Onze

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Leon estava próximo o suficiente pra que Violet quase sentisse sua respiração. Em algum momento, ela observou, ele havia dobrado as mangas da camisa branca social que usava até os cotovelos, deixando assim à mostra seus antebraços. Violet observou o tom de sua pele, levemente bronzeada, e sentiu-se quente com o calor que saía de suas mãos direto para seus ombros.

Ela não sabia por que, mas esse simples toque a tinha feito se sentir segura. Algo em Leon a deixava perturbada, mas ao mesmo tempo, fazia com que se sentisse segura. Talvez fosse porque ele havia salvado-a duas vezes. Devia ser normal sentir esse tipo de coisa por alguém que ela mal conhecia, mas que já havia ajudado tanto.

Mas então, as palavras dele fizeram sentido, e ela prontamente se afastou. Leon deixou as mãos caírem e, em seguida, pareceu arrependido.

— Desculpe — pediu, pela segunda vez naquela noite. — Eu não devia tê-la tocado dessa maneira.

— Você disse que estava esperando por mim? — ela o olhou desconfiada. — Então eu sou mesmo a vítima do seu ritual de sacrifício humano — semicerrou os olhos. Como se ela própria acreditasse nessa história. Mas ela gostava de perturbá-lo.

— Não! — ele negou rapidamente, balançando a cabeça negativamente. — Não é nada disso, eu disse, não tenho a intenção de lhe fazer mal. E esses símbolos... — sua voz diminuiu. — Esses símbolos são para nossa proteção.

— E proteção contra o quê? — ela repetiu o gesto de cruzar os braços novamente.

— Proteção contra o que está lá fora — ele a olhava com aquele olhar aliviado, mas ao mesmo tempo, ela sentia que ele estava se esforçando pra não espantá-la.

— E o que está lá fora? — Violet se encostou em uma das paredes, percebendo só nesse instante que estava quase o outro lado do cômodo, há muitos metros de distância de Leon.

— Eu ainda não posso dizer. Mas se me der mais tempo...

— Então você está dizendo que me trouxe pra esse lugar coberto de símbolos esquisitos, pra me proteger daquilo que está lá fora, que você não pode me dizer o que é? — ela o interrompeu, irritada.

— Bem, sim, mas...

— Como se alguns simbolozinhos pudessem oferecer alguma proteção — ela zombou.

— Você ficaria surpresa — falou simplesmente. — E de qualquer modo, você também acredita no poder dos símbolos, ou não estaria usando isto — ele retirou do bolso o cordão dela.

— Isso é meu, me devolva — Violet exigiu. — E só porque eu estava usando não significa que eu acredite. Isso foi um presente, um presente de aniversário — ela se sentiu obrigada a justificar. — Aniversário esse que você está estragando.

— Sei que hoje é seu aniversário, e que você estava indo comemorar — ele disse, cuidadoso. — Mas se você não me ouvir, não haverá mais aniversário para comemorar.

— O que quer dizer com isso? — Violet se encostou mais à parede, sentindo-se encurralada.

— Acalme-se, por favor, não vou lhe fazer mal — ele repetiu cansado. — Mas você precisa ouvir o que tenho a dizer. Sua vida está em perigo.

— A julgar pelo que aconteceu lá fora, isso não é nenhuma novidade — ela resmungou.

— Posso lhe fazer uma pergunta? — ele a olhou incerto.

— Fique à vontade — balbuciou, examinando o cômodo, que parecia um galpão, em busca de uma segunda saída.

— Você nunca se sentiu um pouco... Diferente?

Supplicium [Completo]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora