Capítulo 26

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O caminho sempre esteve em você mesma
Portanto tome as rédeas e as costuras 
E todas as suas esperanças e sonhos esfarrapados 
E pinte um mundo onde não há necessidade de chorar
Seja você mesma Cinderela 
Porque ninguém mais poderia fazer isso melhor 
E quando o relógio bate à meia-noite 
Mesmo que esses chutes não me façam sentir bem 
Eu estarei com você para sempre

(Trecho traduzido de Cinderella - Boyce Avenue)


Bruna Hudsen

 Minha paciência está no limite. Essa mulher não faz ideia do perigo que corre, das coisas podres que eu sei sobre ela. Se soubesse não estaria me importunando por causa de uma simples arrumação de araras.

– Você pensa que é a dona desse lugar! – ela quase cospe enquanto fala – Está pensando que pode fazer o que bem quiser?!

– Será que dá para você calar a sua boca imunda? – chego bem perto e grito de volta.

– Você não passa de uma pirralha rebelde e mimada. Nem sua mãe te quis!

 As palavras me atravessam causando muito mais dor do que eu imaginava ser possível. Aperto os olhos com força para as lágrimas não escorrerem.

 Eu não sou uma fraca. Eu não sou uma fraca.

 A mágoa se transforma em raiva e eu acerto um tapa no rosto de Roberta. Sei que doeu porque minha mão está ardendo.

– Nunca mais fale assim comigo – digo em voz alta para que todos a nossa volta escutem.

– Vou falar do jeito que eu quiser!

 Deixo meu lado racional para trás e pulo sobre Roberta. Tento dar outro tapa, mas sou impedida por alguém que me tira de cima dela.

– Você precisa se acalmar. – Léo me segura pelos braços e olha em meus olhos – Não dê o que ela quer – ele gesticula com a cabeça em direção à Roberta, que já fugiu para um canto da loja.

– Tudo bem – respiro fundo até estar mais calma, mas não tiro meus olhos dos dele.

– Você... Você é muito bonita, até mesmo quando está brava – ele está visivelmente nervoso, mas não solta meus braços e sorri.

– Ah... Obrigada – sorrio de volta, um pouco constrangida.

– De nada. – ele parece finalmente notar que ainda está me segurando e me solta – Não se importe com o que essa mulher diz. Tem muito mais gente que gosta de você do que possa imaginar.

 Suas palavras me confortam tanto quanto me surpreendem. Nunca pensei que ouviria isso de alguém, muito menos dele.

– Você é muito gentil, Léo. Gosto disso – fico na ponta dos pés e beijo sua bochecha.

 Vejo o rosto dele se iluminar e o sorriso fica maior. Por que eu nunca reparei que ele tem esse sorriso bonito?

 No fim do dia, encontro Anna na sala das vendedoras para levá-la para casa, já que meu primo está em reunião e não a deixa mais andar sozinha depois do sequestro.

– O que é isso? – ela enfia a cara no meu armário para espiar.

– Não sei – pego o objeto e observo confusa.

– Você ganhou uma rosa! – ela dá um gritinho empolgado – Quem te deu?

– Já estava aqui quando chegamos – reviro a flor atrás de um bilhete, mas não encontro nada.

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