Capítulo II - Terça

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Após as aulas pela manhã, encontro-me com Finn no estacionamento para irmos ao mercado — porque não dá para viver a vida inteira pedindo delivery. Na verdade, basicamente vivíamos de comida congelada, pois ambos eram preguiçosos demais para tentar preparar algo comível ou saudável. Eram raros os momentos em que eu me dava ao trabalho de ir até o fogão.

Temos o costume de cada um fazer a sua lista de produtos pessoais e itens que consideram necessários para a casa e ao final nos encontramos no caixa, para dividirmos a despesa igualmente.

Apanho meu carrinho e vou diretamente para a seção mais importante do mercado: Os doces. Encho o carrinho com os mais variados tipos de biscoitos e guloseimas repletas de açúcar, glúten e muito chocolate.

Em seguida, parto para as massas, que era outro ponto fraco meu. Empilho diversas caixas contendo lasanhas, pizzas, hambúrguers, ou qualquer espécie de alimento que para consumir só era necessário esquentar no microondas.

Summer sempre tentava me alertar de que algum dia eu sentiria os efeitos que uma alimentação não-saudável poderia me causar, seja com aquela gordurinha a mais na barriga ou com alguma doença que futuramente se desenvolveria, porém, eu nunca lhe dava ouvidos. Se todos nós vamos partir um dia, eu preferia ao menos morrer sabendo que aproveitei bem tudo de mais gostoso existente no mundo.

Avisto uma pilha triangular de latinhas de coca-cola entre duas seções e me aproximo. Tento alcançar o topo da pirâmide, porém, mesmo que minha estatura fosse mediana, ainda não era suficiente para alcançar as latas de cima, então opto por simplesmente pegar a que estava ao meu alcance.

E foi neste exato momento que tudo começou a desmoronar como as torres feitas de peças de lego que eu tentava montar quando criança e um idiota sempre derrubava — nesse caso a idiota era eu. Várias latinhas caindo e rolando pelo chão em câmera lenta — na verdade, elas caíam em uma velocidade impressionante, mas como eu estava parada igual uma tonta encarando a cena, boquiaberta, qualquer coisa se tornava lento demais dentro do cérebro em pane.

— Puta que pariu! — As palavras saem por entre meus lábios quase como um sussurro.

Antes que minha mente pudesse pifar novamente, minhas pernas estavam correndo o mais rápido que conseguiam em direção contrária a que vim. De repente avisto Finn ao final de um corredor, provocando a sensação de alívio em meu peito meu peito. Desacelerei o passo ao mesmo tempo em que observava com o cenho franzido a cena à minha frente: O ruivo estava recostado à prateleira, ao passo que uma loira vestindo uniforme de líder de torcida praticamente o comia pelos olhos enquanto conversavam. Reviro os olhos nas órbitas e me aproximo.

— Olá, querida, boa tarde! Como vai? Se importa se eu pegar o meu amigo emprestado um pouquinho? Obrigada! — Seguro no braço do garoto e o arrasto para outro corredor, ignorando a feição indignada da loira.

Sem pensar duas vezes, empurro seu corpo contra a primeira coisa sólida que encontro e grudo meus lábios aos seus com ferocidade. Fora mais intenso do que eu planejava, todavia, estava me sentindo desesperada demais para dar importância a isso.

— Agora... Vamos... Embora! — exprimo, ofegante, e volto a agarrar seu braço, guiando-nos em direção à saída.

— Mas eu não peguei nem metade das coisas ainda! — Finn para de andar, desvencilhando-se de mim. — O que você aprontou, Fiona!?

O rapaz me lança um olhar acusador, fazendo que meu nervosismo aumentasse. Começo a andar de um lado ao outro, aflita.

— Fiona!

— Ok... Vamos usar uma situação hipotética: Digamos que talvez, e só talvez, eu tenha derrubado uma pilha inteira de latinhas de coca-cola!

— Você o quê?

The F Word (Concluída)Where stories live. Discover now