Capítulo 10

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     —Quando vai me contar o que aconteceu? — tirou um pouco da terra de uma das espadas e fez careta para a parte da outra que se prendeu no bastão, parecia arranhada.
     —Só não nós demos bem. — falei.
     —Sei. — rodou a espada na mão — Sabia que aqui tem uma banheira com águas termais?
     —Era nosso sonho entrar em uma. — ri — Quer ir, né?
     —Claro. — sorriu — vou trocar de roupa.
                                                                             ***
     Emi não demorou, o quarto dela não era longe. Quando voltou, eu já tinha colocado um biquíni, e ela não estava mais com as roupas de couro, mas com uma calça de algodão folgada, chinelo é uma camiseta rosa claro.
     —Você se troca rápido.
     —Eu sei. — se ganhou — Vamos lá.
     A banheira ficava fora do Templo, não meio do jardim de flores brancas e azuis aparentemente bem cuidadas. Senti um pouco de frio, a noite já tinha caído, o céu estava azul escuro. Emily pegou duas toalhas brancas num armário marrom escuro.
     —Você já entrou em alguma? — perguntei enquanto olhava o vapor sair da água.
     —Sim, eu tenho viajado muito nos últimos meses, lembra? Sophia deixou uma herança para mim, tô gastando antes que Erik descubra. — tirou a blusa, a calça e o chinelo, ficando apenas de biquíni roxo — Ele ainda me odeia.
     —Entendi. — também tirei e fiquei com meu biquíni preto.
     A água estava quente, mas não sabia dizer se estava tão quente a ponto de queimar. Eu não me queimo, não tenho queimaduras, nem sinto nada muito quente.
     O frio começou a passar quando a água ficou no meu peito, encostei o pescoço na parede da banheira e suspirei.
     O céu estava mais escuro e estrelado, o tempo na nossa dimensão passava rápido. A lua estava cheia e amarela, quase alaranjada. As damas-da-noite estavam começando a se abrir, espalhando seu perfume pelo jardim.
     Me senti totalmente relaxada, esqueci de tudo que já tinha acontecido, que estava acontecendo e que iria acontecer. Não lembrava do vilarejo, do jogo, nem de Zig, era como se aquelas águas me absorvessem e virassem parte de mim.
     Ainda com essa sensação, abri os olhos. Emi parecia sentir a mesma coisa que eu, seu rosto estava rubro e algumas mechas caiam sobre ele. Ela parecia a mesma de doze anos atrás, com os mesmo cabelos loiros e lisos. Suas bochechas rosadas me traziam a lembrança das noites frias de quando eu tinha sete anos e ela oito. Mary cuidava dela quando Sophia, sua mestra, viajava a negócios, nós tomávamos chá quente na frente da lareira.
     Ela abriu os olhos devagar e sorriu quando encontrou os meus. Os olhos de Emily era tão verdes quanto uma esmeralda e puxados, como os de um gato, ainda tinham a mesma inocência de antes.
     —Tá pensando no quê?
     —Apenas relembrando bons tempos. — respondi.
     Afundei mais um pouco, até a água ficar no pescoço e suspirei.  

O Elemento Oculto - A BuscaWhere stories live. Discover now