Capítulo 7

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      O segui calada, aquela reação foi tão aleatória quanto o beijo. Nós voltamos pelo mesmo caminho, eu relembrava o beijo o tempo todo, não entendia de onde vinha tanto interesse repentino nele, era como se eu fosse um imã que não conseguia desgrudar dele, a atração era muito forte e não fazia sentido nenhum. Não fazia nem vinte e quatro horas que eu o conhecia.
Senti mais uma vez aquela vontade intensa de o beijar e me segurei muito para não fazer, era ridículo como eu quase não tinha controle do meu corpo.
     —Você me enfeitiçou? — minha voz lutou para sair.
     —O quê?
     —Você me enfeitiçou? — repeti — Fala a verdade.
     —Não. — riu — Por quê?
     Não é como se ele tivesse me beijado a força, porque eu realmente queria, mas eu sentia uma coisa... estranha.
     —Sei lá, tem algo estranho.
     —Você deve ter se apaixonado. — brincou.
     —Ah, claro. — falei em tom ironico.
                                                                                 ***
     Saímos da caverna pelo mesmo local que entramos. 
     —Pra qual lado? — perguntei, limpando a roupa cheia de poeira.
     —Pra cá. — andou na frente e eu o seguí — Mas precisamos tomar cuidado, a lua sangrenta tá chegando, os sangrentos precisam de oferendas.
     Assenti.
     —Você é uma deles? — perguntou.
     —Não, sou lunar. —parei de andar e mostrei a marca de lua na perna direita, voltando a andar em seguida.
     —Sério? — sorriu e abaixou um pouco a camiseta, mostrando sua marca no peitoral. — Eu também sou.
     —Quando você iniciou? 
     —Ah, eu sempre gostei de passear na floresta, daí, quando eu tinha nove anos fui parar num vilarejo. Acabei fazendo amizade com as crianças de lá, até que um dia fui de noite e os moradores me iniciaram.
     —Então você não escolheu?
     —Escolhi sim, sempre me guiei pela lua.
     —Bem, eu acho que lembro de você. Era do meu vilarejo que você tava falando.
     —Você era a ruivinha que me puxou? — riu.
     —Eu não sou ruiva.
     —Imagina... — foi ironico.
     —Enfim. — revirei os olhos — Quem diria que nos encontraríamos mais tarde.
     —Pois é, o mundo é pequeno.
     E então, um silêncio horrível ficou entre nós dois. Comecei a prestar atenção na floresta, o mato não era muito alto, mas tinha muitas árvores. E apesar de ser bem densa, alguns raios de sol iluminavam o caminho. Também tinha um caminho de terra que seguíamos e que nem tinha percebido. 
     Não pude deixar de lembrar do beijo, olhei para Zig que parecia tranquilo. Ele olhou para mim quando percebeu que eu o encarava. 
     —O que foi?
     —Nada, só estava pensando. — desviei o olhar e suspirei.
     —No quê?
     —Bem, não acho que o verdadeiro objetivo do jogo seja esse. Quer dizer, se eles quisessem só o Elemento Oculto, teriam mandado todos os elementais, não teriam separado em dois grupos.
    —Legal sua lógica, mas sabe que sou do Conselho, né?
    —Vai fazer o quê? Me matar? — ri — Se você quisesse, eu já estaria morta.
    Ele se calou, mas ficou com um ar inquieto.  

  

O Elemento Oculto - A BuscaWhere stories live. Discover now