Capítulo 3

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Anastasia

Observo a rua da janela do meu apartamento com a falsa esperança de que Christian vai estacionar no meio fio e descer do carro com o seu sorriso molha calcinha, vinho barato e pacotes de salgadinhos para a nossa tradicional noite juntos.

Já faz uma semana desde a nossa trepada alucinante, mesmo intervalo de tempo em que acordei numa cama vazia e na companhia de somente um bilhete onde ele explicava em cinco míseras palavras o significado da tatuagem que me deixou tão encantada.

Obsesję significa Obcecado em polonês.

Eu ainda me pergunto o que ele quis dizer com isso.

Christian não parece ser o tipo de cara que faz algo só por fazer, principalmente uma tatuagem. Ele escolheu essa palavra por algum motivo mas acho que ele não confiava em mim o suficiente para explicar.

Rio sem humor e envolvo os braços ao redor do meu corpo numa falha tentativa de afastar o frio inexplicável que surgiu no meu interior desde aquela maldita manhã.

É claro que a nossa amizade não era verdadeira.

Nós transamos e ele correu na manhã seguinte, não foi homem suficiente nem mesmo para se despedir.

Ele não mandou nem mesmo uma mensagem ao longo desses sete dias.

Depois que acordei no sábado e encontrei o apartamento vazio achei que Christian tinha corrido porque estava confuso. O que tivemos não foi só uma foda sem compromisso, teve química e eu sei que ele sentiu tanto quando eu.

No domingo mandei três mensagens mas ele nem mesmo visualizou.

E desde segunda ele não aparece mais na faculdade.

Meu celular vibra no meu bolso e eu o puxo na esperança de ser o Christian dando algum sinal de vida, mas é só o Jack perguntando se posso trabalhar amanhã.

Lágrimas vem aos meus olhos sem que eu perceba e a minha auto aversão cresce ainda mais.

Por que diabos eu estou chorando por um filho da puta?

Eu sempre soube que as coisas acabariam assim, era uma tragédia anunciada.

Desde que Christian me beijou naquela noite de ano novo eu soube que, se eu desse brecha, nós acabaríamos na cama em algum momento e foi exatamente por isso que tentei ao máximo não abaixar a guarda.

No fundo sempre tive o sentimento de que se eu me entregasse seria a única a ser feita de trouxa e bom, eu estava certa.

Talvez eu deva simplesmente levantar a cabeça, engolir o meu orgulho e mostrar que sou uma menina grande que consegue lidar com as porradas da vida.

Já passei por problemas e traumas excessivos ao longo dessas duas décadas de vida, tive que me defender de muita gente e provar para outras várias que eu era completamente capaz de ser alguém e totalmente merecedora das coisas que conquistei.

Eu tenho planos, sonhos, um mundo inteiro para conquistar. 

E não será um cara que vai me desviar desse caminho.

◕ ◕ ◕

No domingo o movimento é sempre menor, principalmente depois do almoço.

Me sento no balcão com os meus livros e tento fazer o resumo que preciso para a aula de Economia Monetária mas a minha mente simplesmente não consegue se concentrar.

E se tiver acontecido alguma coisa?

E se o Christian está somente confuso com o que houve e não sabe como me encarar novamente?

Mr. President Where stories live. Discover now