Capítulo 17

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     Fechei a porta do quarto mordendo os lábios. Eu sabia o quanto queria beijar Zig, mas sabia o que isso custaria.
     —Finalmente chegou. — Emi tirou os saltos, parecia que tinha acabado de chegar também — Preciso te contar o que aconteceu.
     —Eu também. — falei.
     Fazia tempo que eu não conversava com Emi, mesm que fóssemos melhores amigas desde o berço.
     —Eu acho que conheci o amor da minha vida! — abriu o zíper do vestido verde-água.
     —De novo? — ri — O Pitter?
     —Não, eu e Pitter somos amigos, e ele prefere o mesmo que nós. — prendeu o cabelo — Ele se chama Gabriel. É alto, loiro e tem olhos âmbar. — se jogou de costas na cama com a mão no peito.
     Gelei. Emily tinha descrito o homem que dançou comigo, além de dizer o mesmo nome.
     —E como sabe que ele é o amor da sua vida? — perguntei tirando o vestido, tentando não transparecer meu nervosismo.
     —Ah, eu só sei. — sorriu — Sua vez de contar.

     Contar para Emi o que aconteceu desde que eu cheguei no templo foi demorado, e quando terminei nem eu mesma acreditava que tudo aquilo tinha acontecido em tão pouco tempo. Omiti o pedido de casamente de Gabriel e a história de "poder absoluto", ela não precisava saber.
     Emily me contou que já teve um caso rápido com Zig, mas que não foi nada de mais e que não mudava nada entre a leve amizade que tinham. Ele parecia ter muita experiência com mulheres...

     Demorei para adormecer, as palavras de Gabriel não saiam da minha mente, além de relembrar o tempo todo do colar que Zig me deu. Quando finalmente dormi a cena que vi mais cedo se repetiu. Mary queimava com aquela energia horrível a encarando. Parecia com um desenho infantil, feito com giz de cera, mas o cheiro e a fumaça que entrava no meu nariz parecia totalmente real. E então, a energia tomou mais forma e começou a se aproximar de mim cada vez mais, até quase me tocar. Acordei com um susto, senti um vento gelado e vi a porta aberta, balançando levemente.
     Eu estava assustada demais para pensar em qualquer coisa. Emily não estava no quarto, não sabia para onde tinha ido, mas eu sentia que ela estava segura.
     Me levantei automaticamente, meu corpo estava trêmulo e fraco, eu estava com medo. Caminhei rapidamente pelo corredor sem olhar para trás, apesar de sentir calafrios ne espinha. Bati desesperadamente na porta de Zig, implorando mentalmente que ele abrisse logo e não me deixasse nem mais um segundo naquele corredor. Ele abriu sonolento, esfregando os olhos.
     —Aki? O que houve? — percebeu minha expressão assustada.
     Eu queria abraçá-lo, mas ao invés disso o puxei para eu beijo confuso e melancólico. Meu coração disparado com o pesadelo e com o beijo, junto ao dele.  

O Elemento Oculto - A BuscaWhere stories live. Discover now