thirty two

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HAYDEN'S POV

- Ok, então lá vai... Eu lembro disso como se fosse hoje. Eu tinha 14 anos, Brooke e eu fomos pra casa de uma amiguinha nossa e na casa dessa amiguinha tinha uma piscina. Estávamos brincando e correndo na beira da piscina e eu caí. Eu caí feio de verdade. Eu fiquei um minuto inteiro deitada no chão sem conseguir me mexer ou falar, a única coisa que aconteceu foi uma única lágrima cair do meu olho e passear pela metade da minha bochecha. Tinha tanta gente ao meu redor e eu só... Sei lá. Brooke estava lá, ela ficou me chamando desesperada e eu não conseguia falar ou me mexer.

- O que você sentiu? - Leya, minha psicóloga, perguntou calma enquanto ajeitava seu óculos com a pontinha do dedo, mas não desviando o olhar de mim nem por um segundo.

- Tinha muita gente lá e quando eu consegui reagir, me ajudaram a levantar, me deram gelo pra colocar na minha cabeça, ligaram pra minha mãe e continuaram brincando na piscina. - fui rápida em responder, sentindo meu corpo passear entre um calor infernal e um frio de rachar, ou seja, estava nervosa pra caralho.

- Não foi isso que eu perguntei. - Leya sorriu com os olhos e eu acabei sorrindo também. Não era um interrogatório, era só... uma conversa. Uma longa conversa que me fazia relembrar certas coisas que ainda pareciam memórias fresquinhas.

- Eu me senti sozinha. Tinha tanta gente e ainda assim eu me senti sozinha. Foi só um tombo e óbvio que as pessoas se preocuparam, mas eu estava viva e então todos foram curtir o resto do dia na piscina. - eu pensei pouco pra responder, só saiu. Uma parte de mim ainda parecia viver naquele dia, naquele momento, naquele nervoso.

- Mas você se sentiu sozinha. - ela reafirmou o que eu mesma tinha dito - E depois?

- Minha mãe me buscou e tia Ellie buscou Brooke. Eu meio que menti, eu disse que foi só um tombo besta e que nada tinha machucado, mas minha cabeça tinha um galo gigante e meu pescoço começou a doer pra caramba no dia seguinte e eu fui obrigada a contar pra minha mãe e ela correu comigo pro hospital. O médico disse que estava tudo bem, mas quando chegamos em casa todo mundo estava lá. Tia Ellie, Brooke, Voight... E eles simplesmente não iam embora. Parecia que algo iria me acontecer se eles se afastassem e não me deixaram sozinha por um segundo sequer naquele dia. E eu gostava tanto de ficar sozinha, sempre achava que fosse boa em ficar sozinha.

- E o que aconteceu depois?

- No fim do dia, bem no fim do dia mesmo, todos foram embora, minha mãe dormiu e eu não conseguia dormir porque o galo na minha cabeça e a dor no pescoço estavam dificultando tudo e então... Eu tinha me tocado que, nossa, eu estava sozinha. Eles me deixaram sozinha. Eu tinha passado o dia todo desejando estar sozinha e quando fiquei, me senti mal. E eu achava que era boa em ficar sozinha. - meu Deus, como isso me atingiu. Dizer isso em voz alta me pegou de um jeito tão profundo e insano que as lágrimas foram descendo conforme eu falava cada palavrinha.

- De volta ao dia que você caiu... Por acaso você se sentiu envergonhada, exposta ou desprotegida?

- Sim.

- Por que?

- Porque eu sempre quis ser autossuficiente pra mim mesma. Eu sempre achava que podia fazer tudo sozinha e que eu podia me virar e com um simples tombo... Eu senti tanta coisa.

- Pelo jeito que você foi criada, achou que o melhor a se fazer era criar uma barreira e semeando essa vontade desesperada em ser independente e autossuficiente, mas Hayden, estavam todos lá.

- E o que isso significa? - eu ri fraco, passando a manga da blusa no rosto pra limpar as lágrimas - Leya, eu cheguei aqui me sentindo ótima e agora eu não me sinto tão ótima assim. - brinquei entre o riso e o choro manso.

Prelude • Zayn Malik Where stories live. Discover now