two

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Harry é uma pessoa totalmente solitária e insegura, tem medo até da própria sombra. Um garoto que vive encolhido pelos cantos do quarto, não sorri nunca e jamais irá direcionar o olhar a você, sem mesmo para sua família. Ele não é perfeito, ninguém é, mas sua mãe não entende isso e desconta suas frustrações no pobre menino que mal entende seus próprios sentimentos. A vida de Harry não é uma das melhores, ele é ignorado e recebe olhares de ódio quando sai de casa e fica no jardim por um curto período de tempo, já que não aguenta os olhares e volta a se isolar.

Sua mãe já tentou de tudo. Remédios, psicólogos, psiquiatras, animais de estimação, alguns garotos que moravam aos arredores de sua casa, mas nada adiantou. Harry não se apega a nada, ele não cria laços com nada a sua volta. Nem com ele mesmo. Sua cabeça é diferente das outras pessoas, ele tem um jeito único de ver as coisas, é como se seu mundo todo fosse preto e branco.

Preto e branco.

Sem luz.

Ele não tem luz. Não tem brilho nos olhos, não tem um sorriso no rosto, não tem uma aparência tranquila. Harry é capaz de causar destruição e pesadelos naqueles que o olham. As pessoas têm medo dele ser algum tipo de assassino. Pura mentira. Ele não é capaz. 

Todo o processo doloroso das consultas ao psicólogo e psiquiatra acabaram para ele. Ao menos é isso que o menino acha. Sua mãe e irmã tem outros planos. 

— Gemma, eu não aguento mais ver aquele menino trancado no quarto sem ao menos receber um abraço. Sabem quando foi a última vez que ele falou comigo? 2 meses! - a mulher esbravejou na frente da filha.

— Mamãe, eu não quero machucar o H, você sabe disso. Mas... Nós precisamos. Não dá para conviver com ele aqui. Os vizinhos acham que ele é um assassino. Daqui a pouco a polícia vai parar aqui por alguma denúncia.

A mulher mais velha se senta no sofá aos soluços. Por mais dura que ela seja, aquele que está no quarto é seu filho. Seu menino.

— Eu... E-eu... Não posso Gemma. É meu filho... - ela tem um olhar suplicante para a menina loira.

— Não há nada a se fazer. Eu não quero ele aqui. Ninguém quer. É culpa dele que o papai foi embora!

— Não diga bobagens! Seu pai nunca nos amou, é por isso que foi embora. Não tente jogar a culpa no meu filho!

Com passos lentos a menina se aproxima da mais velha.

— Ele ainda será seu filho quando puxar a faca para nós?

E com isso a mulher se rende ao pedido da filha. Harry será internado em uma clínica para pessoas com problemas mentais.

-x-

Mais tarde naquele mesmo dia Harry está rabiscando algo em um pedaço de papel qualquer. É uma forma dele tentar dizer a elas, mas nunca da certo, não funciona, sua irmã entra naquele quarto apenas para o ofender e sua mãe tem medo. Ele quer dizer a elas, mas não consegue. O medo o impede. Elas não iriam acreditar, mas ele tem que continuar a tentar.

Ele passa os dedos na folha agora com algo desenhado e esfumaça, seus olhos repletos de lágrimas. Harry tem demônios internos que nem mesmo ele consegue compreender.

Um barulho na porta o faz largar os lápis e a folha no chão se encolhendo ainda mais. Ele tem medo que seja sua irmã com mais palavras ofensivas, mas não, é sua mãe.

— Oi, querido. Sou eu, sua mãe. - ela se senta na cama. — Eu estava me sentindo sozinha e queria conversar. Você pode me ouvir por alguns minutos?

Harry assente mesmo com o olhar para a janela coberta por grossas cortinas.

— Eu fiz o jantar. Gostaria que comesse conosco hoje. Eu... Eu entendo se não quiser, apenas... Estou com saudades de você. - sua voz começa a embargar e logo lágrimas grossas caem de seus olhos. Harry é capaz de ouvir seus soluços, mas está tão quebrado quanto ela. - Eu... Eu queria dizer que te amo, que eu fiz isso para seu bem e que nada é mais importante pra mim do que a sua felicidade. Só queria poder ver você sorrindo outra vez, queria que confiasse em para dizer o motivo de ter mudado tão drasticamente. Nem mesmo os especialistas conseguiram fazer você falar... - ela dá uma pausa e suspira. - Eu te amo, Harry. Não se esqueça disso.

Ela se levanta e quando está prestes a sair Harry tenta achar o papel, e quando acha é tarde demais. Sua mãe já havia batido a porta, o deixando com a mão levantada e com olhos suplicantes.

Ele se sente incapaz de qualquer coisa. Seu corpo ainda sente tudo aquilo, seu coração ainda é capaz de se quebrar dia após dia.

Com o rosto repleto de lágrimas ele se levanta e vai até a cama, onde deita e chora. Liberando toda a dor que está seu peito.

-x-

eu tentei.

espero que tenham gostado.

@sincerelycut

Philophobia - l.s Where stories live. Discover now