Capítulo 8

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   Estava tão distraída que nem percebi a enorme árvore na minha frente, cheia de flores esbranquiçadas. No meio dela tinha uma casa pequena de madeira com luzes e cipós pendurados na frente.
     —Uma casa na árvore? Quem diria.
     —Eu tenho minhas economias. — sorriu.
     Zig subiu bem rápido por uma escada com trepadeiras nos corrimãos, mas o segui devagar, não era acostumada a subir escadas assim.
     A casa era simples, mas bem decorada, parecia ser menor por fora. Tinha apenas um sofá, uma mesa de centro e uma estante de livros na sala. Os móveis eram diferentes dos da nossa dimensão.
     —Onde conseguiu essas coisas?
     —Mercado negro. — apontou para o sofá — Senta aí.
     Nossa dimensão é diferente, temos quase todas as tecnologias que a dimensão mais conhecida tem, mas nossos costumes são mais antigos, além de podermos usufruir da magia.
Ele andou até a cozinha e parou na frente da geladeira. Do sofá, dava para ver a mesa com duas cadeiras, a pia e a geladeira.
     —Olha, é uma geladeira.
     —Eu sei.
     —Mas uma geladeira normal era muito cara pra comprar com minhas economias, e meu vô não ia me dar dinheiro pra isso, então eu fiz a minha. — bateu o dedo de leve, fazendo barulho parecido com vidro — Gelo.
     —Criativo. — sorri.
     Zig abriu a geladeira e pegou duas garrafas de vidro. Sentou do meu lado e me entregou uma delas.
     —O que é isso? — examinei a garrafa.
     —Hortelã, Alfavaca e Canela. — tomou um gole — Serve para aliviar o estresse.
     —É quase um veneno. — ri e bebi. Não era amargo como eu esperava que fosse, tinha gosto de Tutti-Frutti. — É bom.
     —Eu que fiz. — sorriu.
     —Então você também gosta de fazer poções?
     —Não chamo de poções, eu não uso magia nisso. Eu chamo de Horfanela.
     —Esse nome é horrível. — ri.
     —Eu sei. — riu e tomou mais um pouco.
     Andei até a estante e comecei a olhar os livros. Ele era muito interessado em ciências, tinha livros sobre plantas, ervas, outras dimensões e até de espécies de borboletas.
     —Você gosta bastante de natureza, hein?
     —Sou elemental, faço parte da natureza. Você não gosta?
     —Gosto, mas prefiro a parte da magia, afinal, a magia também é parte da natureza. — respondi.
     —Entendi, então você vai gostar desse. — se levantou e pegou um livro na parte de cima, me dando em seguida.
     —"A magia das outras dimensões"? — li.
     —É, nem todas as dimensões usam magia como a gente.
     —Gostei, você vai me emprestar?
     —Vou, só toma cuidado com ele, por favor. Foi presente de uma amiga.
     —Relaxa.
     Ele olhou para minha boca calado por um momento, senti aquela vontade novamente, mas ele desviou o olhar antes que eu pudesse fazer qualquer coisa e andou até o meio da sala, olhando o relógio da parede.
     —Acho que deveríamos ir, Pitter me chamou para treinar. — fechou a janela em cima do sofá.
     —Tudo bem. — tomei o resto da Horfanela e saí antes dele, que apagou as luzes e trancou a porta. Descemos as escadas, seguindo o caminho.

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