Capítulo 39

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Eu dei o meu melhor para você
Não há nada melhor a fazer
Mas eu vou chorar pela última vez
Uma última lágrima
Antes de deixar tudo para trás
Vou expulsá-lo de minha mente dessa vez
Parar de viver uma mentira
Estou disposta a chorar pela última vez

(Trecho traduzido de One Last Cry - versão Marina Elali)


Daniel Mason

  Duas horas. Esse é o tempo exato que estou na varanda do apartamento torcendo para Anna aparecer, afinal é o único jeito que tenho para vê-la agora que ela tem me evitado a todo custo.

 Ela pediu à minha mãe que a mandasse em trabalhos nas agências parceiras só para não me encontrar na Mason. Não adiantou nem pedir para Clara não me tirar as poucas chances que eu tinha de ver Anna porque ela não quis me ouvir. Disse que sua nora – ou melhor, ex – precisa de espaço.

 Entro para o quarto, cansado de esperar, e pego o porta-retrato sobre o criado mudo. Observo a fotografia que comprei de um paparazzo do momento em que pedi Anna em casamento. Ela estava tão linda, como sempre. Seu sorriso era a única coisa capaz de demonstrar toda a felicidade que estávamos sentindo naquele dia. Felicidade essa que eu estraguei e me amaldiçoo todos os dias por isso.

 Aperto o porta-retrato contra o peito deixo que as lágrimas caiam. Escorrego até o chão e encosto na parede. Permito que toda a dor irrompa através do choro, mas o alívio não vem junto. Sinto-me como se estivesse sufocando. Tantos dias sem ver minha menina estão me deixando louco.

 Afasto o porta-retrato para encará-lo. Corro o dedo indicador pela imagem de Anna, analisando cada traço dela. Tão linda quanto um anjo...

– Perdão, amor. Por favor, me perdoa. Eu sinto muito, muito, muito. Não mereço você. Odeio não poder estar ao seu lado.

 Fecho os olhos e permaneço assim por um tempo. O que farei agora, sem meu amor? Fui tão idiota e Bruna ainda tentou me alertar sobre isso, mas fiquei com tanto medo de magoar Anna que acabei fazendo coisa pior. Deus, como vou consertar isso?

 O toque do celular me chama atenção. Levanto e caminho até a cômoda para pegá-lo. Desbloqueio a tela e leio a mensagem da minha mãe.

"Venha trabalhar. Precisamos conversar."

 Respiro fundo. Só o pensamento de sair de casa me deixa exausto, mas Clara ainda é minha chefe e eu ainda tenho um emprego pelo qual lutar, por isso levanto e caminho até o banheiro. Lavo o rosto e olho meu reflexo no espelho.

– Chega disso. Você é Daniel Mason e ninguém precisa ver o seu estado – digo para mim mesmo.

 Dessa vez ninguém me verá sofrer. Não serei mais aquele homem fraco que as pessoas se acostumaram a ver. Não haverá mais notícias sobre um Daniel Mason derrotado e abandonado. Mesmo que eu esteja destruído por dentro, o mundo jamais me verá como alguém quebrado novamente.

 Retiro a foto da moldura e guardo no fundo do armário. Escolho uma roupa e tomo um banho frio antes de ir para a empresa.

 Ignoro a fome que estou sentindo e pulo o café da manhã, indiferente se irei passar mal por conta disso. Entro no carro e dou partida. Nem o trânsito caótico de St. Mary é capaz de me fazer esboçar qualquer reação.

– Sr. Mason, a sra. Mason aguarda no escritório principal. – Roberta informa quando chego.

– Obrigado. – Agradeço e entro no elevador. Desço no último andar e bato na porta.

Tudo de MimWhere stories live. Discover now