1. cite seu livro favorito

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1. cite seu livro favorito


" Érica entrou desesperada pelo corredor úmido. As masmorras não eram o lugar ideal para damas como ela. Seu longo vestido creme sofria com a fuligem, mas ela tinha espaço apenas para o terror que estava por vir . Seus pais tomaram decisões as quais sua mente não conseguia compreender, e o seu coração batia dolorido por seu amado, que estava pendurado, sofrendo e com fome, em uma cela a qual não pertencia. 

Ela o avistou, alguns passos de distância. Sua mão indo até seus lábios que não conseguiram permanecer fechados. A visão dele, sem forças para se manter em pé, sendo esticado por algemas de ferro que cortavam a sua pele.

 Augustin!  Ela exasperou. Seu amor estava coberto por suor e imundícies, sem suas roupas para protege-lo do frio e ela não continha a raiva e tristeza dentro de si. Ele, com a sua pele negra e -"


     — Merda! — Parei de digitar. Minha cabeça doía conforme a história ia sendo posta na tela do computador e aquilo estava me chateando. Estava sofrendo um bloqueio, com certeza; sentia que a história não estava indo do jeito que eu queria, muito menos de com os meus personagens queriam.

     Escrever sempre fora algo que me acalmava, mas a história de Augustin e Madame Érica estava me trazendo mais nada que uma leve tristeza. Eu acreditava que todos deviam escrever em algo que acreditavam, e eu acreditava tanto nos dois personagens, mas nada faria com que eu voltasse para esta história de amor se não escrever outra história que encantava-me mais ainda. 

    A outra história, que chamava o meu nome e estava escondida dentro do caderno rosado ao lado do computador, constringia-se para eu voltar a escrevê-la.

     Tocando a capa dura do caderno, pensei em realmente largar o romance de Érica e Augustin, algo que eu estava trabalhando há alguns meses e que precisava entregar à minha editora em menos de duas semanas para as revisões. Era uma ideia patética, deixar o romance histórico, mas eu não lutei contra.

     Abrindo a pasta da trilogia que comecei como uma brincadeira sobre o romance de Apolo e Aimée, cliquei no arquivo do segundo livro no computador enquanto abria o caderno que continha o meu planejamento e frases aleatórias as quais eu um dia ia usar ou não. 

    Minha letra era de uma escrita feroz e rápida, rabiscos complementados de setas e de diferentes cores. Descrevia as coisas de uma forma que minha fala não conseguiria, mesmo que eu tentasse constantemente passar o que eu escrevia para ela. Com a fala, algumas horas vinha com naturalidade, outras eu preferia ficar quieta. Era uma questão de orgulho, quase. 

    Virando as páginas, fui onde eu descrevia todas as características de cada personagem e fiquei me perguntando o motivo do meu fascínio pelo protagonista inspirado em alguém que eu nem conhecia. Sempre tivera medo de criar algo nada verossímil e ainda sim criei ele. 

    O meu Zeus. 

    Escrito através das minhas mãos, mas inspirado por ele que nunca deixava minha mente. Ele, que sequer conversava com alguém para que eu conseguisse, pelo menos, fazer algo próximo da realidade. Me sentia perdida, e a única que sabia daquilo era minha editora, Jordana, o que fazia com que eu ficasse mais fora de rumo, pois nem com Aimée podia conversar. Ela não fazia ideia que eu tinha transformado o conto dela e de Apolo em um romance, muito menos que estava planejando outros dois sobre o amigo e o irmão de Apolo.

     — Oi, tu pode me ajudar? — Uma voz feminina chamou minha atenção. 

     Balançando a cabeça, voltei a por os pés na realidade. — Sim, sim. Com o quê? 

Boa tarde, Zeus ✓Onde as histórias ganham vida. Descobre agora