nine

1.2K 135 96
                                    

Harry está uma bagunça. Literalmente. Já fazem duas semanas desde a última vez em que seus olhos verdes encontraram os azuis límpidos de Louis. Já fazem duas semanas em que ele não come, não dorme, não tem vontade de absolutamente nada que não seja pensamentos suicidas. Duas longas semanas após o ocorrido com Gemma, sua irmã, que deveria ser aquela a lhe proteger, dar carinho, amor e atenção, mas ao contrário disso tudo, ela apenas o despreza, o humilha e machuca seu coração. Ele só queria poder contar para alguém o que realmente aconteceu, contar que foi tudo muito rápido e que não foi sua intenção. Infelizmente, seu coração é puro demais para as maldades que Gemma planeja e já planejou com o decorrer dos anos. Harry se sente bastante perdido em relação à isso tudo, ele não sabe o que está acontecendo, ninguém lhe diz nada, seu corpo está começando a demonstrar fortes sinais do que ele está sentindo; olheiras profundas formando bolças roxas abaixo de seus olhos, bochechas excessivamente magras, braços finos, lábios cortados e ressecados, cabelos sem vida. Harry não é mais aquele Harry de anos atrás, e por mais dolorido que aquela época lhe causou, ele se sente ainda mais dolorido agora.

As pessoas agem como se tivessem medo dele, medo de que ele pudesse as causar algo danoso, sendo que o pobre menino só quer carinho e um pouco de compaixão. Receber olhares de ódio e medo é uma das piores coisas, saber que todos os seu redor o temem sem necessidade é devastador. A coisa tomou proporções tão grandes que até um policial foi colocado em frente à porta de seu quarto, exclusivamente para proibir a entrada de qualquer pessoa que não fosse autorizada a entrar. E Harry já ouviu conversas de uma voz grande dizendo que principalmente Louis não iria entrar ali.

Sozinho e com medo, lágrimas gordas e pesadas descem de seus olhos, em um choro silencioso. Não há ninguém para o ouvir, e se o policial está ouvindo — coisa que ele está — não deu atenção. Ele poderia gritar, espernear, criar um escândalo, fazer todos virem para seu quarto apenas para ver Louis, mas não, ele não o faz. Seu choro é de dor, de angústia, um choro que corta a garganta e destrói seus ouvidos. É tão baixo e profundo, mas no silêncio é possível o ouvir. Ele poderia chamar sua mãe, clamar para que ela o atendesse, mas Harry só chama por ele.

Louis... Louis... Louis...

Em uma melodia triste.

Louis... Me ajuda... Eu preciso de você... Volta...

A mente é traiçoeira, e as vozes que o perseguem invadem seus pensamentos sem sua permissão. Coisas maldosas, que destroem, causam dor.

Bicha.

Se mata.

Ninguém te ama.

Um viado a menos no mundo.

Esses pensamentos foram interrompidos pelo barulho do trinco da porta. Uma onda de esperança invadiu seu pequeno e frágil corpo. Era seu Louis. Ele voltou. Mas não, não era Louis, era Niall chegando para lhe dar a medicação do dia, e o rosto do loiro se transforma em pena e dor ao ver o estado do garoto. Os soluços se aumentam, o desespero na face do mais novo.

— Harry, por favor, por favor, não chore, querido. — Niall se aproxima e larga a bandeja que está em suas mãos em cima do criado mudo ao lado da cama.

— N-não é e-ele... N-não é... V-você n-não é m-meu L-Lou...

Mais lágrimas gordas saltam de seus olhos e o loiro se senta em sua cama, violando todas as regras, apenas para acalmar aquele ser tão indefeso. Hate busca por respostas, ele quer saber o que fizeram com Louis, o que aconteceu para ele sumir desse jeito. Será que ele se assustou com aquela cena?

— Oh, querido. Eu não sou o Louis, mas... — ele tenta buscar palavras, engole em seco e continua. — Louis está bem, eu garanto.

— E-ele não gosta m-mais de mim? — pergunta abaixando a cabeça.

Philophobia - l.s Where stories live. Discover now