20. por ela vale a pena lutar

2.1K 357 290
                                    


Estão prontos? 


i n d i c a ç õ e s   p/  e s t e  c a p í t u l o : 

opcionais:

lovely - billie eilish

secrets - one republic 

principal:

atlantis - seafret


20. por ela vale a pena lutar 

     Tinha voltado a não contar as coisas. 

     Não contei como eu tinha razão de ter suspeitado a calmaria que tava, e o fato de que eu não tinha ido embora, ou que ia fazê-lo isso do jeito que todos esperavam mas não queriam acreditar. 

     Ia ser de uma hora pra outra, sem explicações. Afinal, o último dia que eu ia falar com eles, até mesmo com Apolo e Aquiles, as coisas não saíram como o planejado.

     Quando eu estava caminhando até a casa de Aimée uma última vez, fazendo o caminho da academia no centro até lá, uma caminhonete preta e blindada começou a me seguir devagar. Não precisava pensar duas vezes pra saber quem era, ou entender que correr seria como pedir de novo uma bala na cabeça. 

     Eu entrei, mochila no ombro, coração apertado e a pele já pronta pra ficar roxa de novo. 

     — Ora, ora, Zeus, já estava ficando com saudades de ti. — Alli disse, olhando o celular. Dois seguranças sentavam nos bancos extras do carro que ficavam na parte do porta-malas, e os dois faziam questão de mostrar que estavam armados, assim como o segurança que estava no carona. 

     — Eu já paguei a dívida. — Respondi no melhor tom que eu conseguia, mas a verdade era que eu não estava conseguindo esconder que, de alguma forma, eu estava feliz por aquela parada dele. 

      Podia não sentir falta do que ele representava, mas sentia falta das lutas e eu sabia também que ia ser difícil conseguir lutas por dinheiro enquanto estivesse ali e com a minha idade. E, mesmo que eu conseguisse, o que ele iria fazer comigo? Não sabia, só sentia que era difícil.

      — Claro, claro. — Ele falou, balançando a mão na minha direção. — Mas, a questão é se tu parou de lutar pra mim. 

       O resumo era que ele não estava ganhando dinheiro como antes. Sem eu na lista os homens não pagavam as mesmas quantias, não provavam das mesmas drogas e nem contratavam as garotas. E ele ficava sem alguém pra manipular e mudar os resultados. 

      — Eu parei, esse era o trato. 

      Olhando de lado para ele, esperei que falasse alguma coisa, mas ele continuou mexendo no celular. O carro continuava e continuava, indo além da cafeteria, e seguindo o Guaíba e a sua orla, pra além da zona sul. 

      Aquele caminho que eu tinha feito tantas vezes com os capangas, uma só vez com uma garota que fazia tudo aquilo doer mais ainda. 

      Quando a gente chegou no galpão as tendas estavam montadas e os lutadores estavam em final, indo para as novas lutas. Poucos carros estavam na frente do lugar, provando a minha teoria que os homens não estavam apostando como antes e nem estavam interessados naquilo. 

Boa tarde, Zeus ✓Onde as histórias ganham vida. Descobre agora