínia: Não me dá um susto desse novamente, por favor!- pediu e limpou as lágrimas.- Eu sinto muito por tudo isso!- falou baixinho pra que só eu escutasse.- Eu tô aqui pra tudo, como sempre estive.- abracei ela correndo e chorei mais, porque eu precisava do colo dela agora, assim como eu precisei do da minha mãe quando tudo aconteceu.

Manuela: Obrigada por estar aqui sempre!- foi a única coisa que consegui falar e continuei ali chorando com ela.

Sempre foi assim, eu e ela. E por mais que tenhamos nos afastado depois que eu me mudei, o meu amor por ela não mudou em nada e eu sei que o dela também não mudou.

Lucilene: Estamos aqui pro que você precisar, Manu!- minha sogra disse e eu soltei a Virgínia pra olhar pra ela.- Você é nossa família também.- me olhou com compaixão e eu agradeci com um sorriso sincero, porque ela sempre esteve comigo também, desde quando eu a conheci.

Amanda: Eu tô aqui tambem, amiga!- disse chorando.- Pra tudo e você sabe disso, eu amo você.- me abraçou junto com a Virgínia e eu me senti acolhida ali.

Lucilene: Você e sua mãe sua mãe são bem vindas na minha casa pra passar por esse momento com todo apoio possível.- abraçou minha mãe.- Já conversei com ela e com você eu nem preciso dizer.

Manuela: Obrigada, Lu! Sou muito grata por isso.- olhei pra ela e ela concordou com a cabeça.

Medelin: Agora saiam de cima da minha mulher, ela precisa descansar!- falou pras meninas que deram dedo pra ele e se afastaram.

Flora: E eu preciso conversar com você filha!- minha mãe falou limpando os olhos que não paravam de lacrimejar.

Manuela: Pode falar mãe!- concordei com a cabeça e ela abaixou a cabeça depois de olhar pra todos na sala.

Flora: Eu sei que é difícil esse momento e eu acho que você vai querer se despedir de uma maneira mais amável.- olhou pra mim e pro Caio.- Os corpos estão prontos! Eu pedi pra arrumarem a Ísis pra vocês terem um lugar pra vê-la quando quiserem.

Vi o Caio se virar pra parede e se apoiar ali, abaixei a minha cabeça e concordei. Eu sabia que era necessário pra minha neném descansar.

Manuela: Tudo bem!- olhei em volta e sorri fraco tentando ser forte.- Sabe quando eu vou ter alta?- perguntei pra ela e ela concordou.

Flora: Você sai amanhã de manhã, que vai ser também o enterro deles.- Disse chorando de novo.- Irei trazer algumas coisas pra você se arrumar e dar tudo certo para irmos direto daqui.- concordei olhando pra ela que se aproximou de mim.- Eu vou estar com você, filha, em todos os momentos!- eu concordei novamente olhando pra ela.- Promete que vai ajudar a mamãe? Promete que vai tentar ser forte junto comigo, porque sozinha eu não vou conseguir!

Manuela: Eu tô com você, mãe!- abracei ela.- eu prometo que vou estar com você sempre!- ela me apertou.

O silêncio foi predominado ali e olhei pra janela molhada enquanto escorria algumas gotas, o que me fez acalmar por alguns minutos.

Até mais.Kde žijí příběhy. Začni objevovat