14. lute por uma tarde inteira - pt. 1

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14. lute por uma tarde inteira pt.1

      O cheiro era forte dentro do carro dos capangas de Alli. Cheiro de cigarro, sangue e madeira. 

      Eu estava sentado nos bancos de trás com um deles, e os outros dois ficavam na frente. O carro era padrão do que eles normalmente me pegavam, mas era maior. Eles tinham me pego no centro, onde eu tinha ficado na academia. Estávamos indo direto para a casa de Iara, e como eles sabiam o seu endereço preferia não pensar. A ideia de que eles estavam vigiando todos os meus amigos parecia surreal até acontecer. 

     E pensar sobre isso faria com que a minha vida e a deles ficasse mais presa ainda aos perigos de Alli, eu não ia conseguir me aguentar. Já queria colocar um belo soco na cara de cada um. Não sei o que seria capaz se eles realmente ferissem Iara ou meus irmãos, ou qualquer um deles. 

     Nós paramos na frente do seu prédio e ela já estava parada na frente do seu portão. Não fiquei assustado porque eu mandei a mensagem para ela ficar pronta. Seria pior ainda se eles saíssem do carro, algo sobre eles verem o que eu tinha visto me deixava agitado. 

     Ela vestia uma calça mais social que era de cintura alta, uma camiseta preta e um tipo de blazer da mesma cor da calça. Eu desejei que ela tivesse coberto aquela pequena parte da sua barriga que ficou à mostra. Mas do que adiantaria? Ela usar roupas que mostravam a sua pele ou não, não iria diminuir como ela era sexy e linda, e todas as outras palavras que eram demais para eu lembrar. 

     Quando o capanga que tinha sentado ao meu lado no banco de trás abriu a porta e saiu, ajeitando o meio das suas pernas, eu senti a raiva voltar com toda força. Aquilo sim era ridículo, agir daquela maneira e principalmente com ela. 

     Então foi ela entrar no carro, e me olhar com aqueles olhos escuros que eu esqueci dele.

     — Oi. — Sentando do meu lado. Estava assustada com leve tremor na sua voz. 

      Eu consegui prestar atenção nela, mas logo que eu esqueci do idiota do capanga eu voltei a ter aquela revolta dentro do meu peito por ter me deixado levar em relação a todas aquelas pessoas. O plano era manter uma certa distância, era ficar tranquilo, ganhando o dinheiro e aproveitar quando desse. Nenhuma dessas coisas envolvia criar laços de sentimento. Nenhuma dessas coisas deveria ter ocorrido. 

     Muito menos os dedos de Iara alcançarem o tecido da minha calça, segurando com força como se estivesse agarrando um pouco de coragem. 

     Ela não deveria ter ocorrido. 

      Respirando fundo, deixei minha mão cair para o lado da minha coxa. Os seus dedos era macios contra os meus, e só pensava como ela estaria pensando que os meus eram ásperos demais. 

    Entrelacei nossos dedos e apertei a sua mão. Talvez precisava da coragem que ela tinha para mim. Desde quando, eu não sabia. Mas ali, só queria que ela sentisse que estava segura ao meu lado, por mais que ela continuasse com medo, olhando tudo o que nós passávamos e o próprio homem que estava sentado do seu lado.

     Ela era mais esperto do que tentar qualquer coisa com ela. O mais próximo que ele ia chegar a ela era ali e já era perto demais para mim. De novo senti a necessidade de puxar rápido o ar para os meus pulmões. Eu agarrei a sua mão com mais força, a ponto de ela vir com a outra mão e colocar ela em cima da minha. O movimento chamou a atenção dos outros, mas eles não falaram nada e eu pedi que continuasse assim. 

     Ao longo do caminho ela ficou com as duas mãos ali, até eu precisar soltar, o nervosismo era alto demais e eu estava agitado. Quando nós viramos na rua de chão de areia para o galpão abandonado de Alli, passei os dedos no meu cabelo, soltando e amarrando os fios de novo.

Boa tarde, Zeus ✓Onde as histórias ganham vida. Descobre agora