Capítulo I - Segunda

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Muitas pessoas têm algo supersticioso em suas vidas o qual acreditam trazer sorte ou azar, seja um número, uma peça de roupa, um objeto, um dia da semana... Bom, eu tenho uma letra. A letra F. 

Quer uma prova? Meu nome é Fiona, sou membro da família Fletcher, uma das mais ricas da Flórida – Estado onde fui nascida e criada –, e atualmente estudo Fotografia. Bizarro, eu sei, parece um trava-línguas.

Não posso afirmar se isso me trouxe coisas boas ou ruins, talvez um pouco dos dois. Certamente me presenteou com muita diversão, principalmente por causa do meu nome,  que rendeu muitos apelidos. Já ouvi coisas variadas como: Ogra, Shrek, Verdinha, Feiona, Princesa... Entre outros que são embaraçosos demais para serem citados. Já perdi a conta das vezes que ouvi alguém gritar "faz o urro!" enquanto eu andava pelos corredores da faculdade. Sorte a minha que tenho um ótimo senso de humor - eu precisava ter.  

Porém, para a minha infelicidade, esse não era o maior dos meus problemas. Em meio a todas as palavras com a letra F, o destino resolveu acabar com a minha vida por meio de apenas uma; com somente quatro letras, porém com grandes chances de ser fatal e infelizmente eu não estava falando de fama.  

F-U-C-K. Essa era a palavra que saía com maior frequência da minha boca.  

Todos sempre me dizem: "você é uma moça tão bela para pronunciar tantas palavras sujas!", mas o que posso fazer se, não importa o quanto eu me esforce para evitar, um palavrão sempre define exatamente como me sinto? Como expressar surpresa sem usar "Fucking Hell"? Como dar intensidade a algo sem aplicar "As Fuck"? Sem esquecer, é claro, o famoso "Fuck You", que resolve boa parte dos meus problemas.  

A questão é que pelo fato de eu ser mulher e membro da alta sociedade, dizer expressões como essas ao longo do meu dia-a-dia é quase considerado um crime.  

Principalmente para minha mãe, que precisa manter a imagem de família feliz e muito bem educada. Então ela simplesmente resolveu ameaçar tirar tudo que eu tenho e prezo caso eu não me "comportasse".

Você deve estar pensando: "O que uma garota que passou todos os seus aniversários na Disney tem a reclamar?" 

E eu concordo, de verdade. Reclamar por ser privilegiada nunca fora um costume meu. Normalmente eu diria "foda-se" e ignoraria mais um dos caprichos de minha mãe; no entanto, ela havia posto meu curso de Fotografia em jogo e isso eu não poderia admitir. Sendo assim, eu teria de acatar as ordens dela.

E sabia exatamente quem poderia me ajudar com isso.

Finley Foster, mais conhecido como Finn, meu quase - porque temos personalidades fortes demais para nos darmos bem o tempo todo - melhor amigo. Sim, ele era outra vitima da letra F. Com seus cabelos ruivos naturais, devido sua descendência irlandesa - enquanto eu quase precisava fazer um pacto e vender minha alma a um demônio para manter o tom acobreado do meu, o filho da puta simplesmente tinha nascido assim. Rostinho de garoto respeitoso que vai à igreja aos domingos e pose de badboy. Sempre esbanjando sorrisos encantadores e cavalheirismo por onde passa.

Parece que estou fazendo a propaganda do cara, contudo, lamentavelmente, era a mais pura verdade. Por algum motivo que eu não compreendia, ele era o homem que a maioria das garotas que conheço considera perfeito e o genro dos sonhos de muitas mães, inclusive a minha. Por obra desse fato, ela tentou por anos nos juntar e, graças à Afrodite, nunca deu certo. Visto que ela não conseguia fazer isso sentimentalmente, praticamente nos obrigou a viver juntos, comprando um apartamento para dividirmos quando descobriu que ambos estudaríamos na University Of Central Florida.

Foi um pouco difícil no começo, pois brigávamos quase todos os dias graças ao intenso passado de rivalidade e provocações, mas, com o tempo, aprendemos a conviver em paz e até descobrimos algumas coisas em comum.

The F Word (Concluída)Where stories live. Discover now