Tudo de Mim

Capítulo 43

Eu tenho o primeiro beijo
Ela vai ter o último
Ela tem o futuro
E eu tenho o passado
Eu tenho o anel de classe
Ela tem o diamante e a banda de casamento
Eu tenho o menino
E ela tem o homem

(Trecho traduzido de I Got The Boy - Jana Kramer)

Vanessa Albertini

Sinto meu coração tão disparado que preciso parar de correr por um momento antes que ele deixe de funcionar. Apoio as costas contra a parede do primeiro beco deserto que encontro e fecho os olhos. Imediatamente as imagens do que acabei de fazer invadem minha mente.

Anna não parava de falar. Ela realmente achou que poderia me dar conselhos sobre recomeçar. Justo ela que destruiu a minha vida. Eu precisava fazê-la calar a boca, precisava calar todas as vozes em minha cabeça, então atirei.

Vê-la caída, o sangue se esvaindo de seu corpo, a vida sendo sugada através daquele buraco de bala, aquilo me trouxe, de alguma forma, a sensação de liberdade que eu tanto procurava nos últimos anos. A minha vida poderia estar de cabeça para baixo, poderia estar despedaçada, mas ainda existia. Pobre Anna, não teve a mesma sorte.

Retiro o celular do bolso de trás da calça e pondero para quem devo ligar. Posso ir atrás de Daniel agora que aquela maldita caipira não está mais em meu caminho porque eu a matei. Eu matei uma pessoa. Bem, foi ela quem pediu por isso. Cansei de avisar, mas ela não quis me dar ouvidos. Assim sendo, precisei agir. Não foi culpa minha, mas Daniel não vai entender isso porque ele é um idiota que só se importa com os próprios sentimentos. Como eu pude amá-lo por tanto tempo?!

É por isso que digito o número de Victor. Ele vai saber o que fazer, sempre sabe.

- Você está me atrasando, Vanessa. - Sua voz soa irritada do outro lado.

- Desculpe, eu... Preciso de você. - Tento esconder a mágoa.

- O que aconteceu?

- Cometi um erro.

- O que você fez agora? - Posso imaginá-lo revirando os olhos.

- Não posso falar por telefone, é arriscado. Podemos nos encontrar?

- Você sabe que hoje é o dia do plano. Inclusive, está quase tudo pronto.

- Eu sei, mas é que o que eu fiz muda tudo. Por favor, deixe-me encontrá-lo.

- Não vai dar tempo, Van. Sabe que terei que correr para o aeroporto assim que o alvo for eliminado. Tenho que fugir depressa.

- Vou com você.

- Não! É muito perigoso.

- Não me importo, quero ir com você. - Estou quase implorando.

- Desista, isso não vai acontecer. Não colocarei sua vida em risco.

- Ela não vale muito agora.

- Não diga uma bobagem dessas nunca mais, entendeu?! - Ele grita.

- Estarei te esperando no aeroporto. - Deixo as lágrimas caírem. Se ele não se importasse, eu não estaria mais aqui.

- Não ouse. Combinamos que você irá até mim quando as coisas se acalmarem. Siga o maldito plano! Preciso desligar, está quase na hora.

- Victor - chamo.

- O quê?

- Tenha cuidado.

- Você também.

Ele encerra a ligação e meu coração está ainda mais acelerado. Em poucas horas estaremos juntos, fugindo do país para recomeçarmos em qualquer lugar o mais distante possível dessa cidade. Juntos. Eu e Victor juntos.