17; i'm high, no one's got me quite like you

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Ainda na terça-feira, enquanto Jungkook lia um livro em sua cama com o auxílio da luz do abajur ao lado, o silêncio que cortava a noite foi perturbado por um forte barulho não tão longe de seu quarto.

Não demorou muito para ele entender que era o som da porta do quarto de seus pais batendo, e aquilo se confirmou assim que ele passou a ouvir murmúrios vindos do corredor. Jungkook então deixou o livro na mesa de cabeceira para levantar-se da cama, caminhando hesitante até a própria porta para encostar a orelha sobre a madeira a fim de tentar ouvir o que claramente era mais uma discussão.

Essa parecia ainda pior que as últimas, mas, ainda que apertasse a cabeça contra a madeira da porta, Jungkook não conseguia entender muito bem o que falavam já que o casal aparentemente havia descido as escadas e continuava a somente esbravejar um por cima do outro.

Jungkook pensou em abrir a porta e interferir, mas teve medo, por isso permaneceu onde estava, sentindo a mão que encostava na maçaneta tremer e um nó surgir em sua garganta. Parecia um pesadelo.

ㅡ Que porra 'tá acontecendo?! ㅡ uma voz então surgiu mais alto que as outras. Era Junghyun bem em frente ao quarto de Jungkook, na verdade, devia estar no topo das escadas.

De modo quase involuntário, a mão de Jungkook que estava na maçaneta a empurrou para frente e abriu a porta, mas nem aquilo foi capaz de desviar a atenção de Junghyun; com os pés descalços, o pijama amarrotado e o cabelo amassado, ele olhava para o andar de baixo de maneira irritada.

ㅡ Eu já entendi que vocês estão brigando! Se não querem logo falar pra gente que porra 'tá acontecendo, pelo menos parem de gritar no meio da madrugada! ㅡ embora pedisse por silêncio, ele permanecia gritando.

ㅡ Vai para o quarto, Junghyun! ㅡ a voz da mãe de Jungkook se fez ouvir, mas Junghee não parecia brava, seu tom era triste. ㅡ Você também, Jungkook!

Jungkook prendeu a respiração por um segundo, não sabia que podia ser visto dali. Contudo, ele não a obedeceu.

ㅡ Fiquem aí gritando entre si, eu vou embora. ㅡ o pai de Jungkook falou e só assim ele percebeu o homem na frente da porta de entrada da casa.

Ele então a abriu e saiu, batendo com tanta força quanto havia feito antes com a porta do quarto.

Paralisado, Jungkook viu Junghyun se virar para caminhar em passos pesados de volta para seu quarto e logo em seguida sua mãe se direcionar à porta, chorando ao observá-la fechada.

O menino então respirou fundo e decidiu finalmente tomar uma atitude. Sempre que ele chorava, sua mãe o acolhia e falava palavras de apoio ou simplesmente deixava claro que estava ali para conversar se ele precisasse ㅡ Jungkook sentia que aquela era a sua vez de retribuir.

Ele então desceu as escadas com pressa e no mesmo ritmo foi ao encontro de Junghee, erguendo os braços para envolver a mãe em um abraço apertado. Enquanto ele fechava os olhos, a mulher, que estava de lado para ele, levou a mão direita para os cabelos do filho, acariciando-os para em seguida apoiar a bochecha na cabeça deste, fechando os olhos também.

Os dois permaneceram daquela forma por um tempo e em algum momento Jungkook começou a chorar também. Junghee percebeu quando ele deu um soluço, alarmada, ela se afastou para fitar o rosto do menino e pedir:

ㅡ Não chora, Kook! Isso vai passar!

ㅡ E-eu queria te ajudar, mas não consigo nem ficar sem chorar por te ver assim. ㅡ Jungkook sequer conseguiu olhar para ela. ㅡ Eu sei que meu pai está brigando por você p-por coisas bobas, você não merece isso.

Junghee então envolveu ambos os braços nos ombros de Jungkook, o abraçando devidamente e ainda mais apertado que antes.

ㅡ Está tudo bem, meu amor, não precisa se preocupar. ㅡ a voz trêmula da mulher contrariava sua alegação.

young and in love | jikookOnde as histórias ganham vida. Descobre agora