Parte 7 - Andréia

295 49 17
                                    


Na segunda-feira, o senhor implicância em pessoa desceu até o escritório sete para falar comigo

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.

Na segunda-feira, o senhor implicância em pessoa desceu até o escritório sete para falar comigo. Àquela altura do campeonato, todo mundo já sabia que eu ia ser a secretária dele. Todo mundo, menos eu. Porque eu nem tinha decidido ainda se queria isso mesmo. Por mais que o salário fosse atrativo e a paisagem também, a companhia não era agradável. Ele veio até a minha mesa.

- E então, senhorita Rodriguez? Decidiu?

Nossa. Isso que eu chamava de decidir sob pressão. O cara ali na minha frente e eu ia dizer o quê? Que sim? Que não? Rapidamente eu tentava pensar nos prós e contras de cada opção.

- Com uma condição. – eu disse. Não sabia se ele ia topar, as chances eram bem pequenas, mas se eu ia ter que trabalhar com ele, então eu tinha o direito de fazer uma exigência. Como ele não me interrompeu, eu continuei. – Quero que você pare com essa mania chata de senhor para cá e senhor pra lá.

Ele ficou sério por um momento e eu já achei que estava ferrada. E então ele riu.

- A gente pode ver isso. Vamos.

Ele estendeu a mão para mim. Ok. Vamos tentar. Dei a mão para ele e assim, de mãos dadas, a gente saiu do escritório. Nossa. A cara da Bel era incrível. Até consigo imaginar ela pensando: que máximo. Já a Carmen olhava meio desconfiada. E o resto das meninas do escritório pareciam lobos loucos de fome. E o alimento, claro, era eu.

Pelo que eu tinha entendido, o senhor rabugento nunca tinha tido uma secretária pessoal, porque ele preferia trabalhar sozinho. Então, quando o pessoal descobriu que eu ia trabalhar com ele, foi um desastre total. Primeiro a Queila, que graças, tinha sido demitida, depois várias outras meninas que vieram perguntar o que eu tinha feito.

De novo esse papo de o que eu tinha feito. Macumba, talvez. Eu não tinha feito nada. Na verdade, eu nem entendia o porquê do cara querer que eu fosse trabalhar com ele. Achei que ele não gostasse de mim. Com certeza, eu era a funcionária que ele mais pegava no pé. Talvez o plano fosse exatamente esse. Ele ia me levar para trabalhar com ele e me infernizar tanto. Talvez o plano mirabolante fosse escravizar ainda mais a pobre funcionária. Eu não sabia. Mas aqueles últimos zeros no salário não davam para ignorar.

A sala do Diego continuava igual. Exceto por um detalhe: na mesa dele agora tinha duas cadeiras ao invés de uma. Tive vontade de rir. Estava na cara que ele nunca tinha tido uma secretária. Onde já se viu uma coisa dessas?

- Gostou?

Hum, o que eu ia dizer? Gostar não era bem a palavra exata.

- Acho que você cometeu um erro, Diego. – ele revirou os olhos quando eu pronunciei o nome dele, mas era o acordo, então ele não disse nada. – Acredito que eu deveria ter uma mesa só para mim.

Ele não pareceu muito contente com a resposta. Foi até a cadeira dele e se sentou.

- Mas essa mesa é tão grande. Tem lugar para nós dois.

- Sim, - argumentei - mas ainda acho que deveria ter uma mesa só para mim.

- Você quer uma? – perguntou meio decepcionado.

Eu não sei. Acho que ficar na mesma sala que ele o dia inteiro já ia ser chato demais. Imagina ao lado dele. Mas ele não parecia feliz com a minha opinião. Tudo bem. Se ele aceita ser chamado pelo nome, então também posso aceitar isso.

- Ok. Você venceu. Mas com uma condição. – fui até ele. – A sua cadeira é a outra.

Ele trocou de lugar rindo.

- Você sempre tem condições, não é mesmo, senhorita Rodriguez?

- Sempre. – respondi, achando graça que ele tivesse aceitado a troca numa boa.

- Vou começar a impor as minhas condições também. – respondeu ele sério.

- E são muitas? – perguntei rindo.

- Você não imagina quantas.

Nossa. Aquilo era uma mudança no tom da conversa. Ele disse aquilo tão sério, olhando tão fundo dentro dos meus olhos, que poderia até soar como uma ameaça. Mas se foi a intenção, não deu certo. Aquilo para mim pareceu sexy demais para ser uma ameaça.


Justa CausaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora