fourteen

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Eles já estão em casa após um dia bem cansativo e dolorido. Tantos conflitos aconteceram naquele dia, as emoções subindo a cabeça e se transformando em lágrimas grossas, era assim que Harry estava, principalmente naquele dia. Gemma não era a melhor pessoa do mundo, ela era cruel, suas palavras eram capaz de ferir até a pessoa mais corajosa, o clima pesado entre as pessoas, os olhares de pena viradas para o menino, ele só queria esquecer aquilo e seguir sua vida, mas todas as vezes em que fecha os olhos, a figura raivosa de sua irmã vem em sua mente e ele sente medo, por mais que ele não deva mais temer, ele teme por sua vida e pela vida de Louis. A alma da garota já estava condenada a todas as coisas ruins desse mundo. Harry só quer chorar, mas também quer se livrar do passado, deixar para trás a dor e o isolamento, porque agora ele tem quem o ame, quem vai lutar por ele e vai curar todas as suas feridas mais profundas.

Sua mãe que por mais distante que fosse, ele ainda a amava, mas não conseguia demonstrar nada. Só não conseguia. Pode parecer simples, mas não é. É doloroso. O isolamento é doloroso. A exclusão, a raiva, são coisas ruins que na maioria das vezes não planejamos, elas apenas entram sem você convidar. A dor de perder alguém é terrível, é algo como perder uma parte de si também, ele só queria poder ser diferente e mudar a situação, dizer o quando a ama e sente saudade, poder a abraçar como nos velhos tempos, mas Gemma tirou esse direito do garoto, e ele a vida inteira só queria o amor da irmã, e envés disso só recebeu ódio e desprezo. Ela não mede as palavras, apenas diz e doa a quem doer, mas Harry agora tem Louis e ele sabe que por mais que essa palavras entrem em sua mente, seu amor estará lá para o ajudar no que for preciso, sempre. Mas uma coisa ronda sua mente, será verdade o que Gemma disse sobre o noivo de Louis ser o mesmo cara que o machucou? Ele não sabe e essa dúvida corrói seu coração, ele sente vontade de chorar, mas não o faz, ele já não tem mais lágrimas para derramar, ele está cansado de chorar.

O menino está no quarto dele e de Louis, deitado na cama, encolhido, com as mãozinhas agarrando fortemente o travesseiro macio contra seu peitoral, a cabeça apoiada em outro travesseiro e os cachos espalhados pelo mesmo, uma visão fofa e ao mesmo tempo triste. O silêncio perturbador acaba quando o som da Madeira na escada de faz presente do lado de fora do quarto, mas Harry ouve e se encolhe ainda mais por saber que é Louis e que provavelmente irá entrar no local. E assim o mais velho faz, gira a maçaneta dourada e entra no quarto abrindo a porta lentamente e em seguida a fechando, encontrando um Harry virado de costa para si. Louis se aproxima com cuidado e senta ao seu lado na cama, encostando as costas na cabeceira e levando uma mão ao braço de Harry.

— Ei, amor. — ele chama. — Está tudo bem? O jantar está pronto.

Harry nem se mexe e demora alguns segundos até que sua mente processe aquilo tudo para enfim responder.

— Eu estou bem. — diz baixinho e aperta ainda mais o travesseiro, os nós de seus dedinhos ficam brancos cada vez mais.  — Não estou com fome.

— Você tem certeza de que está bem? — insiste, já que ele conhece muito bem seu menino para saber que tem algo de errado acontecendo.

Harry permanece virado, não mexe um segundo, apenas seu peito que sobe e desce informando que ele está respirando, o que poderia ser confundido com o menino dormindo, mas ele não está e Louis já está ficando preocupado com tanto silêncio. Retira sua mão do braço do outro e quando abre a boca para falar, mas é interrompido por Harry.

— V-você teve um noivo?

A pergunta pega o de olhos azuis de surpresa, ele não esperava que Harry perguntasse uma coisa dessas, ele iria conversar com o menor sobre isso mais tarde, não em um momento delicado como esse.

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