Capítulo XI (Part I) - Quinta

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Às seis horas da manhã em ponto sou acordada pelas não-tão-carinhosas-assim mãos de Finn. Confesso que se ele tivesse usado elas em um lugar bem mais ao sul do meu corpo ao invés dos meus ombros, talvez eu tivesse acordado um pouquinho mais bem-humorada. Eu tinha dormido um pouco mais de quatro horas e meia, então meu ritmo estava bem lento, e se não fossem os gritos do ruivo para eu me apressar, eu provavelmente não teria nem saído da cama.

Eu odeio acordar cedo, principalmente em dias que foram feitos exatamente para não acordar cedo, como os feriados, mas o problema é que sempre que vamos para Miami em Dia de Ação de Graças — ou qualquer outro feriado —, optamos por ir de carro, o que dura aproximadamente quatro horas, porque os aeroportos geralmente estão um inferno devido a quantidade estrondosa de pessoas que vão visitar suas famílias em outras cidades, Estados ou até países, então podemos dizer que, apesar do transito e maior duração, a viagem de carro é menos exaustiva, pelo menos para mim que sempre tenho a oportunidade de dar uma cochilada durante o caminho.

Para ser sincera, eu daria tudo para poder ficar em casa, comendo pizza de pepperoni, postando nas redes sociais que não há nada a ser grato por um feriado construído através de genocídio de nativo-americanos e assistindo àquele desfile ridículo com bonecos infláveis que acontece todo ano. Aliás, minha mãe é tão desesperada por atenção que até a parada do Dia de Ação de Graças ela quer sabotar, ela sempre começa o evento entre a manhã e a tarde — que os ricos gostam de chamar de brunch — para todos, até mesmo o prefeito, preferirem ir à festa dela ao invés do desfile.

Felizmente conseguimos chegar a tempo. Descemos do carro, Finn dá a chave ao manobrista começamos a caminhar pelo imenso jardim da mansão da família Fletcher. Minha cabeça parece girar e o sentimento de pânico dentro de mim aumenta a cada passo dado.

— Você parece nervosa — o ruivo comenta.

— É claro que estou nervosa, tenho grandes chances de fazer merda e estragar tudo — rebato.  

— Ei, relaxa, nós trabalhamos e ensaiamos muito para isso, você está pronta e vai se sair bem, Fee.  

Ao ouvir as últimas palavras saírem por sua boca, paro de andar para encarar o rosto do garoto com a sobrancelha arqueada.  

— Você acabou de me chamar de Fee? — questiono, para ter certeza de que não estava ouvindo coisas, e Finn balança a cabeça, afirmando. — Por quê? 

— Porque é o seu apelido? — ele diz como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.  

— Não, é o apelido que Summer me deu e ninguém além dela usa. Você só me chama de "princesa", o que eu odeio, por deboche com o meu nome, nem é um apelido fofo.  

— Olha, se vamos fingir que estamos namorando, precisamos fazer direito, e isso inclui fazer coisas que namorado fazem, como chamar por apelido e andar de mãos dadas. Se quer realmente fazer isso, vai ter ser uma boa atriz por um dia e entrar no personagem. Ainda quer fazer isso? 

Emito uma bufada de ar e balanço a cabeça em concordância, permitindo que ele entrelace seus dedos aos meus, o que estranhamente me dá uma sensação de segurança.  

— Sua mão tá gelada e suando — Finn conclui. 

— Não existe um lugar no meu corpo que não esteja suando nesse momento, até a porra da minha vagina tá suada e não é pelos motivos certos! Eu não acredito que você me fez colocar um vestido rosa! — exclamo, indignada.  

O ruivo emite uma risada e me puxa mais perto pela mão, dando-me um rápido selinho. 

— Se eu não tivesse feito isso, sua mãe faria, e seria bem pior porque ela provavelmente faria você usar algo bem mais extravagante. — O ruivo dá de ombros.  

The F Word (Concluída)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora